Touradas na Corunha: transparência e democracia, já!

A vereadora de Cultura da Cámara Municipal nom demorou muito para responder às reclamaçons da plataforma Galiza, melhor sem touradas acerca da necessidade de um referendo na Corunha que verificasse a conformidade dos vizinhos e das vizinhas deste concelho com que em solo da Corunha se celebrem festejos taurinos e, sobretodo, a disposiçom dos corunheses e as corunhesas a que a sua cámara municipal subsídie com quantias milionárias umha festa da que nom gostam na sua esmagadora maioria e que reprovam moralmente.

Quiçá tenha a vontade Ana Fernandes de que a nossa cidade se convirta nisso que nem Paco Vasques conseguiu que fosse, umha espécie de naco de meseta no meio da costa atlántica galega, umha espécie de reserva do casticismo espanhol no Finis Terrae

A resposta da vereadora foi que o governo municipal nom tem em mente ser o responsável de que Corunha “fique sem a sua festa taurina”; umha viragem falsa e demagógica do debate que parece partir da base de que o facto de que a cidade nom tenha umha feira taurina seria um agrávio ou umha injustiça para a cidade.

Nom sei qual estatus ou cachet é o que pretensamente alcançaria Corunha contando no seu programa de festas do verao com umha feira taurina. Quiçá tenha a vontade Ana Fernandes de que a nossa cidade se convirta nisso que nem Paco Vasques conseguiu que fosse, umha espécie de naco de meseta no meio da costa atlántica galega, umha espécie de reserva do casticismo espanhol no Finis Terrae. Evidentemente, qualquer pessoa em ótimas condiçons mentais sabe que a cidade nom pode evitar estar onde está; isto é, na Galiza.

Como será fácil de intuir, entre essa enorme massa de corunheses e corunhesas que rejeitam as touradas (nom é simplesmente que nom gostem) há votantes do Partido Popular, atualmente no governo corunhês, como também os haverá do resto de opçons políticas

Há um inquérito realizado em datas relativamente recentes que revela que 70% dos corunheses e corunhesas som contra de que haja touradas na Corunha. E remarco o de ser contra. Nom se trata de que “nom estejam interessados em” ou “nom gostem de”; trata-se de que rechaçam a ideia de que tal espetáculo se realize na Corunha. Os motivos? Muito diversos: ideológicos, éticos ou da índole que forem… Em qualquer caso respeitáveis. O que deveria fazer refletir ao governo local é o facto de que haja umha percentagem tam ampla de vizinhos e vizinhas do concelho que se manifestem em contra das touradas. Porque se essa maioria é tam redonda e clara, logo nom se tratará de umha teima dos nacionalistas e dos independentistas, nem de umha extravagáncia de ambientalistas e animalistas. Como será fácil de intuir, entre essa enorme massa de corunheses e corunhesas que rejeitam as touradas (nom é simplesmente que nom gostem) há votantes do Partido Popular, atualmente no governo corunhês, como também os haverá do resto de opçons políticas. É umha maioria ampla e diversa, muito mais representativa do sentir geral que o minúsculo lobby pró-taurino que há neste momento na cidade.

É absolutamente incompreensível, pois, que nom se consulte o povo sobre o futuro da feira taurina. Tanto se se quer dar crédito ao inquérito como se nom. A questom é que nem as conjeturas que se podam fazer desde um bando ou desde outro sobre o que o povo poida opinar ao respeito, nem as dúvidas ou certezas sobre a veracidade do inquérito, nem o próprio inquérito (que é do único sobre este tema do que temos notícia) podem substituir a soberania do povo, que tem direito a decidir se quer ou nom quer que haja umha feira taurina na Corunha subsidiada pola Cámara Municipal; mais ainda, incluso tem direito a decidir se quer permitir que se levem a cabo festejos desse tipo cá (ainda que sejam sufragados com dinheiro exclussivamente privados) e naturalmente o governo municipal tem o dever de comprometer-se a agir em conseqüência com o que nesse referendo se decida.

É absolutamente incompreensível, pois, que nom se consulte o povo sobre o futuro da feira taurina

Resulta bastante contraditório termos que estar escuitando todos os dias a todas horas o fórmula da austeridade perante a crise, como justificaçom dos cortes em absolutamente todas as matérias, e também em cultura, e ao mesmo tempo estejamos a ouvir da boca da senhora vereadora que se estám manejando “novas fórmulas” para o financiamento da feira taurina, como a de eximir á empresa concessionária da gestom da feira do pagamento das despesas do uso do Coliseum, ou a assunçom na sua totalidade por parte da Cámara Municipal das obras para converter o Coliseum num “coso” taurino. Porque essas verbas milionárias nom se destinam à promoçom da cultura e da língua galegas? (naturalmente, é umha pregunta retórica; nom esquecim quem é esta senhora).

Há milheiros de atividades que se podem subsidiar que teriam infinitamente mais demanda

Em qualquer caso, há milheiros de atividades que se podem subsidiar que teriam infinitamente mais demanda. Apostar no local em tempos de crise parece o mais sensato: criar circuitos para que os artistas da Comarca podam mostrar o seu trabalho em público e cobrando pola sua atividade; organizar obradoiros de cultura tradicional que incluam música, dança, artesania ou jogos populares; organizar roteiros para conhecermos a história da cidade, o seu património histórico artístico e os espaços naturais da contorna…claro que isso nom vai com a conceiçom de cultura que quem neste momento rege os destinos da cidade tem: umha conceiçom baseada no circo e na propaganda e na lavagem de cérebro coletiva, para que assumamos que somos o que nom somos e que temos que gostar do que nos repugna.

Pola parte que lhe toca à esquerda Independentista na Corunha, seguiremos apoiando toda iniciativa que sirva para denunciar estas práticas crueis, incivilizadas e irracionais e para reclamar que nem um cêntimo público vaia destinado a subsidiar esses espetáculos grotescos.

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