História dumha (pequena) vitória “bolxevique”

Andam as marés revoltas perante a proximidade do vindeiro plenário e bem se sabe que o mar, ao mais amigo, logo o pom em perigo, polo que é preciso fazer memória denantes de submergir-se em tam ignotas águas...

Decidim-me a redatar este texto após do resultado, previsível, do Conselho das Mareas celebrado a começos de abril, perante o desconcerto e a desinformaçom, mais bem contra-informaçom, imperante sobre o sucedido na altura e a guerrilha quinta-colunista que está a bloquear, desde entom, a evoluçom normal da unidade popular sob o mandado da Coordenadora democraticamente eleita pólas pessoas inscritas.

Foi decisivo conhecer umha pequena, absurda e anedótica conversa sucedida o dia depois que o partido Equo publicara um comunicado desvencelhando-se da unidade popular ou, melhor dito, do projecto de, constituída por En Marea.

Coincidiram duas pessoas, umha membro de Equo e outra membro do Conselho de En Marea:
-Equo: Esoutro dia Anova tomou a Coordenadora, é inadmisível...
-Conselheira: Na Coordenadora nom estám nem os de Anova Oficial, nem a Marea Atlântica, nem Esquerda Unida, nem sequera os podemistas a favor da confluência.
-Equo: Daquela, desalojastes às cúpulas?
-Conselheira: Efetivamente.
-Equo: Isso é o que nós queríamos!
-Conselheira: Pois acabais de sacar um comunicado na contra...

No rio avolto, colhem-se os peixes, mas umha vez clareiam as águas, os peixes escapam das sombras dos pescadores, vejamos se somos quem de clarear um pouco as escuras águas, chegar informados ao 15 de julho e a quem o plenário lha dê, Castelao lha bendiga.
Fazer da necessidade (e da própria incapacidade), virtude

A derrota da esquerda no nosso país é absoluta. Fracionada em diversas expressons organizativas, que apenas respostam a interesses de classe, por quanto ligam mais com modelos de base religioso-dogmática, nas que se adora, e segue, ao líder, à doutrina ou, simplesmente, assim de pobre e esperpéntico é o chóio, à sigla organizativa.

Atopar pensamento original, criativo, ou, simplesmente, a vontade marxiana de fazer umha crítica radical de todo o existente é, mais do que umha quimera, um despropósito. Ano trás ano, década trás década, os axiomas voltam dogmas, o sectarismo reproduze-se geraçom trás geraçom coma um Sísifo ensimesmado e de costas à sociedade.

Mas, todos os tontos têm sorte e, fazendo da necessidade virtude, estes grupúsculos decidiram, um bom dia, que, se por separado a sua vida era marginal, quiçá unidos poderiam dar um salto qualitativo.

E, efetivamente, o nosso povo, que sabe somar, entendeu perfeitamente que vários grupúsculos poderiam conformar um bom alto-falante das suas demandas e premiou, ao longo de toda a nossa escassa história democrática, a unidade de diversas parróquias da esquerda nacional.

Geralmente, estas estruturas de unidade eleitoral gozam, é um dizer, dumha vida extremadamente convulsa e habitualmente curta. A única exceiçom, até o momento, foi a experiência do BNG nos anos 90, que, tendo internamente um sistema de partido dominante, a UPG, e competindo cum PSOE sucursalista e de capa caída, foi quem de aglutinar vontades eleitorais e militantes de jeito bastante exitoso durante umha década.

Após da implosom do BNG em Ámio, da desafeiçom política derivada da crise desde 2008, da repolitizaçom encarnada polo 15m e Podemos e do sainete que representou AGE, o panorama da esquerda nacional era muito mais fracionalista e grupuscular do que nunca.

Assim que estas fraçons e grupúsculos decidirom agruparem-se para optar a resultados significativos, como a história recente demonstrava que era preciso. Assim, ao longo e ancho de toda a geografia do nosso país, mas de jeito escasso, emergiram fórmulas de convergência eleitoral para as eleiçons locais de 2015, obviamente com diversa fortuna.

Basicamente, cada grupúsculo montou a sua marca branca nas localidades onde tinha implantaçom, fazendo que os demais grupúsculos significativos da localidade se pregaram á sua fórmula, inda que, nalguns sítios, foi impossível, e concorreram mais dunha ‘marea’, como se lhes deu em chamar. Assim xurdiram Compostela Aberta, impulsada por Anova; Marea Atlántica, impulsada por Podemos; Ferrol en común ou Ourense en común, impulsadas por Esquerda Unida; entroutras, apenas cito às que som mais ativas no baile das elites... Formalmente, embandeiraram-se na renovaçom do sistema político, a transparência e a participaçom cidadá, inda que se o resultado nom era o previsto, coma no caso de Ourense en Común pois repetiam as primárias e listo.

