4 notas e umha reflexom para indignadas nom separatistas

1. As passadas e repetidas eleiçons estatais amostrárom outra vez um factor chave para qualquer estrategia de ruptura no regime espanhol. O desenho eleitoral, institucional e mediático do marco do 78 está pensado para a sua imutabilidade sem a aquiesciência dos seus dous partidos principais, da oligarquia à que servem ao cabo.  Velaí a própria lei eleitoral, as províncias como células electivas, as deputaçons caciquis, a engrenagem clientelar de empresas e tramas vinculadas aos dous partidos ou o enchufismo sistemático em oposiçons de qualquer tipo. Todo em combinaçom co monopólio dos principais meios de comunicaçom privados e públicos e coa submissom dum poder judicial ajoelhado perante os interesses políticos do regime. Além das consequências directas de cada elemento, o seu labor conjunto empecendo o exercício da cidadania perpetua a vassalagem eleitoral e um sentido comum forjado na ditadura franquista. Amais de todo este tecido, ainda a capacidade de reacçom do poder perante umha ameaça nom calculada ficou bem demonstrada coa manobra “Ciudadanos” frente à tentativa podemita. Abstrair-se desta realidade e guindar-se a análises políticas correspondentes ao marco dumha democracia liberal idealizada explica o desatino dalguns “teóricos”. Por isso as críticas a umhas classes populares cada vez mais empobrecidas que se abstenhem ou se acolhem ao abeiro precário da trama eleitoral para sobreviver resultam nojentas. Nom só por provirem maioritariamente da classe média partidista que domina a esquerda institucional, senom por reduzir ao eleitoral toda perspectiva social.

2. Depois da experiência de Syriza e do recente referendo do Brexit, a situaçom de endividamento constitucional do Estado espanhol pede a gritos posicionamentos rotundos e pedagogia para socializá-los. Frente a umha UE decadente e impositiva que aspira a alinhar-se coa moribunda economia estado-unidense no TTIP, às esquerdas cumpre-lhes afirmar soberanias e alianças sérias com países BRICS. Nom vai haver políticas sociais que se salvem nem geraçom de emprego digno baixo o respeito à austeridade imposto por Alemanha, a submissom por dívida externa só gera mais dependência e perificaçom.

3. Cumpre confrontar a realidade de que nom há mais identidade nacional espanhola que a unitarista, que a que se afirma inferiorizando outras. O papel de metrópole imperialista histórica condicionou no XIX um nacionalismo agressivo que tivo no fascismo franquista umha das suas expressons mais extremas. Porém, atravessa todas as manifestaçons políticas com estrutura estatal (unionistas na prática) e anula outras dialécticas decote invocadas por elas. Avonda com que a opiniom do regime enarbore o farrapo “rojigualda” contra Catalunha para que o essencialismo espanholista desloque o “cambio” e a “casta” nas conversas dos de abaixo. Mesmamente, o mapa de apoio eleitoral nestas duas últimas votaçons estatais permite-nos reparar em que a proposta construída arredor de Podemos recebe mais apoios nas naçons sem Estado que na maioria dos territórios propriamente espanhóis. Parece evidente que o respeito do direito a decidir, mália a concessom unitarista do seu discurso, tivo muito a ver nessa polarizaçom. Só avonda com escuitar as acusaçons de rachar Espanha contra a formaçom morada que tradicionalmente o regime reservava para os soberanismos periféricos. E é que já o próprio Marx, cem anos antes que Fannon, Said ou Quijano, alertara do mecanismo aplicado naquela altura sobre o proletariado metropolitano contra os periféricos racializados: “cheguei à conclusom de que o golpe decisivo contra a classe dirigente inglesa nom pode ser executado em Inglaterra senom somente em Irlanda." O dispositivo compensatório do domínio partilhado sobre o “outro”, de proximidade à etno-classe dominante, qualquer umha das narrativas abrolhadas da naturalizaçom da colonialidade permitírom historicamente embretemar as contradiçons de classe nas metrópoles. A missom civilizadora sobre os bárbaros sempre serviu para que os explorados se identificassem e aceitassem cegamente a hegemonia dos seus exploradores metropolitanos.  

