Carta Aberta ao Club Financiero de Vigo

Uma vez mais, o Clube financeiro de Vigo, (CFV: autodenominado agora Círculo de Empresarios de Galicia ainda que usaremos as suas siglas anteriores que também respondem a Casinete dos Forrados de Vigo) volta regalar os seus conselhos a uma cidade que não lhos pediu, e a encarregar-lhe deveres ao governo da Galiza. Depois das suas impresentáveis incursões no mundo da sócio-linguística, agora ditam do que se supõe que sabem: a economia. Aínda que o título oficial do documento em questão é PROPUESTAS PARA LA LEGISLATURA 2012-2016 GALICIA. Círculo de Empresarios de Galicia Enero de 2013, o documento em pdf que se podía descarregar na primeira edição levaba um título mais resumido e explícito: Documento Feijoo013: os deveres para Feijoo.

Depois das suas impresentáveis incursões no mundo da sócio-linguística, agora ditam do que se supõe que sabem: a economia

Isto faz-se após uma já fatigante justificação do seu papel como dirigentes da sociedade a pesar de não terem sido apresentados a alguma eleição nem votados. Dizem que "asumimos, como siempre, nuestro compromiso activo como parte de la sociedad civil que reivindica el esfuerzo colectivo, y apela al concurso y acuerdo políticos". É dizer, eles são os que reivindicam o esforço colectivo desinteressado fronte ao suposto individualismo interessado de todos os demais, ou seja, nós mesmos/as; e ademais as suas posições representam o acordo político, que será baixo os seus pontos de vista. Em caso contrário, não há acordo. Curioso... Por não dizer aberrante.

Já que lhe põem os deveres a Feijoo, resulta inevitável revisar as qualificações do curso anterior. O(s) autor(es) demonstra(m) uma impressionante pedagogia pois o aluno mais tarugo recebe uma repreensão bastante suave. Lamentablemente, no hemos ido a mejor. Como se diz agora: "Necessita melhorar".

Tão positivos são com o aluno atrasado que, apesar de serem os que apelam al concurso y al acuerdo político, para evitar a frustração e depressão do tarugo da aula, lembram-lhe a este que os outros, os da actual oposição ademais eram uns bandidos

O que não se entende demasiado bem, é que se não se ha ido a mejor, insistam nas receitas que (para deixar já o eufemismo) nos afundiram na merdé: "De ahí que en estos momentos, cuando Alberto Núñez Feijóo afronta de nuevo otra legislatura, sigamos insistiendo en algunas de aquellas medidas". Tão positivos são com o aluno atrasado que, apesar de serem os que apelam al concurso y al acuerdo político, para evitar a frustração e depressão do tarugo da aula, lembram-lhe a este que os outros, os da actual oposição ademais eram uns bandidos:

"Pero, así como los gastos suntuarios y superfluos y el descontrol de ejercicios pasados están íntimamente relacionados con la situación actual..." Ou seja: os outros passavam o dia privando mojitos em Cuba e deitados nos Audi e deixaram isto feito uma desfeita para o pobre Feijoo... Não vamos lembrar as fotos e abraços de vocês, cavalheiros do Casinete de Forrados de Vigo, no interior das suas torres, com Castrillo, Quintana, Touriño e Beiras, só por imensa vergonha alheia.

Mas é por aqui que chegamos ao ponto central: también un recorte excesivo en el apoyo a la economía privada y un incremento de la presión fiscal sobre los contribuyentes pueden prolongar por tiempo indefinido la recesión. “Em resumo: Quê há do meu, Senhor Feijoo” “Já deixamos claro que os descamisados que governaram antes de você deixaram a caixa com teias de aranha, assim que agora os que têm que apandar são os culturetas, professores e médicos que para isso eram os seus amigos. Mas a economía privada nem tivera a culpa, nem partilhara aquelas bacanais de comunistas. Por tanto, as queridas subvenções dos conseguidores deveriam seguir chegando, livres de impostos e de manchas”.


Análise do Documento

O documento que chamaremos Feijoo013 consiste definitivamente numa enfiada de abstrações e utopias, que dão a impressão de que quem a escreveu o fez baixo os efeitos dalguma droga. É motivo de imensa preocupação para a cidade de Vigo e para toda Galiza que o presidente do Governo galego seja recptivo a estas desatinadas propostas.

