Rio+20: "Circo mediático de refundación da nada"

Manifestación en Vila Autódromo Dominio Público Xoán Carlos Lagares

Xoán Carlos Lagares conta en Notícias do Brasil, o blog de Praza sobre o país emerxente, a súa experiencia en Rio+20 e nunha das manifestacións convocadas con motivo do cumio.

Aprendemos a desconfiar das palavras e, no entanto, não podemos fugir aos mundos que elas constroem, às vezes contra nós mesmos. O discurso do poder é uma serpente de mil cabeças; como a Hidra de Lerna, quando cortamos uma, outra surge no mesmo instante. A luta contra o monstro é uma sucessão de rápidas vitorias que acabam se tornando, irremissivelmente, batalhas perdidas. E a derrota começa sempre pela linguagem, na medida em que nos vemos obrigados a habitar espaços de significação previamente demarcados. Para nos acolhermos a eles ou para deles nos distanciarmos, tanto faz. E, no entanto… haverá que continuar cortando cabeças, fazer o quê?

Rio+20: Circo midiático de refundação do nada, grande acontecimento histórico da última semana

A cúpula de chefes de Estado da Rio+20 foi uma dessas grandes encenações em que, como dizia Debord, a verdade é um momento do que é falso. Circo midiático de refundação do nada, grande acontecimento histórico da última semana. Paralelamente, e financiado em parte pelo governo anfitrião do evento oficial, aconteceu uma reunião de movimentos sociais que se identificava como Cúpula dos Povos.

No primeiro dia da cúpula oficial participei numa manifestação na Vila Autódromo, a poucos metros do encontro dos chefes de Estado, acompanhando um amigo especialista em urbanismo, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que ia também com seu filho de 14 anos. Entre cordões policiais, caminhando por uma ampla avenida sem carros, sob uma chuva fina persistente, vi as mil cabeças da Hidra, como num sonho lisérgico, numa enorme piscina municipal, o Estádio Maria Lenk, construída para os Jogos Panamericanos, mas que não poderá ser utilizada para as provas de natação das Olimpíadas porque está aquém das exigências do COI (e por isso, será construído outro parque aquático para a ocasião); numas limusines cor de rosa estacionadas nas redondezas.

A poucos metros do recinto em que os chefes de Estado discutiam sobre sustentabilidade, a Vila Autódromo se apresentava como o exemplo mais evidente de política urbana insustentável

Precisamente, a poucos metros do recinto em que os chefes de Estado discutiam sobre sustentabilidade, a Vila Autódromo se apresentava como o exemplo mais evidente de política urbana insustentável, baseada na exclusão da maioria e ao serviço de poucos. Várias organizações participantes da Cúpula dos Povos, de diversas partes do Brasil e da América Latina, se reuniram ali para reivindicarem condições dignas de moradia para todos, num país em que o maior desastre ambiental é a falta de saneamento básico.

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