John Steinbeck e a antropologia do tractor

1. Campos de batalha

“Mas o tractor fai duas cousas: remove a terra e expulsa-nos dela. Apenas há diferença entre o tractor e um tanque. Os dous empurram a gente, intimidam-na e magoam-na. Temos que pensar nisso”.
John Steinbeck, The Grapes of Wrath

Esta primeira grande mecanizaçom do agro dos paises industrializados respondia a dous factores: a falta de mao de obra tras os massacres e, sobretodo, os interesses dum capitalismo industrial que tinha que continuar a producir como for e o que for

“Como passar da Guerra à paz e como reconhecer as fábricas de armamento em produçom civil?”, perguntavam-se as historiadoras da agromecânica Charlotte e Dominique Pascal. A resposta, após a primeira Grande Guerra, foi passar do campo de batalha ao campo tout court: isso que o permacultor Bill Mollison descreveu como a continuaçom da guerra contra a Terra. Esta primeira grande mecanizaçom do agro dos paises industrializados respondia a dous factores: a falta de mao de obra tras os massacres e, sobretodo, os interesses dum capitalismo industrial que tinha que continuar a producir como for e o que for. Com inusitada rapidez, onde antes se produziam gases e armas químicas, agora fabricam-se pesticidas e demais agrotóxicos; onde antes se construiam tanques de combate, agora montam-se tractores. Na França a Renault desenha em 1920 o seu tractor H.l. sobre a base do tanque de assalto FT. Um ano antes André Citröen, engenheiro dunha fábrica de obuses, ajuda na reconstruçom nacional com o tractor B2. Nos Estados Unidos a entrada de Henry Ford no sector precipita-se em 1917 com a participaçom norteamericana na guerra: seis mil Fordson F. son enviados para suplir os militarizados labregos na campinha inglesa. A retagarda agrária estava a viver a sua própria carreira armamentística.

Com a segunda Guerra Mundial, um novo impulso: a Manufacture d’armes de Paris (MAP) adentra-se na mecanizaçom agrária com o MAP Diesel DR3. Também a Mercedes, que cria o Universal Motor Gerät. No Reino Unido triunfa David Brown, construtor de motores para a marinha británica; e em Áustria, destaca a marca Steyr, vinda, como tantas outras, da industria armamentística. Avonda ver os tractores da época para ver que pouco se diferenciavam dos seus pares bélicos.

 

2. Da terra ao espaço geométrico

“Os tractores vinhérom polas estradas até chegar aos campos, igual que eirugas, como insectos, como a força incrível dos insectos. Raptárom sobre a terra, abrindo caminho, avançando polas suas pegadas, voltando passar sobre elas. Tractores Diesel que pareciam nom servir para nada enquanto estavam em repouso e tronavam ao moverem-se, para estabilizar-se depois dum ronroneio. Monstros de nariz chato que erguiam o pó revolvendo-o com o focino, recorriam a linha recta ao campo, atravessando-o, através dos valados e dos portons, caindo e saíndo dos barrancos sem modificar a direçom. Nom corriam sobre o chao, senom sobre a suas próprias pegadas, sem fazer caso dos outeiros, os barrancos, os regatos, os valados, nem as casas”.

O tractor, emblema da modernizaçom, inscreve-se desde o princípio na narrativa colonial e as suas oposiçons máquina /natureza, homem/mulher, ocidente/oriente, etc…

A Holt Manufacturing Company revoluciona o mundo dos tractores em 1904 ao adoptar o motor Junior Road a umha traçom de tipo eiruga (caterpillar). A próxima revoluçom serán os preus pneus para tractores. Entretanto, un exército de tanques agrários moviliza-se sobre o terreno, modificando profundamente a paisagem. O campo qualitativo dos símbolos uniformiza-se sob umha maquinaria que produz o seu próprio espaço, geométrico e quantitativo. O arado de bois abre as veias da terra, o trator traça linhas com bisturí. Linhas rectas e perfeitas que nom se detenhem nem respeitam nada. A partir de agora, onde remata o caminho e começa o campo? Todo se torna transitável. Em 1914 a Citröen apresenta um tractor com sistema de traçom caterpillar desenhado polo pioneiro Adolphe Kégresse. Mas o Citröen Kégresse apenas é considerado um tractor, é mais bem o primeiro todoterreno, e volve tolos os gendarmes, desbordados com este veículo que se mete por toda a parte.