Para estes indivíduos a tragédia humana de uma terra rica que expulsa população e tem um crescimento vegetativo negativo não passa de ser uma causa agravante do decrescimento económico que míngua a entrada de dinheiro nos seus bolsos

Aos autores de Feijoo013 parece preocupar-lhes muito a "dependencia creciente de Galicia" da que são mostra "los últimos desplomes demográficos, debidos a la baja tasa de natalidad y al éxodo juvenil". Para estes indivíduos a tragédia humana de uma terra rica que expulsa população e tem um crescimento vegetativo negativo não passa de ser uma causa agravante do decrescimento económico que míngua a entrada de dinheiro nos seus bolsos.

Senhores do CFV: a perda de população é consequência, não causa da crise. Sabemos bem que a sua ideologia paleolítica considera a reprodução humana como uma fonte de mão-de-obra barata para aumentar o beneficio das empresas e o PIB do Estado. Mas a gente tem e cuida das crianças se o pode fazer. Onde há cortes sociais e empobrecimento não há crescimento humano, é dizer, dos seres humanos enquanto tais nem do seu número, ainda que, como pode acontecer e aconteceu no passado, medrem os benefícios das empresas e o PIB.

Se o que lhes preocupa é a "dependencia creciente de Galicia" é bem fácil: declarem-se independentistas

Mais ainda. Se o que lhes preocupa é a "dependencia creciente de Galicia" é bem fácil: declarem-se independentistas. E não é uma arroutada. Euskadi e Catalunha podem ser independentistas porque já são independentes economicamente. Ambos têm um empresariado e uma burguesia industrial própria e um sistema económico que pode ser viável sem a Espanha, que o único que lhes proporciona é imposto.

Não acontece o mesmo nestes lares. E vocês sabem-no. Galiza está plenamente inserida no sistema capitalista espanhol. Com muito honrosas exceções, as nossas empresas não estão sustentadas nesta rica Terra, mas numas indústrias dependentes e subsidiárias das que têm fora a sua sé fiscal e o seu centro de decisões: especialmente, os sectores estratégicos, automoción y naval.

Por tanto vocês, são uns patéticos cães de guarda desse poder. E preocupa-lhes a dependência do País só porque nesse sistema no que estamos inseridos levamos o caminho de sermos realmente deficitários. Consideramos que têm vocês a mínima inteligência para saber que a estas alturas Galiza não o é se valoramos todas as variáveis. Não preciso citar estudos, que os há, e mais sérios e sólidos que os seus. Vocês têm já essa informação. Sabem onde? Efetivamente: na vida real. Sabem perfeitamente que se Galiza fosse deficitária, Espanha não teria piedade nem caridade com vocês. Deixariam de obter pola face essas prebendas que o Estado lhes dá para cuidarem da sua colónia. Nem vocês são parvos nem a Espanha o é. Então, poupem o considerar-nos parvos aos demais.

Não lhes preocupa nem as pessoas, nem que Galiza e Vigo poderiam criar modos de economia realmente sustentável

São vocês uns desgraçados, porque olhando a ruína que se aproxima, que apenas acaba de começar, e que causará um sofrimento terrível a centos de milhares de pessoas, de vigueses e de galegos como vocês, a pais e nais de família que já não podem levar ceia à casa, a vocês só lhes preocupa o dinheiro que deixarão de ganhar e o poder relativo que hão perder no sistema. Não lhes preocupa nem as pessoas, nem que Galiza e Vigo poderiam criar modos de economia realmente sustentável.

E já que falamos de alimentação, sabem que em Vigo há gente com sentido mais empresarial que vocês? Empresários que puseram terras vazias em aluguer para que se cultivem e proporcionem um suplemento às economias? É uma volta às economias mistas ou simbióticas, que como sabem é uma das causas de que Citroen se instalasse na nossa cidade. Eles tinham os seus motivos (controlo com sindicatos amarelos) mas a realidade é que o proletariado puro nem é conveniente nem necessário numa Terra rica como Galiza e a comarca de Vigo.

Uns líderes empresariais de verdade estariam já pensando neste tipo de economia mais adequada para nós, e por tanto mais sustentável: nas cooperativas que dão emprego no mundo a mais de 800 milhões de pessoas, nas explorações em mão comum... Todas elas fórmulas que resistem mais e melhor o empobrecimento que causa o sistema capitalista puro que vocês defendem dentro da nación.

