O gigante acordou... e quer seguir sonhando

Ao largo dos últimos dias, à medida que os protestos se alastravam pelo Brasil e atraíam a atenção da mídia internacional, várias pessoas se dirigiram a mim pedindo uma interpretação do que está a ocorrer por lá. Pois bem, desde a distância que hoje me separa da minha outra pátria, esta é a minha contribuição para tentar compreender – sequer seja sucintamente – o significado da vaga de acontecimentos que estão a transformar o cotidiano brasileiro, provavelmente por muito tempo.

Estamos perante uma crise de maturidade da sociedade brasileira, que responde a dinâmicas próprias

A minha análise parte de duas idéias essenciais. A primeira é que estamos perante uma crise de maturidade da sociedade brasileira, na qual confluem varias dimensões: a político-institucional (reivindicação de mais – e melhor – democracia), a político-ética (separação da política e os negócios, combate à impunidade), a político-econômica (discussão sobre o modelo de bem-estar) e uma crise de valores políticos – que se poderia resumir na dicotomia institucionalização versus socialização – que permeia todas as anteriores. A segunda é que, mesmo apesar das inegáveis semelhanças quanto à sua gênese e desenvolvimento, a revolta brasileira não é uma réplica mimética de movimentos análogos ocorridos nos últimos anos no Magreb, na Europa e nos Estados Unidos, senão que pelo contrário responde a dinâmicas políticas, econômicas e sociais próprias, como espero que possamos ver ao longo do presente texto.

Não é a Turquia, nem é a Grécia, é o Brasil saindo da inércia

Esta foi uma das palavras-de-ordem dos primeiros dias de manifestações, mas é bom perguntar-se: de que inércia se fala? Seguramente a resposta de cada manifestante seria diferente, como costuma ocorrer nos movimentos espontâneos e de raiz popular, mas devemos fazer um esforço de compreensão, mesmo sendo cientes da impossibilidade de abranger todo o conjunto de reivindicações múltiplas, heterogêneas, contraditórias e às vezes até mesmo antagônicas.

O movimento #VemPráRua assinala o colapso do modelo de crescimento que atualmente orienta as políticas econômicas e sociais

O movimento #VemPráRua – vamos chamá-lo assim, provisoriamente, em ausência de uma denominação plenamente estabelecida e aceite por todos – marca um ponto de inflexão, ao assinalar o colapso social (e portanto, político) do modelo de crescimento que atualmente orienta as políticas econômicas e sociais hegemônicas no Brasil. Vejamos.

A chegada ao governo de Dilma Roussef supôs uma mudança significativa a respeito dos oito anos no cargo de seu antecessor e mentor, Luís Inácio “Lula” da Silva. Enquanto o ex operário liderou um processo de transformação em que primou a solidez das bases econômicas do crescimento, a ex guerrilheira decidiu acelerar o ritmo. Ambos compartilham um mesmo objetivo: crescer para poder redistribuir renda, com um papel preponderante do setor público como líder indiscutido desse processo. E ambos têm méritos que mostrar ao seu povo e ao mundo, notadamente na política exterior, no combate à pobreza e na incorporação de um imenso contingente de cidadãos ao consumo e, com isso, às classes médias, tal como costumam serem definidas no Brasil.

Dilma optou por se apoiar em um crescimento especulativo, incrementando a já notável bolha creditícia da década anterior e originando uma bolha imobiliária e inflacionária

Porém, a diferença entre ambos também é notável. Lula enfrontou o seu primeiro mandato com a certeza de uma liderança eleitoral, social e partidária da qual carece Dilma, e provavelmente isso explica as pressas da atual presidente. Mas... o que mudou? Fundamentalmente, a opção do governo Dilma por se apoiar em um crescimento especulativo, incrementando a já notável bolha creditícia da década anterior e originando uma bolha imobiliária e inflacionária que se encontram na origem das dificuldades da maioria da população para manter o seu nível de vida. A fase final da Copa do Mundo de futebol (2014) e as Olimpíadas (2016) foram o combustível ideal para alimentar essa espiral especulativa, como intuitiva e acertadamente têm apontado os manifestantes. É bem certo que a economia brasileira possui fortalezas macroeconômicas das quais carecem outras sociedades em crise, pelo que seria excessivamente arriscado fazer jogos de paralelismos, mas isso é algo que não muda a percepção social dos problemas aos olhos de uma maioria social incapaz de chegar a fim de mês sem o recurso ao crédito, essa armadilha que tem atrapado tanto as classes médias tradicionais quanto as emergentes.