O tractor, emblema da modernizaçom, inscreve-se desde o princípio na narrativa colonial e as suas oposiçons máquina /natureza, homem/mulher, ocidente/oriente, etc… Quando a partir da década de 50 as mulheres comecem a aparecer na publicidade, nom será como labregas, nem como pin-up automobilística. Há casos como o de Jósephine Baker montada num Map Diesel DR3 polo bois de Boulogne –o refinamento do tractor-, mas sobretodo abunda a publicidade com mulheres para darem imagem de comodidade e manejabilidade; é  caso dos anuncios da Monoculteurs Starb, do Same 240, ou já na década de 60, dos Fiat. “Até umha mulher o poderia conducir”, vem a ser a mensagem do fundo na linguagem machista habitual. Quanto ao atributo ‘civilizador’ do tractor sobre a selvagem natureza, este acentua-se quando se trata de tractores especialmente desenhados para os cultivos tropicais. Nos anuncios do Latil H14, por exemplo, ecoavam todos os tópicos da colonizaçom como dominio do selvagem.

 

3.Concentraçom parcelária

“-Igual que umha maldita fantasma de cemitério. Estivem indo aos lugares nos que passárom cousas. Como, por exemplo, um sítio que há na nossa propriedade; cresce um arbusto numha fondeira. Ali foi onde me deitei com umha moça pola primeira vez. Eu, com quatorze anos, espernejando, dando tirons, resoplando igual que um gamo, tam doente como um macho cabrio. Assim que volvim àquele lugar, deitei-me no chao e sentim como se sucedesse de novo. Também está o sítio, tras do graneiro, onde um touro corneou o Pai. O seu sangue continua ali n aterra. Tem de estar porque nunca o lavou ninguém. E com a mao toquei essa terra da que o sangue do meu próprio pai forma parte. (…) Mas, que conseguírom quando o tractor botou a gente fora das terras? Que levárom por diante para asegurar a sua margen de befefício? Levárom o Pai morrendo sobre a terra, a Joe berrando ao começar a respirar, a mim mexendo-me como um macho cabrio, pola noite, baixo um arbusto. Que conseguírom? Deus sabe que a terra nom vale nada. Ninguém tivo umha boa colheita em anos. Mas esses filhos da puta, sentados nos seus escitórios, partírom em dous a gente pola sua margen de beneficios. Simplesmente cortárom-nos ao médio. Umha parte da gente é o lugar onde vive. Ninguém está completo, ali só na estrada, num camiom ateigado. Já nom están vivos. Esses filhos da puta matárom-nos”.

À sensaçom de desarraigo que sofre o camponês perante a concentraçom parcelária. Perder esse densíssimo marco de referências –a saturaçom microtoponímica é indicadora da sua importância- é ao labrego o que ao citadino a perda do álbum familiar de fotografias

As consequências da conversom da terra em espaço abstrato fôrom abordadas por Manuel Mandianes no caso concreto da concentraçom parcelária da paróquia de Loureses. Os engenheiros e políticos qualificam os labregos de parvos por se oporem à concentraçom, mas estes tinham boas razons para oporem-se: “Queren destruí-los nosos patios, as fontes, van desvia-lo río. Queren facer algo completamente novo; ímonos perder na nova aldea que van facer. Loureses xa non será Loureses, teremos que comenzar todo outra vez. Ademais, desfarán tamén os valados dos patios, xa non haberá hortas”. “O que non querían –explica Mandianes- era que foran destruídos os seus puntos de referencia, unha xeografía sagrada, a súa historia que se confundía coa terra, cos camiños, coas árbores e coas fontes”. As autoridades políticas e os engenheiros, que entendem a terra como umha mercadoria abstracta, eran incapazes de compreender o arraigo da gente de Loureses, aos que qualificavam de “parvos”. Mas a terra para o labrego nunca tem o valor de mercado, a terra é a genealogia espacializada da Casa: eis que por respeito aos velhos nom se poda vencer. Há que desconfiar do que vende as suas terras, diziam em Loureses, “se fai iso, pode facer calquera cousa; o que renega de Deus, renega máis fácilmente aínda dos seus santos”.