Sabendo que o caminho que levamos só criará mais dependência, desesperação e pobreza, ainda têm a imensa cara-de-pau de cifrarem toda a esperança da economia de Vigo e Galiza nas promessas eleitorais baratas do seu querido Conseguidor

E são vocês uns desgraçados ainda por outro motivo. Porque confessando qual é o seu interesse real na "não-dependência" da Galiza, sabendo que o caminho que levamos só criará mais dependência, desesperação e pobreza, ainda têm a imensa cara-de-pau de cifrarem toda a esperança da economia de Vigo e Galiza nas promessas eleitorais baratas do seu querido Conseguidor: "la fabricación de nuevos modelos en la planta de PSA Peugeot Citroen, la ansiada resolución del conflicto del ‘tax lease’ y el posible cierre de contratos con PEMEX y con otros armadores americanos, podrían contribuir a recuperar el importante peso de las exportaciones gallegas". Insistimos: é motivo de funda preocupação que exista algum governante no mundo que escute estes argumentos sem se ruborizar. Se esse governante é o nosso, a preocupação converte-se em horror.
 

Medidas económicas

Ao lermos este apartado, só podemos concluir duas possibilidades: ou os escritores deste desatino reduziram a percentagem de pureza de marijuana nos porros que fumaram; ou aprovaram os cursos universitários da mesma maneira que qualificam e põem os deveres ao seu aluno: o presidente Feijoo. Diz o estudo: "Hoy, la prioridad principal debe ser complementar la consolidación fiscal con medidas que respalden el crecimiento, especialmente, una política monetaria muy laxa y reformas estructurales". Logo veremos o grau de alucinação no que deviam estar na proposta de reformas estruturais na administração. Vamos por partes.

A consolidação fiscal é um término de moda que o que vem dizer é que os orçamentos dos Estados não podem ser deficitários. É outra maneira de denominar o conceito que elaborou a ideologia ultraliberal do défice zero, que dado que não há mais ingressos, do que se trata é de cortar gastos. Casualmente os cortes se fazem nas partes mais débeis da sociedade: na sanidade e na educação, e vêm ditados por aqueles que prestam (FMI, BCE, CE), que já estão de saco cheio de verem como o seu dinheiro se esbanja em partidas tão intoleráveis como dar de comer as crianças. Por isso muitos dos cortes da troika são para dar uma lição a essas sanguessugas e que tenham muito cuidadinho.

A ver, que esfregamos os olhos: dizem que há que chegar ao défice zero e na mesma linha dizem que a política monetária deve ser muy laxa

Um efeito que o próprio FMI fez notar é que colocar os países ao borde do abismo tem muitos inconvenientes, um dos quais é que não possam cobrar a dívida, pois se não há crescimento, não se gera nunca riqueza, não há ingressos, e a dívida não se cobra.

Mas se os cérebros privilegiados do CFV querem ser mais papistas que o papa, é cousa deles. O que resulta de tudo delirante é que na mesma oração dizem tudo o contrário, pois dizem que a consolidação fiscal deve ser complementada con medidas que respalden el crecimiento especialmente, una política monetaria muy laxa. A ver, que esfregamos os olhos: dizem que há que chegar ao défice zero e na mesma linha dizem que a política monetária deve ser muy laxa.

A política monetária laxa é um instrumento que tem uns efeitos devastadores na inflação com tudo o que supõe de suba de preços e empobrecimento social. Basicamente consiste em ampliar sem limite a quantidade disponível para prestar aos bancos. É dizer, trataria-se de criar mais dinheiro. Isto não se faz, como propugnava David Bisbal para acabar com a crise, dando-lhe mais à máquina dos bilhetes, mas aumentando o dinheiro bancário, ou dinheiro em circulação. O efeito é o mesmo: uma inflação galopante que os alemães lembram com pânico como o momento prévio ao nazismo e à Segunda Guerra Mundial, e que é porém uma das razões (não a única nem a principal) da disciplina bismarkiana que está a asfixiar o sul da Europa. Senhores cérebros-grises do CFV: não se pode dizer uma cousa e o seu contrário. Mas sobre tudo, não se pode ir de guay apontando-se ao ultraliberalismo mais selvagem e a seguir invocar já não o keynesianismo, mas o relax ou cachondeo monetário. Sigamos a pista desta contradição nas medidas que propõe o CFV para reativar a economia (ainda ficam as suas delirantes medidas administrativas, não esquecemos):


"1. O IGAPE: Tiene que volver a ser, además, un instrumento fiable para las empresas, en cuya ayuda se debe volcar.