Há na sociedade brasileira uma série de processos a ocorrerem simultaneamente que é necessário levar em conta para se compreender o que está a ocorrer: o enriquecemento de uma parcela crescente da população coincide com a exclusão de comunidades inteiras de moradores em benefício das corporações imobiliárias; o acesso maciço dos jovens às universidades colide com o esfriamento de uma economia que começa a dar sinais de esgotamento, devido a que foi cimentada em um consumo interno que está a ser agredido pela especulação nos preços dos bens essenciais; o desenvolvimento econômico e social não teve um correlato de transformação no nível institucional nem na correção dos enormes desequilíbrios regionais existentes em um país que alberga vários países radicalmente diferentes no seu seio; e assim poderíamos seguir enumerando conflitos irresolutos que explicam boa parte da contrariedade da população brasileira – e notadamente da juventude, protagonista indiscutível dos protestos.

O Brasil quer ser algo mais que o país do futebol – como o (auto)define a grande mídia desde tempo imemorial – ou a terra do carnaval mais espetacular do mundo. Por isso, para pasmo de próprios e estranhos, a vaga de manifestações foi deflagrada coincidindo com a Copa das Confederações, isto é a prévia da Copa do Mundo de futebol. Todo um sinal de uma nova escala de prioridades que está a prender em amplas camadas ao largo do país.

Tudo, ao mesmo tempo, agora

Não estamos ante uma impugnação mas ante uma vigorosa vindicação da democracia

Esse verso, que deu título a um album da banda de rock Titãs lá pelos anos '80 do século passado, bem poderia servir de divisa dos protestos. E é que os manifestantes pedem uma reforma institucional que aprofunde na democracia, bem na linha da crise de representatividade que percorre o mundo; uma reforma política que garanta o acesso universal a uns serviços públicos de qualidade; e sobretudo, um novo relato no que possam se reconhecerem, já que a legitimidade nascida da luta contra a ditadura militar (1964-1985) não tem mais vigência aos olhos das gerações que nasceram e cresceram sob o regime democrático. Veja-se bem: não se trata de uma impugnação da democracia, como alguns tentam dizer para se livrarem de um movimento que os desconcerta, mas de uma vigorosa vindicação da democracia, entendida não só como mecanismo formal mas como modo de relação entre as pessoas e de gestão da res publica.

O Brasil está a construir o equivalente ao que na Europa do pós-guerra se deu em chamar Welfare State, e as contradições que gera esse processo estão na origem mesma das revoltas: daí que os manifestantes estejam a pedir mais bem-estar para todos, como lógica consequência do discurso de inclusão cidadã que veio se assentando desde a virada do século como um dos grandes vetores da consciência coletiva brasileira. Essa é, de fato, a única grande contribuição até aqui do movimento #VemPráRua no nível do relato sócio-político, já que não tem questionado os mitos fundacionais da nação e mesmo assume a simbologia patriótica como própria – a profusão de bandeiras verde-amarelas e o recorrente canto do hino nacional constituem boas provas disso –. Por agora, o discurso dos manifestantes poderia se resumir em um único valor: o da cidadania como sujeito político determinante, ou, por outras palavras, o todos somos cidadãos e o poder é (ou deve ser) nosso.

Jovens universitários brancos, sem distinção de sexo, são a base do movimento #VemPráRua

Porém, o movimento #VemPráRua também sofre de algumas limitações que não devemos perder de vista, sendo a principal o fato de a sua constituição estar bem longe do que seria o retrato-falado do Brasil. Jovens universitários brancos, sem distinção de sexo, são a base de um movimento que, provavelmente por ter essa origem, ainda não foi capaz de articular um discurso sobre a igualdade étnica e regional, dois dos grandes desafios eternamente pendentes no gigante agora acordado – ainda sendo possível que a extensão dos protestos por todo o país acabe fazendo virem à tona essas e outras questões que até agora foram postas de lado.

O tempo não pára

Paradoxalmente – e esta é uma das coisas que mais a esquerda custa a entender – são os jovens que acederam às universidades graças às políticas educacionais do PT e da sua base aliada quem se revoltam contra um governo do PT. São as classes médias beneficiadas pelas políticas do PT quem apoiam e se somam aos protestos. A tentação de acusar o movimento de estar ao serviço da direita e dos poderes reacionários era demasiado óbvia como para não cair nela.

Mas esse não foi o primeiro erro grosseiro da esquerda. Recapitulemos. Tudo nasceu com o protesto do MPL (Movimento Passe Livre) contra o aumento da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo, governada por Fernando Haddad (PT). O governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB, membro da Opus Dei), ordenou reprimir policialmente os protestos, enquanto nem a prefeitura nem o governo federal esboçavam qualquer reação, a não ser a desafortunada intervenção do ministro de Justiça oferecendo a sua colaboração a Alckmin para reprimir os manifestantes. Nessa altura, a grande mídia tratava o assunto como um simples problema de ordem pública e a rede Globo chegava a comparar os manifestantes com o PCC (Primeiro Comando da Capital), o maior núcleo do crime organizado no estado de São Paulo, enquanto centrava a sua atenção na discussão parlamentar da Proposta de Emenda Constitucional 37 (PEC 37), firmemente contestada pelas associações de promotores por considerarem que promove a impunidade, ao retirar-lhes o poder de conduzir as investigações nos processos penais, e que acabou se incorporando à pauta das reivindicações como um dos assuntos estelares, servindo de ícone do cansaço social perante os escândalos de corrupção que uma e outra vez abalam a esfera institucional, sem distinção de cores partidárias.