À sensaçom de desarraigo que sofre o camponês perante a concentraçom parcelária deve-se a que a biografia labrega noom se inscreve tanto na história quanto no espaço, na terra. Perder esse densíssimo marco de referências –a saturaçom microtoponímica é indicadora da sua importância- é ao labrego o que ao citadino a perda do álbum familiar de fotografias. Ainda, a transformaçom da “geografia sagrada” em quantitativa, introduze o espírito de cálculo que vai erodindo o sentimento do comunal. Em Loureses, como em tantas outras paróquias, a concentraçom parcelária coincidiu com a desapariçom dos trabalhos comunais: “Logo de chegaren as máquinas, xa non houbo trabalho en común, nin reunións; agora é moi raro xuntar a toda a aldea. Antes os homes xuntábanse bastante a miúdo”.

 

4. O cavalo do demo

Com estes textos Steinbeck situa-se nessa longa tradiçom norteamericana que, da democracia agrária jeffersoniana ao The Machine in the Garden de Leo Marx, pasando por H. D. Thoreau, propugna umha especial relaçom com a terra

“As cousas ficárom vazias nos campos e por isso também a terra parecia estar vazia. Só estavam vivos os cabertiços de ferro galvanizado dos tractores, prateados e brilhantes; estavam vivos com metal, gasolina e óleo, os discos refulgentes dos arados. Os faros dos tractores relociam porque para um tractor nom existe nem o dia nem a noite e os discos removem a terra na escuridom e centelheavam à luz do dia. Quando um cavalo remata o seu trabalho e se retira ao graneiro, fica ali energia e vitalidade, fôlego e calor, e os cascos movem-se entre a palha, as mandíbulas cerram-se mastigando o feno e os ouvidos e os olhos estám vivos. No graneiro flota a calor da vida, a paixom e o aroma da vida. Mas quando o motor dum tractor se apaga, fica tam morto como o mineral do que está feito. A calor abandona-o igual que a calor da vida abandona um cadáver.

Depois cerram-se as portas de ferro galvanizado e o condutor vai-se a casa, à cidade, que quiçá esteja a vinte milhas de distancia, e noom necessita volta rem semanas ou meses, porque o tractor está morto. E isto resulta fácil e eficaz. Tam fácil que o trabalho perde interesse, tam eficaz que a terra e trabalhar o campo deixam de produzir emoçom e desaparecem também a compreensom profunda e a relaçom do homem com a terra.

Dentro do condutor do tractor medra o despreço que só é capaz de sentir um estranho que possui escassa compreensom e ao que nom une nengumha relaçom. Porque os nitratos nom som a terra, nem tampouco o som os fosfatos; e a longitude da fibra do algodom nom é a terra. O carvono nom é um homem, nem o som a sal, a água, o cálcio. Ele é todo isso, mas também muito mais, muito mais; e a terra é muito mais que o que revela a sua análise. O homem, que é mais que as suas reaçons químicas, caminhando sobre a terra, torcendo a relha do arado para esquivar umha pedra, soltando a esteva para deixar-se escorregar por umha rocha que sobressai, ajoelhando-se n aterra para almorçar; o homem que é algo mais do que os elementos que o componhem conhece a terra que é mais que umha análise de componentes. Mas o homem da máquina, conduzindo um tractor morto por um campo que nom conhece nem ama, só entende a química; e sente despreço pola terra e por si próprio. Quando as portas de ferro galvanizado se cerram ele vai-se à sua casa, e a sua casa nom é o campo”.