2. Avales de la administración a empresas viables con problemas coyunturales de financiación.

En palabras del presidente Núñez Feijóo, la Xunta de Galicia concedió 2.500 avales en los últimos tres años y medio, frente a los 58 de la legislatura anterior. Responde así a un serio compromiso con las políticas industriales y económicas que está impulsando la Xunta de Galicia. Es preciso seguir avanzando en esa dirección.

3. Apoyo a sectores estratégicos en dificultades. Automoción y naval se han resentido de una manera especial durante esta crisis. Si bien todo parece indicar que la fabricación de nuevos modelos en la planta de PSA de Vigo comenzará a revitalizar la producción en 2013; y que el nuevo ‘tax lease’, junto con posibles contratos con PEMEX y armadores sudamericanos, aliviará la dura situación que está atravesando el sector naval, conviene estar atentos a cualquier eventualidad tanto en estos como en otros sectores considerados estratégicos, y actuar con rapidez"

É que creem que não é "vox populi" que o IGAPE perdeu não a sua fiabilidade, mas a súa legalidade por formar parte da trama caciquil que o CFV quer assegurar para si?

Aaaamigho. Este era o tema: "QUE-HAY-DE-LO-MIO??" O Estado, ou a Junta, deve cortar em proteção social para chegar ao défice zero, mas aos amiguinhos empresários que predicam o ultraliberalismo há que seguir dando "avales", "ayuda", "apoyo". A Escola de Chicago e Hayek são os profetas, mas o  conseguidor tem que seguir com o seu. Não eram os outros uns boas-vidas que esbanjavam a mãos cheias? Agora são culpáveis de dar "só" 58 destes regalinhos fronte aos 2.500 de Feijoo? É que nos tomam por parvos??? É que creem que não é "vox populi" que o IGAPE perdeu não a sua fiabilidade, mas a súa legalidade por formar parte da trama caciquil que o CFV quer assegurar para si?

É que esses 2.500 avais que dizem que en palabras del presidente Núñez Feijóo, la Xunta de Galicia concedió en los últimos tres años y medio serviram para manter vivas as empresas e o trabalho? Não: serviram para ir tirando dous anos mais a conta do dinheiro de todos para pagar aos provedores e os bancos (os que se supõe que se dão crédito é por que assumem riscos) e ter contentes aos sindicatos. Passado esse tempo, quando já não ficam na empresa nem as canetas, faz-se um ERE, os empresários para casa com a pasta e os trabalhadores à rua. O caso de Maderas Iglesias é um dos mais ofensivos à inteligência, mas não o único, por desgraça.

É o grande secreto de Vigo. Não o contem por ai: toda essa epopeia do Vigo industrial e empreendedor tem muito de conto.

O último ponto, Apoyo a sectores estratégicos en dificultades. Automoción y naval conecta com o que vem a seguir e daria para um livro: Novagalicia.
Como sabem, a história das caixas galegas é bem triste. Um dos instrumentos de poupança e desenvolvimento que tinha o país acabou afundido. Como pode ser que uma caixa que tinha a melhor rede comercial da Galiza, com uns directores de oficinas que sabiam até a cor das cuecas dos seus clientes acabasse assim? É o grande secreto de Vigo. Não o contem por ai: toda essa epopeia do Vigo industrial e empreendedor tem muito de conto. Aqui o que havia era uma camarilha (não daremos nomes: todos sabemos) que conseguiam da Grande Vaca bons créditos a baixos juros e com muito risco para outros. E assim foi até que a Grande Vaca palmou. Além de estrangular, deixando sem instrumentos financeiros àqueles que sim são empresários honestos, ou clientes estafados, caiu com toda a poupança dos trabalhadores e pensionistas galegos. Dramático, não é? E que é o que lhes preocupa a os cavalheiros do CFV que faziam parte da camarilha? A que já o adivinharam:

"Así las cosas, y ante el plan de recapitalización pública que prevé su próxima privatización, la apuesta de su futuro debería pasar por el mantenimiento de su identidad y su sede en Galicia. Unido a lo anterior, cabe apuntar que la obligación de centrar preferentemente el crédito en pymes y familias, impuesta por la Comisión Europea, ha de derivar en la creación de valor del ahorro gallego, que debe reinvertirse en el territorio y no impide que el Banco siga contribuyendo activamente al desarrollo de la economía de Galicia".

Este alegado tão comovedor e patriótico... a quem vai dirigido? Os fundos de investimento que comprem as caixas galegas não importam um pingo de todo esse discurso de reinvertir en el territorio (quer dizer: nas empresas dos amiguetes do CFV). Esse tipo de fundos de investimento não gostam desses jogos patéticos de caciques de província. Para eles Feijoo é... o que é. Só lhe interessa a pasta. Igual que aos do CFV.