Mas, num contexto de apertura dumha fiestra de oportunidade eleitoral pola irrupçom de Podemos, na altura um revulsivo e um valor à alça, considerou-se exitosa a experiência ao conseguir diversas alcaldias em cidades importantes do país.

Obviamente, existir só a nível local é habitar a insignificância política, polo que, quando foi preciso acudir de novo às urnas, o chamado das distintas elites partidárias tradicionais e das elites dos novos atores emergentes locais foi unânime: havia que acudir unidos.

Nesse intre, coma cogumelos, emergeram Gramscis de feirom enchendo jornais eletrônicos de enormes e grandiloqüentes artigos, cheios de retórica, mas co nível argumentativo dum mexilhom a favor da chamada confluência.

Show must go on!

No período que vai das municipais às eleiçons estatais de 2015, os partidos e as suas marcas brancas locais adicaram-se a negociar umha coaligaçom eleitoral que permitira manter a fugida cara adiante das elites organizativas, disfarçando as suas evidentes feblezas orgânicas e movimentadoras numha marca virgem e impoluta com carimbo de participativa e rupturista. Conste que nem IU, nem Podemos, nem a Marea Atlântica tinham muito interesse em construir nada conjuntamente, mas as circunstâncias obrigam.

Assim, num debate elitista de nomenclatura eleitoral e de reparto de quotas (postos de saída, visibilidade, libertaçons, etc) entre os partidos, registrou-se o derradeiro dia legal a coaligaçom eleitoral “Podemos-En Marea-Esquerda Unida-Anova”, sem que as bases de nengumha das organizaçons fora consultada sobre a pertinência desta coaligaçom, os nomes a figurar nas listas ou na elaboraçom do seu programa político, inexistente, e, definido como aberto e dinâmico para enmascarar a sua absoluta ausência de elaboraçom.

Significativa, esta questom do programa, do jeito de atuar da nossa camarilha organizativa, o objectivo é a consecuçom de postos institucionais, sendo a ideologia e o projecto apenas um ornamento de marketing, mas, incapazes de chegar a acordos sobre o nome da coaligaçom sem chocar entre eles, deixam a questom do programa sem fazer, disfarçando-a dumha renovadora achega política, consistente num programa aberto, dinâmico e participativo... mas sem vias nas que exercer essa participaçom aberta e dinâmica.

Outravolta, a fiestra de oportunidade aberta por Podemos arrastou a este artefato político ao êxito eleitoral, fazendo que cada umha das elites partidárias tivera a sua representaçom no grupo parlamentário, mas, também, engendrou um agir popular que constituiu o gérmolo da atual situaçom.

E é que as bases dos distintos partidos, assim coma das suas organizaçons de massas locais nom admitimos de bom grau que se nos escatimara a consulta e a participaçom na toma de decisons namentres se nos exigia esforço, quartos e tempo para difundir a boa nova da Marea.

E, assim, de dezembro a junho, as nossas queridas elites seguiram a praticar o despotismo ilustrado ostentando a representaçom nas instituiçons mas sem existir contrapeso organizativo algum que permitira canalizar as demandas e propostas desde a base cara as instituiçons... agás as próprias estruturas partidárias ou os chiringuitos locais afins, deixando a um número enorme de pessoas sem capacidade de incidir na acçom política da gente que, co seu esforço, levaram às instituiçons. Dessa maneira, calquera é panadeira.

Por mui capazes e trabalhadores que foram os nossos representantes nas instituiçons (eiqui quero agradescer o trabalho feito por David Bruzos, o cortês nom tira o valente), nom se podia seguir a predicar sem dar trigo.

Especialmente, porque, chegado o momento da repetiçom eleitoral estatal, nom se fixo o mais mínimo esforço para que as pessoas que foram na lista estiveram referendadas polas bases através dum procedimento participativo. Nom fora ser que a gente, inconsciente, rachara os equilíbrios entre as distintas facçons organizativas que tanto custara criar. Equilíbrios exaustivos que midem milimetricamente a visibilidade e o reparto de recursos entre partidos. O que vém sendo umha coaligaçom oportunista.

 

O populacho entra no cenário

Mais cheias do que um rato acima dum queijo pola boa racha eleitoral, mália o pequeno revês que fizera perder o deputado por Ourense nas segundas eleiçons estatais, Anova decidiu que era o momento de dar-se um banho de massas e convocar um plenário da Marea, movimento que foi seguido a rebufo polo resto das elites partidárias.

A divisom em Podemos, que nom se sabia se se ia decantar por acudir em solitário ou na Marea nas autonômicas, dava umha oportunidade para reescrever os equilíbrios na Marea e ganhar posiçons de cara ao futuro reparto de escanos autonômicos.