A esquerda assumiu o discurso deslegitimador da grande mídia e desistiu não só de participar, mas também de entender o movimento que se estendia pelas ruas e praças do país

A esquerda assumiu o discurso deslegitimador da grande mídia e desistiu não só de participar, mas também de entender o movimento que se estendia pelas ruas e praças do país. Ocorre que o que começou como uma ação espontânea e dirigida a um objetivo concreto acabou servindo de catalisador de muitos outros motivos de descontentamento e se espalhando primeiro ao Rio de Janeiro e nos dias sucessivos à prática totalidade das cidades brasileiras. Só depois de uma semana, os partidos políticos – de esquerdas e de direitas – começaram a tomar a sério um movimento que não parava de crescer. A direita optou por uma dupla estratégia: um realinhamento dos grandes meios de comunicação ao seu serviço, que da noite para o dia deixaram de criminalizar o movimento e passaram a exercerem como seus (supostos) aliados; e uma política de desgaste, disparando para cima, de jeito que todos os focos apontem para a Presidência da República e o Congresso Nacional, ambos dominados pelo PT. Enquanto isso, a esquerda tentou capitalizar um movimento em cuja gênese não participou e acabou escaldada: a onda vermelha que o PT mandou às ruas nesta mesma semana, e à qual se somaram outros partidos políticos à sua esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais clássicos, bateu de frente com uma maré que viu os seus integrantes como um elemento alheio ao ecossistema criado nos dias prévios e como um bando de oportunistas, dando lugar a uma guerra de bandeiras e mesmo a alguns enfrontamentos violentos. Desse cenário à desqualificação do movimento como um instrumento reacionário, antidemocrático e intolerante só há um passo, e a esquerda política, sindical e social não duvidou em dá-lo, com várias das publicações mais progressistas do Brasil a lhes dar eco.

Está por ver se se produz isso que na fase tardia do 15-M espanhol se denominou confluência das lutas ou se, pelo contrário, a esquerda política e social vira as costas de vez ao #VemPráRua

E é que uma das características peculiares da revolta #VemPráRua é que se produz em um país com uma sociedade civil – em processo de consolidação – muito dependente dos partidos políticos. O rico – por tamanho, mais que por densidade – tecido associativo brasileiro, que lidera as lutas setoriais desde há décadas e que muitas vezes substitui o aparelho estatal ali onde este não pode ou não quer chegar, não poderia se compreender sem o contributo do PT, do PCdoB e doutros partidos menores de esquerdas. Essa dependência fez com que nem sequer eles fossem capazes de entenderem o que estava a ocorrer, de jeito que o #VemPráRua se configurou como um movimento muito pouco articulado, ainda mais heterogêneo que a maioria dos seus equivalentes internacionais. Por se tratar de um processo (em) aberto, está por ver se se produz isso que na fase tardia do 15-M espanhol se denominou confluência das lutas ou se, pelo contrário, a esquerda política e social vira as costas de vez ao #VemPráRua, o que na minha opinião representaria um erro colossal. Está por ver, também, se do atual processo surge uma sociedade civil mais forte, com novos mecanismos de intervenção sobre a coisa pública, ou se tudo não passa de uma explosão – relativamente – fugaz.

Uma amálgama de ativistas do hacking, coletivos estudantis e uma grande massa de jovens insatisfeitos foi a protagonista da extensão dos protestos país afora

Acontece que o ciberespaço brasileiro está na vanguarda mundial, como tem demonstrado com farta frequência nos últimos anos. E foi nesse habitat que se produziu o relevo do já mencionado Movimento Passe Livre, convocante inicial dos protestos em São Paulo, por uma amálgama de ativistas do hacking, coletivos estudantis e uma grande massa de jovens insatisfeitos, que protagonizaram a extensão dos protestos país afora. Nos últimos dias, e à medida que o movimento ganhou maior repercussão na agenda do debate público, cada vez são mais setores os que lhe dão o seu apoio, especialmente entre as classes médias ilustradas e urbanas, mas também por parte da população da periferia urbana que sente em carne própria a precariedade dos serviços públicos e a exclusão social. Enfim, haverá que permanecer atentos para saber no que devém este promissor #VemPráRua, que aos poucos vai tentando criar um discurso próprio capaz de aglutinar diferentes reivindicações – mesmo antagônicas, como a crítica à grande mídia (notadamente à rede Globo, ao jornal Folha e ao semanário Veja) e a oposição a um suposto cerceamento da liberdade de imprensa, ameaça que só existe nos delírios da direita mais reacionária – pendentes de síntese.