4. A democratizaçom das instituiçons, a sua transparência e fiscalizaçom popular, devenhem em prioritárias também para garantir umha mínima estabilidade económica. Canda elas, a construçom dum sujeito integrador sobre o que edificá-las. A categoria política de “povo”, frente à económica de “classe operária” ou à parcialidade da “multitude”, ergue-se como o aglutinante predilecto para duas concepçons tam actuais como as de Laclau e Dussel. As diferenças entre eles permitem iluminar estratégias políticas no imediato panorama do Estado. Neste sentido, os laclausianos agem como demiurgos desde um relativismo absoluto que constrói “povo” resignificando partes do discurso hegemónico e empregando as suas mesmas canles de expansom. Para eles, nada vem predeterminado absolutamente e qualquer facto aparece como reinterpretável e incorporável a umha narrativa difusa e flexível para facilitar a identidade comum de múltiplos sujeitos. A ênfase na emotividade e nas imagens alglutinantes que permitam identificar as diferentes narrativas e canalizá-las cara à batalha eleitoral caracterizam a sua praxe. Contemplam-se como um via rápida ao poder institucional do Estado capitalista desde a que ir artelhando “povo” numha relaçom dialéctica coas massas. Pola contra, as concepçons de Enrique Dussel ou Boaventura de Sousa constroem o “povo” analecticamente. Nelas, corresponde-lhes aos diferentes movimentos sociais articular a narrativa aglutinante a partir dos espaços de opressom partilhados  e identificando-se mediante a empatia nos que nom o som. Longe de confrontar primacias nas contradiçons do capitalismo: mulher, classe, etnia, sexualidade... cumpre-lhes construir programa conjunto partindo de que o espaço mulher precária, cigana e homo-sexual, por exemplo, permite unir respostas comuns e achegar luitas numha nova narrativa. Esta perspectiva supera a tradicional dicotomia toma do poder/auto-gestom ao fazê-las complementárias no objectivo comum da liberaçom sem vanguardismos. Assim mesmo, entendem a representaçom como necessária mas baseada no poder obedencial, na fiscalizaçom participativa e nos liderados integradores. Também instam a umha ética nova que deve aparecer na prática quotidiana como exemplo da sociedade que se prentende construir. O processo boliviano surgido da Guerra da Água, os conselhos comunais do último Chávez ou os caracóis zapatistas co mediático subcomandante como imagem nutrem de exemplos esta visom. No contexto estatal, quiçá a comparaçom entre Podemos e as CUP permita identificar melhor estas duas tendências na nova esquerda. Frente à rapidez eleitoralista, o ritmo vagaroso e firme da transformaçom social. Frente à visom estatalista que sacraliza o institucional, a nacional que aproveita as identidades já antagónicas co Estado desde composiçons de classe e territoriais determinadas.

Se partimos dessa blindagem eleitoral e estrutural do regime a nível estatal, entendemos melhor por que as únicas estrategias de mudança que estám a achegar sucessos som as que se desenvolvem em âmbito municipal e também autonómico nas naçons sem Estado. Pola mesma, preferiremos a concepçom Dussel, aproveitando tradiçons democráticas pré-liberais e movimentárias na procura de instituiçons participativas, do que umha Laclau que teime em assaltar, com pés de barro, os céus dum castelo aqui fechado. A reafirmaçom do direito a decidir como naçom frente ao Estado e frente à UE evitará-nos a preocupaçom de salvar as endividadas e corruptas instituiçons do regime coa ideia de reformá-las submetendo-nos paralelamente a Alemanha. O aproveitamento de aglutinantes progressistas já actuantes, como “povo galego” ou “povo basco”, há-nos aforrar o artifício de transformar umha identidade imperialista por excelência num novo sujeito popular que os subsuma. Justamente, a identidade unitária do Estado constitui o principal mecanismo ideológico empregue pola plutocracia espanhola, umha das mais reaccionárias da Europa, para conservar o seu domínio desde o século XIX. A sua superaçom polas classes populares espanholas permitiria clarificar o campo de batalha contra o verdadeiro inimigo comum. Se calhar, graças a Catalunha e à fracassada tentativa regeneracionista de Podemos, hoje enxerga-se mais claramente o que levam advertindo as esquerdas independentistas galega, basca e catalá desde os anos setenta. A maior solidariedade que podemos exercer cos povos do resto do Estado atinge-se derrotando o regime nos nossos territórios. Um governo galego desobediente ao espanhol austericida, que afirmasse desse jeito a nossa soberania, uniria-se à pressom catalá e à basca iminente e estarreceria esta II Restauraçom Borbónica mais que qualquer discurso regenerador ou ideologista.

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