Para isto, constitui-se um lobby de pressom, as chamadas Mareas en Común, que recolhia a demanda popular de democratizaçom da confluência em favor dumha fracçom das elites confluentes, a Marea Atlántica. Depois, a estratégia de todo ou nada, a única que sabe empregar Iago Martínez, fontaneiro da Marea Atlântica de Xulio Ferreiro, praticada internamente nos debates do lobby, fiz que esta mascarada rematara em mil pedaços.

E ei tiveram que molhar-se os alcaldes de Ferrol, Compostela e da Corunha. Sacaram o seu manifesto para publicamente posicionar-se a favor dumha maior integraçom das forças de esquerda, presumindo que seria mais favorável aos seus interesses do que umha simples coaligaçom pactada entre os aparelhos dos seus próprios partidos. As elites dos chiringuitos locais também queriam a sua parte. Cumpre resaltar aqui que a Marea Atlântica ameaçou com rachar a confluência se se optava pola fórmula de partido instrumental, atuando desde o começo coma um lastre no processo de integraçom organizativa.

Assim que, finalmente, decidiram que era o momento de reproduzir a metodologia empregada a nível local, no nível nacional. Montar um chiringuito onde dar cabida às massas, mas mantendo o controlo efetivo durante todo o processo, que mais do que participativo, teria um caráter plebiscitário.

Acordou-se, daquela, criar um partido político de base individual, aberto e participativo, no que as suas candidaturas foram definidas através de primárias. Traduzido: umha competência a morte entre os distintos aparelhos e mareas locais por artelhar listas ganhadoras nas primárias, mobilizando todo o pessoal que foram capazes para conseguir o máximo de postos de saída eleitoral para cada fracçom.
Mas todo saiu fatal.

Primeiro, porque os inscritos de Podemos decidimos por umha maioria do 75% que devíamos integrar-nos na confluência; segundo, porque, devido a umha gestom nefasta da direcçom galega de Podemos e um chio no derradeiro minuto de Pablo Iglesias, a integraçom do partido nas primárias da Marea nom foi equitativa, mediante o registro em pé de igualdade co resto, senom co nosso censo próprio (graças ao voto favorável da Marea Atlântica, que decantou a votaçom), dando lugar a um autêntico pucheiraço no que as listas monocromas de Podemos, pensadas para umhas primárias internas podemistas, resultaram sobre-representadas e, terceiro, porque irrumpiram com sucesso candidaturas que nom estavam convidadas à mesa.

A jogada de alterar os equilíbrios e o reparto de postos de saída resultara favorável precisamente a quem nom a iniciou e menos acreditava na construçom dum novo sujeito político. Inda assim, para salvar os móveis e violando o regulamento, relegou-se ao candidato mais votado de Ourense ao segundo posto para que cada facçom tivera o seu número um. Porque, é evidente, para as nossas elites partidárias o povo nom sabe bem o que vota.

Produziu-se, entom, um impasse, durante o que a Coordenadora provisória, nomeada no plenário constituinte para gestionar o processo eleitoral, nom fizo absolutamente nada. De agosto a dezembro de 2016 En Marea foi umha constelaçom de inscritos, grupos parlamentários e Coordenadora sem relaçom algumha entre eles.

A razom era que as elites tinham que afrontar o novo equilíbrio de poder derivado da desfeita das primárias e a ameaça que supunha a irrupçom de novos atores que complicavam o reparto da torta e que, ilusos eles, reclamavam umha integraçom mais do que nominal.

 

Pôr portas ao mar

Daquela artelharam um plano, perfeito, sem fissuras, que diria Torrente, depois de pisar o freio durante meses ao processo de construçom dum novo sujeito político, iam pisar o acelerador a tope durante dous meses, para depois tirar do freio de mau.

E assim, cumha maioria mecânica que aprovava o previsto e desbotava qualquer iniciativa, celebrou-se um plenário no que se aprovou finiquitar o labor, é um dizer, da Coordenadora Provisória, e dar passo a um processo de primárias que copiava o modelo parlamentário: listas ordinais e fechadas, cum mínimo de pessoas por província, acompanhadas dum programa de governo e umha proposta de governo e circunscripçom única nacional.

A vertebraçom territorial da confluência, o que significaria dar participaçom direta às bases, de novo, adiada sine die.

O objetivo, evidente, que se apresentaram listas por parte dos aparelhos organizativos, dificultando a apariçom de novos atores e copar o Conselho –parlamento- e a Coordenadora –Executivo-.