Se algum dia volta haver uma oportunidade para ter um sistema de poupança e financiamento galego, gostaríamos que tivesse duas caixas: uma para a poupança e uma remuneração mais baixa; outra com remuneração mais alta para financiamento

Se algum dia volta haver uma oportunidade para ter um sistema de poupança e financiamento galego, gostaríamos que tivesse duas caixas: uma para a poupança, com uns fundos intocáveis (um hard core de verdade) e uma remuneração mais baixa; outra com remuneração mais alta para financiamento, com direção e critérios transparentes para que quem metesse dinheiro ai fosse sabedor e corresponsável dos riscos. O de agora é um casino. O de antes foi o seu casino.


Medidas administrativas

É neste ponto onde as contradições se fazem insuportáveis. Até tal ponto que nos perguntamos se estamos ante um discurso nazista, onde as pessoas e as comunidades não contam nada, ou, no melhor dos casos, numa nova e terrífica tomada de substâncias alucinogénias por parte de quem fez Feijoo013. O capítulo começa com um aviso a navegantes: "Son varios los países europeos que en estos momentos están planteando cambios en su organización territorial. A Grecia le fue exigida la reducción de sus 1.300 municipios a 340 por el Fondo Monetario Internacional"

Depois a proposta: eliminar concelhos: "315 ayuntamientos gallegos, 200 tienen menos de 5.000 habitantes, el umbral mínimo, según los expertos europeos, para alcanzar la suficiencia financiera y, en consecuencia, un aceptable nivel de calidad en los servicios que prestan a los contribuyentes".

Não podia faltar a adulação a Feijoo: "La Xunta de Galicia ha dado ya algunos pasos en esa dirección". Mas como é sabido que a fusão de concelhos decretada por Feijoo foi uma desfeita, onde os seus próprios alcaides se negaram, há que justificar o aluno tarugo e de passada, insistir na receita: esta vez com tratamento de choque:

"No obstante y como sucedió en la mayoría de los países europeos donde, ya hace muchos años, se produjeron profundos procesos de fusiones municipales, tanto la toma de decisiones como la evolución posterior en los distintos niveles institucionales, están siendo sumamente lentas y han de afrontar los problemas previsibles: vecinales- por la vinculación de la población al territorio propio, frente al limítrofe- y políticos- las fusiones o anexiones implican reducción de gobiernos municipales y, con ello, de alcaldes y concejales".

É falso que “na maioria de países europeus” se produziram fusões municipais. Estas vieram dadas no sul de Europa por imposição do FMI como vocês mesmos reconhecem

Primeira questão. É falso que “na maioria de países europeus” se produziram fusões municipais. Estas vieram dadas no sul de Europa por imposição do FMI como vocês mesmos reconhecem. Nos países desenvolvidos como Suíça e Inglaterra faz-se tudo o contrário: descentralizar o poder para dar-lhes mais competências às comunidades de base: isto gera verdadeira poupança, controlo dos recursos e eficácia.

Segundo: o que para vocês são problemas vecinales, tem outro nome: democracia. Evidentemente qualquer ser humano tem vinculación al territorio propio frente al limítrofe. Os nativos do Amazonas estão vinculados ao seu território: não querem ser expulsos para que uma fábrica gasísta destrua as suas vidas. O mesmo acontece aqui na Galiza, por exemplo no Corcoesto. Ah, é verdade. Vocês não gostam dos exemplos dos índios em tapa-rabos, forem galegos ou brasileiros. Ponhamos outro exemplo: a emigração que tanto lhes preocupa (essa sim, pois é de mão de obra). Outro: os polacos que em 1939 foram convidados a se anexionar a Alemanha estão também vinculados al territorio propio, e não ao territorio limítrofe que lhes foi proposto para poupar austeramente.

Ponhamos outro exemplo definitivo: uma cita de vocês que devem lembrar: "Unido a lo anterior, cabe apuntar que la obligación de centrar preferentemente el crédito en pymes y familias, impuesta por la Comisión Europea, ha de derivar en la creación de valor del ahorro gallego, que debe reinvertirse en el territorio" (próprio ou limítrofe? Galiza ou Espanha ou a UE?)