Com estes textos Steinbeck situa-se nessa longa tradiçom norteamericana que, da democracia agrária jeffersoniana ao The Machine in the Garden de Leo Marx, pasando por H. D. Thoreau, propugna umha especial relaçom com a terra, sostén material de toda umha moralidade. Algo disso havia na Galiza tradicional, mas umha diferença explica as diferentes perceçons da maquinizaçom do agro: nos EUA da crise o tractor era o monstro que expulsava os agricultores das suas terras embargadas, era o símbolo do despejo e o latifundio; na Galiza, no entanto, foi o presente envelenado da monetizaçom do mundo labrego e a sua perda de autonomia. O contexto da massificaçom do tractor é o dum franquismo engenheirista que ataca os últimos comunais, impom umha bancarizaçom forçada e cria umha hipertrofia do crédito à vez que obriga à passagem às monoculturas. Assim, já se pode dizer como Thoureau, que a colheita apenas está madura quando se converte em dinheiro. Nas suas conversas com as vizinhas da Ulfe, Julia Varela recolhe polo menos duas testemunhas –as de Josefina e Rosa- de cómo o tractor durante o franquismo encadeava as famílias a créditos e subvençons, à vez que originava conflitos entre as velhas solidariedades comunitárias.

A compra do tractor começou sendo “unha cuestión de prestixio mais que outra cousa, o que explica que se buscara a máquina máis potente e mais grande sin relación algunha coa superficie da terra a traballar”

O tractor na Galiza é um exemplo da utilizaçom dum elemento moderno nas lógicas tradicionais; como conta Sixirei Paredes a propósito de Xavestre (Traço), a compra do tractor começou sendo “unha cuestión de prestixio mais que outra cousa, o que explica que se buscara a máquina máis potente e mais grande sin relación algunha coa superficie da terra a traballar”, entrando numha espécie de potlach que individou gravemente as famílias sem que nengumha ventagem produtiva o justificasse. O Estado, naturalmente, promoveu a compra individualizada –e individualizante-, em contra da tendencia agrarista a fazer um avanço tecnológico comunitarista. O resultado, apresentava-o com retranca Roberto

Vidal Bolanho numa cena de Rastros:

“XAN: Pareceravos incrible, pero agora mesmo temos máis cabalos de potencia por hectárea da labradío nós que os rusos ou que os americanos.
IAGO: E iso que quere dicir?
XAN: En calquera outra circunstancia, que teríamos unha agricultura altamente mecanizada. Pero no noso caso é un puto desastre. A maioría dos tractores están infrautilizados. É coma tirar os cartos”.

Nos seus apontamentos durante o franquismo, Vicente Risco recolhe umha impressom sobre a maquinizaçom: “Botando umha copa de aguardente no mostrador da tenda, onde cheira a azeite e a bacalhau, o paisano fala com delicia da biela da magneto, do palier… A palavra palier pronunciam-na com umha satisfaçom extraordinária: sabe-lhes a mel, sabe-lhes a resólio”; do que conclui Risco que “Há umha necessidade metafísica no facto de que o paisano tenha amor à máquina; presente que o emancipa da terra. Mas este pensamento jamais se cumpre por inteiro (…). De facto, tampouco é um pensamento que estivera aí sempre.

Um maioral agrícola da colonizaçom da Terra Chá –começada em 1957- explicava-lhe assim a reaçom dos labregos galegos, mui diferente à dos cántabros, perante a maquinizaçom: “Ao princípio, quando vinham pedir os tractores para lavrar assustavam-se ao ver umha vertedeira levantar 30 ou 40 cms. de terra e diziam que na sua vida produziria nada, que onde pisava um tractor nom se colheitava nada. O desfazer esse mito custa os seus dias”. Em Xavestre, “Os dous primeiros tractores chegaron no ano 1963, pertencían ao tipo Ebro-55 e causaron verdadeiro arrepío nas aldeas que os tiñan: Oa e A Iglesia”. Polos mesmos anos chegaram a Paiosaco, na Laracha, onde receberam imediatamente o nome de “cavalos do demo”.

