Motivos para apoiar a #CandidaturaGalega a Europa

O taboleiro de jogo é bem conhecido: CxG formulou a proposta dumha candidatura galega unitária, o BNG busca sócios galegos que se integrem junto com el numha sorte de nova Galeuscat de esquerdas soberanistas e ANova define como prioridade umha entente das esquerdas rupturistas de todo o Estado.

Das três propostas, sem dúvida a do BNG é – sem discutir a sua legitimidade nem a sua coerência – a mais vulnerável, ainda que o curso dos acontecimentos no tocante à política de alianças no resto do Estado pode acabar – ou não – por lhe dar a razão. Os seus pontos fracos são demasiado numerosos e evidentes:

  1. Não tem sentido chamar-lhe “candidatura galega”, como fai o BNG publicamente, a um acordo inicial entre partidos galegos para a seguir se integrarem numha lista encabeçada por ERC ou por EH-Bildu.
  2. A esquerda soberanista galega não deve replicar mimeticamente os comportamentos dos seus referentes em Catalunha e Euskal Herria, pois nesses territórios tanto na esquerda como na direita existem forças políticas próprias comprometidas com processos de conquista da soberania inviáveis em Galícia mentres não se quebre a hegemonia eleitoral dos partidos centrais do sistema, PP e PSOE, o que deveria constituir a prioridade indiscutível de qualquera empreitada soberanista.
  3. É no mínimo duvidoso que boa parte da base eleitoral do BNG adira com entusiasmo a votar junto com ERC e EH-Bildu. A estas alturas, o BNG já deveria ser consciente da distância entre o discurso ativista que promove para o seu entorno mais imediato e o posicionamento – no ideológico e no nacional – dos seus votantes. Alargar essa fenda com a política de alianças, como já está a fazer com a aposta monocorde pola soberania, só contribuirá a continuar o debalo eleitoral e, consequentemente, a debilitar a proposta soberanista.
  4. Insistir no erro de tentar transformar o statu quo institucional de Galícia mediante acordos periféricos, sem incidir na política do Estado, é negar-se a avaliar a história recente. Mais umha vez, o BNG incorre no pecado do mimetismo acrítico: ERC e EH-Bildu podem manter um discurso de ruptura com Espanha porque, ademais de disporem dumha base social independentista muito mais numerosa e madura – fruito de décadas de trabalho – que a existente em Galícia, existem CiU e o PNB, respectivamente. Em Galícia, porém, nem existe tradição de governos nacionalistas; nem houvo vontade política de tão sequera esgotar o texto estatutário; nem se ensaiou a via de reforma do Estado espanhol até demostrar a sua insuficiência; nem contamos com um arco político com hegemonia das forças nacionais em todos os âmbitos do espectro ideológico; nem...
  5. O veto à participação de EU numha coalição de forças galegas é dumha torpeza infinita. Ademais de justificar a acusação de sectarismo, e portanto de fazer méritos para ser percebido como o vilão da história, ao escolher essa via o BNG perde umha oportunidade de ouro de obrigar as forças centrais da AGE a se definirem. Se o BNG fosse hábil, ANova teria enriba da mesa umha proposta que não poderia rejeitar, e que ademais garantiria a sua virada quase unânime cara ao plano nacional, deixando toda a pressão sobre EU. Vejamos: fronte ampla a nivel nacional + programa rupturista no social, no nacional e a respeito da UE + alianças pós-eleitorais com a esquerda transformadora do Estado e do Parlamento Europeu + cabeça de lista sem adscrição a nengumha força política = translação perfeita da proposta de Beiras ao plano nacional, sem excluir a participação de EU nem a interlocução com IU. Nesse contexto, seria EU quem teria que decidir se se comporta como umha força nacional – sem por isso deixar de ser federalista nem renunciar a nengum dos seus sinais de identidade –, antepondo o reforço da AGE – e a sua ampliação, de facto, com a inclusão do BNG e de CxG – à sua fidelidade a respeito de Izquierda Unida. Seria um passo decisivo cara à conformação dum equivalente galego a ICV, com a vantagem engadida de que os sócios menores da AGE (Equo e o Espazo Ecosocialista Galego) poderiam aderir sem problemas a essa entente, cousa que previsivelmente não fariam no caso dumha aliança com Izquierda Unida a nivel de todo o Estado espanhol – Equo integraria-se onde vaia Compromís, e o Espazo previsivelmente tamém.
  6. Um mal resultado eleitoral, quase com certeza inferior em vários pontos ao já magro 9,4% colheitado em 2009, enfraqueceria a posição do BNG de cara a seguintes convocatórias eleitorais e dispararia as pulsões escissionistas em setores de militância independente e sobretodo em Abrente, mui notadamente entre os seus alcaldes.

Descartada a proposta do BNG, polos motivos explicados, ficam em pé as enunciadas por CxG e por ANova. Ambas fórmulas parecem-me positivas, eleitoralmente atraintes e plenamente defendíveis, e é só por umha qüestão de viabilidade – nada menos!  que me inclino decididamente pola proposta de CxG, como explicarei a seguir.


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