Naturalmente, antes de chegar às forças da ordem para que executem o despraçamento do territorio próprio ao limítrofe, há que vencer "la susceptibilidad de ciudadanos y políticos a la hora de valorar la fusión como una absorción, con todo lo que ello conlleva, por parte del más pequeño". É por isto que antes de sacar os blindados, como somos seres civilizados, há que dar uma oportunidade à paz: una labor didáctica intensa y a actuar con la suficiente sensibilidad, sobre todo en los primeros casos

Terceiro: esses problemas políticos que vocês mencionam têm fácil solução. Que os cargos políticos não cobrem, e que a democracia seja direta e não representativa. Vem? É fácil. Claro que isso seria um desastre para os senhores do CFV, pois a classe política profissional a todos os níveis forma parte do seu mesmo sistema económico de dominação e desumanização. Por isso, como agora o pastel é mais pequeno, há que fazer EREs no Estado ainda que seja a costa da democracia e a representatividade, e da vinculación al territorio propio.

"No hay, sin embargo, argumentos- más allá de los identitarios, subjetivos- para mantener el actual ‘statu quo’. Y sobre esta cuestión, tal vez debería recurrirse a las diputaciones provinciales (por su implicación en la política municipal de los ayuntamientos más pequeños) para que promuevan, en el seno de las corporaciones municipales, las fusiones"

Já estamos outra vez com o tedioso discurso do identitário que os assépticos senhores do CFV utilizam para impor as suas políticas etnocidas: antes com o idioma. Agora directamente com as populações. O objectivo final é reforçar as deputações, autênticos ninhos de esbanjamento, arbitrariedade e corrupção; alheias ao controlo cidadão e resíduos do franquismo. Com que fim?

"Fuera de toda duda está que esas fusiones acarrearían mayores servicios y de más calidad a los habitantes de dichos municipios, profundizándose así en los principios constitucionales de igualdad de derechos; además de mayores ingresos, vía Participación en los Ingresos del Estado, que priorizan a los ayuntamientos de mayor tamaño"

Esta é a fim. Seguir caciqueando dos conseguidores. Nem merece a pena continuar glosando. Isto explica-se por si mesmo. Do que se trata é de conseguir prebendas do Estado através de decisões arbitrárias de cima para abaixo, circuitos obscuros e orçamentos sem controlo. Os “cidadãos” que paguem impostos e calem. O mais impressionante é que se ponha em Feijoo013 o exemplo de Madrid, cuja divida, que pagamos todos ascende a 1.050 milhões de Euros. Todo um exemplo de eficácia e participação.

 

Ordenação territorial

Como salva final temos as recomendações destes cavalheiros para os Planos Gerais de Ordenação Urbana. Qualquer viguês sabe de que estamos a falar polo que os cavalheiros deviam ter um mínimo de pudor. Mas quem disse medo? Eles são os poderes fácticos (boticário, cura e guarda civil) desta vila, e não se cortam com nada.

Após terem destruído o património arquitetónico vigués e os meios de vida de uma grande parte da população, dado que a crise económica paralisou o ladrillo da nossa cidade, há que ir rapinar a vilas mais pequenas. Para isso há que eliminar todas as regulações ecoambientais, arqueológicas, sociohumanas... O único que importa é crescer, dinheiro rápido, principalmente para eles. Terminamos com uma frase que nem merece comentário:

"La adaptación de los planes generales de ordenación urbana sigue siendo un problema especialmente para los municipios más pequeños. Funcionarios y profesionales del sector coinciden en señalar la complejidad normativa, que repercute en retrasos de expedientes, cuando no su paralización por exigencias nimias, en el caso de las licencias; y en el elevado número de informes sectoriales que implica la tramitación de un Plan General y que retrasa su aprobación. Y esto, que en los municipios más grandes se va sobrellevando, resulta de una dificultad casi inasumible para los más pequeños".

Cada dia estamos em Vigo mais fatigados das duas parvoíces. Nem jornais que antes lhes davam portadas (com os seus ataques ao galego conseguiram várias) lhes fazem caso agora

Em conclusão, o CFV devia tomar nota daquela frase que diz mais vale calar a boca e parecer parvo, que abri-la e despejar dúvidas. Cada dia estamos em Vigo mais fatigados das duas parvoíces. Nem jornais que antes lhes davam portadas (com os seus ataques ao galego conseguiram várias) lhes fazem caso agora. Só informa deles um que regalam nos bares. São patéticos além de imorais. Vergonha daria estar somo sócio desse casinete. Escandaloso que instituições públicas como a Universidade de Vigo formem parte dele. Haveria que revisar em que momento aconteceu isto, pois o CFV definitivamente faz-se merecedor do desapreço absoluto da cidade

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