#VemPráRua, mesmo desde o espontaneismo, está a propor uma politização do debate social como não se via desde a época das Diretas Já

Seja como for, a esquerda política e social precisa realizar uma profunda autocrítica, já que trás décadas pensando que nada acontece nas ruas sem que as organizações de esquerdas o decidam e convoquem, têm que assumir que – afortunadamente – a sociedade brasileira está mais viva do que aparentava. #VemPráRua, mesmo desde o espontaneismo, está a propor uma politização do debate social como não se via desde a época das Diretas Já, que supôs o começo do fim da ditadura militar. Dependerá da capacidade da esquerda para criar novos moldes interpretativos e novos modelos de relacionamento que essa politização vá em uma direção decididamente progressista, como a sua origem aponta; ou que seja passível de aproveitamento pela direita brasileira, uma das mais cruéis e reacionárias do mundo. Porque é claro que a direita tem um enorme interesse em se apossar do movimento, e como não iria ser assim? Dizer que a direita tenta parasitar o #VemPráRua é, por uma parte, uma obviedade sem maior relevância; e por outra, um atestado da incapacidade da esquerda para entrosar com as tendências de que esse movimento é reflexo. Se a esquerda não responde a esse desafio de jeito satisfatório, é bem possível que se estenda a idéia de que não são necessárias mais ferramentas políticas que as que fornecem a tecnologia e as redes sociais, e sobretudo Facebook, o canal privilegiado de difusão do #VemPráRua.

E agora, José?

Recorrendo à fraseologia brasileira, poderíamos dizer que a esquerda está pagando para ver, enquanto a direita está jogando verde para colher maduro. Mas nem tudo é partidos políticos, e o #VemPráRua não deve ser analisado unicamente em termos de cui bono, mais próprios de filmes de suspense que da complexidade de um movimento polifacetado e multiforme, com suficiente potência como para mudar a face do Brasil e ao mesmo tempo com suficientes fraquezas como para não deixar mais rasto que a lembrança do que poderia ter sido.

#VemPráRua é um movimento profundamente político, mas também é lúdico, performático, artístico... É uma demonstração de saúde democrática e de vitalidade social, e nesse sentido constitui a melhor prova do êxito das políticas progressistas da última década: que o povo reclame mais política, mais bem-estar e mais democracia, mais panem e menos circenses, é singelamente a melhor notícia para qualquer democrata, ainda mais se é de esquerdas. Tendo em conta que estamos falando de um protesto em que a política se alia ao humor e à criatividade, devemos concluir que é sinal de normalidade e de maturidade democrática. Se, além do mais, essas demandas provêm da juventude e permitem, por isso mesmo, cimentar umas novas bases de futuro, então a esquerda deveria estar eufórica.

Assistimos a um cenário deprimente, com uma esquerda presa nas suas próprias inércias organizacionais e institucionais, incapaz até agora de acompanhar o ritmo do debate

Muito pelo contrário, assistimos a um cenário deprimente nesse campo, com uma esquerda presa nas suas próprias inércias organizacionais e institucionais, incapaz até agora de acompanhar o ritmo do debate e muito menos de (re)tomar a iniciativa. A única notícia positiva vem da boa disposição tanto de Fernando Haddad como de Dilma Roussef para dialogar com os manifestantes. Bem gestionado, esse pode ser o começo de uma fase ao menos de distensão, mas no fundo tudo passa por uma retificação da aliança entre o governo federal e os grandes agentes especulativos, que estão a absorver o quinhão do leão do crescimento e impossibilitando que a política redistributiva alcance todo o seu potencial transformador.

#VemPráRua constitui um momento histórico, uma crise de legitimidade mas sobretudo uma crise de crescimento, da qual pode sair um Brasil mais democrático, mais ético e mais justo, ou bem um Brasil involucionista e com uma fenda generacional democraticamente irresolúvel. Por enquanto, e à espera de futuros desdobramentos que sem dúvida irão modificar muitas das conclusões que até agora se podem extrair, está tudo posto para um rumo progressista. Só faz falta um bocado de lucidez por parte daqueles que esqueceram donde vieram, esses mesmos que vibravam com os Titãs: que se negavam a escolher uma coisa de cada vez porque reclamavam tudo, ao mesmo tempo, agora; que não queriam nada mais nem nada menos que mudar o mundo, que não se conformavam só com comida, mas também exigiam diversão e arte. Não faltavam motivos naquela altura, e também não faltam agora.

 

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