Como em praticamente todas as culturas agrárias, a fecundidade da terra relacionava-se com a fecundidade da mulher, sendo esta lógica sexual o trasfundo de muitos ritos e crenças agrárias que se fôrom esvaecendo

Certamente, a terra galega estava envolta e protegida por mitos, mitos que impossibilitariam o atual envelenamento da terra tornada campo de batalha. Como em praticamente todas as culturas agrárias, a fecundidade da terra relacionava-se com a fecundidade da mulher, sendo esta lógica sexual o trasfundo de muitos ritos e crenças agrárias que se fôrom esvaecendo. Como nom se ia escandalizar um labrego perante a violaçom da vertedeira, se até entom concebera a aradura quase como umha cópula ritual? O jogo de “passar as mulheres polo arado” durante a sementeira do milho –que se fazia, por exemplo, em Casa Nova, Gomesende- representava umha cópula simbólica entre a mulher e o arado entendido como enorme pénis, embora nom tivesse na Galiza a solenidade religiosa que tem noutras culturas. Ao pénis do homem chamava-se-lhe também “relha”, e o arado é umha recorrente metáfora do mesmo nas cançons erótico-festivas:

Rapaza se vas arar
a aquela leira do souto,
prestareiche o meu arado
a mailos bois por un pouco
*
Quen quixese ter amores
téñaos cun home casado:
sabe gobernar a vida
e mais temperar o arado.

*

Rapaza se vas arar,
prestareiche o meu arado;
tenche gueifas e penedos,
estache moi aparellado
*
Esta noite fun labrar
e rompeum o aradoiro;
fuxeume a muller da cama
e fun atrás dela en coiro.

Eis também a intimidade entre o capitalismo e o patriarcado. Eis que as mulheres só conduzam o tractor nas casas que nom tenhem homens

Estudos de cosmovisons concretas, como o que fijo J. Rodríguez Campos nos Ancares, descobrem densas inter-relaçons entre a terra, a mulher e os seus cuidades: entre fevereiro e março a terra ancaresa está grávida, por isso nom se rega. Nela nascem os cucharos (cágados) e está cheia de limo, moco como o vaginal da purga da vaca. Di-se que está grávida porque a fecundou o sangue, a água que baixa da montanha. Às fontes que recebem essa água pura da montanha iam as mulheres que tinham dificuldades para emprenhar. Todo o ciclo agrário regia-se polo princípio feminino da Lua, que regulava o sangue da terra e o das mulheres. Mas se a terra de antes da mecanizaçom era umha mulher, a mulher nom poucas vezes era apresentada como terra. De todos os exemplos possíveis, quiçá nengum tam formoso como esta descriçom de Otero Pedraio no Entre a vendima e a castañeira: “… o seu amor e casamento foi con moza de fazulas e ollares como rexidos polas sazóns dos terreos: na boca recolleita cores de mañá e satisfeito ollar de luz de cabaceiro ben acugulado. A invernía e as raxeiras debruzábanse sobre dela como derriba da terra das searas. E no amor era obediente ó luar como os zumes vexetais. Só coa idea de saber ó seu home camiño da feira, tremía como se lle vira nas zocas as raíces ó aire e se lle foran enxoitar. Ela, escascando milho ou enfiando cebolas, íase sumindo e facendo ela tamén froito. O da Canella, ó apertala contra si experimentando a ledicia de abranguer o seu ben e ensoño feito amor e mulher, din que lle falaba:

-¡Miña nabeiriña! ¡Miña terriña lenturenta!”

Eis também a intimidade entre o capitalismo e o patriarcado. Eis que as mulheres só conduzam o tractor nas casas que nom tenhem homens.

 

Na Terra Ancha, 12 de outubro de 2014

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