O PP corunhês instrumentaliza o dia do Orgulho

O Dia do Orgulho Gay foi instituído polo movimento gay e, com o tempo e por extensom, polo movimento lésbico e transexual como dia de luita em comemoraçom dos distúrbios de Stonewall (Nova Iorque) em 1969, que enfrentaram  membros da comunidade gay com a polícia. Foi umha revolta contra a repressom implacável e brutal à que eram submetidos os indivíduos que deixavam manifesta a sua tendência sexual “nom correta”, pola sua conduta ou a sua estética. 

Com o tempo o dia do Orgulho foi-se convertendo numha data em que se combinava o aspeto reivindicativo com o festivo. Mas de um tempo a esta parte o aspeto festivo parece ganhar peso sobre o reivindicativo

Com o tempo o dia do Orgulho foi-se convertendo numha data em que se combinava o aspeto reivindicativo com o festivo. Mas de um tempo a esta parte o aspeto festivo parece ganhar peso sobre o reivindicativo. Isto, nom porque o movimento em si renuncie a visibilizar as suas reivindicaçons, mas porque determinados setores nom precisamente amigos da causa gay optárom por apropiar-se da data para despossui-la de conteúdo sócio-político e fomentar que dela fiquem apenas os clichés mais folclóricos.

Neste sentido, nom me penso repetir acerca de outros textos críticos que já aparecérom referindo-se ao circo que a Cámara Municipal corunhesa montou nos Cantons da Corunha (já agora, um ponto de referência para a comunidade gay da nossa cidade) mas sim gostava de sublinhar que a nossa organizaçom se soma de maneira inequívoca a essas críticas, já que evidentemente resulta cínico e insultante que umha Cámara Municipal governada polo PP, umha força política que pujo como umha das prioridades da sua agenda a derrogaçom da lei que possibilita o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo e que apoia (por ativa ou por passiva, segundo convir) os posicionamentos da cúpula da igreja católica a favor da “família cristá” e contra outras formas de convivência, pretenda fazer negócio a costa da cultura do ócio da comunidade gay com a vereadora de Cultura (pessoa notavelmente reaccionária) a exercer de suma sacerdotisa.

A política de “um dia de feira e o resto a passar fame” nom pode servir-lhe nem ao governo local corunhês nem ao Partido Popular para eludir o facto de continuar sendo assinalados como inimigos da liberdade sexual e afetiva das pessoas

Evidentemente o dia do Orgulho (nom porque eu o diga, mas por pura lógica e pura ética) tem de ser umha outra cousa e, de facto, é umha outra cousa. Se as origens estám nos distúrbios de Stonewall, é alí onde está a essência e nom em questons correlativas legítimas, mas que nem podem desviar um evento como o dia do Orgulho da sua natureza reivindicativa.

Rejeitamos portanto qualquer intuito por parte da direita espanhola reacionária de vender-nos falsas “modernidades” e “libertaçons”; a política de “um dia de feira e o resto a passar fame” nom pode servir-lhe nem ao governo local corunhês nem ao Partido Popular para eludir o facto de continuar sendo assinalados como inimigos da liberdade sexual e afetiva das pessoas. Nom se pode permitir que a base de botar mao do talonário (quanto custárom as atuaçons do Dia do Orgulho?) consigam fazer esquecer que o Partido Popular quer desmantelar umha por umha todas as conquistas que a comunidade gay atingiu em matéria de igualdade ante a lei.

Na Corunha, por seu turno, sobram-nos referentes aos que nos remitir no dia do Orgulho, sem necessidade de recorrer a elementos folclórico-subculturais alheios à nossa história

Na Corunha, por seu turno, sobram-nos referentes aos que nos remitir no dia do Orgulho, sem necessidade de recorrer a elementos folclórico-subculturais alheios à nossa história. Nom o digo porque Mario Vaquerizo, artista-estrela do Dia do Orgulho “oficial” corunhês nom tenha direito a trabalhar de bufom do sistema se esse é o seu desejo, mas porque na Corunha há referentes históricos de rebeldia real perante as imposiçons da moral imperante e perante a repressom do estado contra a comunidade gay e lésbica. Como exemplo, sem naturalmente esquecer esse fito histórico de Stonewall, recordarei dous fatos: o protagonizado por Marcela e Elisa no ano 1901: duas mulheres (ainda que umha fazendo-se passar por homem, claro) que  casárom a pesar de que nem estado nem igreja naquela altura permitiam tal cousa.

E, no ano 1980, o protagonizado por dúzias de pessoas que marchárom sem pagar da cafetaria Manhattan, sediada (ainda) na Praça de Ponte Vedra, em protesto pola atitude hostil do pessoal de tal estabelecimento contra as pessoas homosexuais. A esses factos nom houvo seguramente mençom qualquer na festa dos Cantons e esses som os que de verdade devem ser os nossos referentes, nom indivíduos da farándula que utilizam a tendência sexual como bandeira de conveniência mas que nom som, que saibamos, conhecidos pola sua atitude reivindicativa durante a sua trajetória artística.

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