Mas, coma verso livre e solto, Villares teve a ocorrência de anunciar que tentaria artelhar umha lista unitária, de consenso, que dera cabida a todo o mundo e iniciara umha xeira de concórdia organizativa. Lembremos que era um plano perfeito, sem fissuras... e tal.

Chegou o momento de improvisar, as elites organizativas entenderam que unindo esforços podiam copar a representaçom do Conselho e a Coordenadora sem dar cabida a nengumha iniciativa das bases. De novo, a Marea Atlántica, coa sua táctica de todo ou nada logrou excluir qualquer representaçom dos novos atores xurdidos das primárias e impor um programa político no que se violavam os documentos fundacionais da Marea a favor dum modelo territorial que sancionara os seus chiringuitos pré-existentes como única fórmula de participaçom das bases e excluindo, portanto, a todas aquelas pessoas que nom formem parte ou nom vivam num concelho com marea homologada.

Era perfeito, sem fissuras. Nomeadamente quando todos os aparelhos partidários iam pular pola mesma lista, desde o web oficial da Marea se fazia propaganda da lista e mesmo o árbitro do partido, a Comissom Eleitoral, a mesma que funcionara nas anteriores primárias, estava composta por hooligans dos aparelhos.

Por isso nom importou que Máis Alá, a mal chamada lista ‘de consenso’, fora a derradeira em entrar em registro e o fizera horas depois do remate do praço, tampouco importou que nom se fizera, como estava previsto no regulamento, a proclamaçom provisória de candidaturas, pois se empregou o período de correçom de erros em refazer a lista para gardar todos os equilíbrios intra-elites possíveis ou que se lhe roubara o sexto conselheiro a Queremos Participar em favor do vigésimo primeiro para Máis Alá, para que umha das facçons internas de Podemos nom ficara infra-representada. Roubo, porcerto, corrigido a posteriori pola Comissom de Garantias.

Mas nom se podem pôr portas ao mar.

Desde Cerna impulsaram a candidatura Queremos Participar, porque, simplesmente, lerom o regulamento e entenderam o que dizia, se queres a tua parte, tes que ganhá-la nas urnas e isso fizeram.

Também houvo umha revolta rural. No planejamento previsto polas elites organizativas nom existia espaço para o mundo rural, a Marea consistiria num conglomerado de grupos parlamentários, mareas urbanas e umha microestrutura partidária da que os postos de liberados estariam convenientemente repartidos entre as distintas facçons. Isto deu lugar a que, nucleados em derredor da lista ourensá das primárias ‘Somos Quen’, gentes de organizaçons, mas nom pertencentes às suas elites, e sem adscripçom montáramos umha candidatura nacional, outravolta chamada ‘Somos Quen’, cum programa político, da minha autoria, no que propugnávamos umha vertebraçom territorial da Marea a nível comarcal, como fora o mandado de Vigo e umha fórmula de integraçom autônoma das mareas locais na estrutura da unidade popular.

O resultado é conhecido, Máis Alá obtivo vinte e um; Somos Quen, nove e Queremos Participar, cinco. Como estabelecia o regulamento, o reparto da Coordenadora tinha que ser proporcional ao resultado das listas e isto resultou inadmissível para as nossas elites.

Perfeito, sem fissuras!

O problema básico é que venderam a pele do urso antes de caçá-lo, já tinham as áreas repartidas, as libertaçons asignadas e, umha vez feito o uso de Luis Villares como pancarta eleitoral, já tinham repartidas as portavozias da organizaçom, decididos a converter a Villares num monicreque parlamentário, quentando o sítio, ata que alguém o substituíra coma candidato à Junta no ano 2020.

Assim que, pretendendo saltar-se mais umha vez toda normativa, as elites partidárias de Anova e Marea Atlántica, seguidas polos podemistas contrários à direcçom atual de Podemos Galiza, guiados coma ovelhas polo auto-nomeado pastor Borja San Ramón, pretendiam copar a coordenadora cum reparto anti-regulamentário contrário aos documentos de Vigo.

 

Lénine para as massas mareantes

E durante os meses de fevereiro e março, desde a constituiçom do Conselho das Mareas até a sua segunda sessom, Villares tentou fabricar um consenso que respeitara a legalidade, um reparto 6-3-2 ou 7-3-1, dependendo se era a lista mais votada ou a menos quem pagara a traslaçom da proporcionalidade, e fixar umha redacçom de mínimos comuns tomando coma base a proposta de Máis Alá, modificando aquelas partes que contradiziam os acordos plenários e incorporando aportaçons das correntes minoritárias.

O monicreque revoltava-se e era inaceitável. Outravolta aplicando a estratégia de todo ou nada, que tam bons resultados dera nas Mareas en Común e na configuraçom dumha lista unitária de consenso. Mode retranca on.

Suponho que o problema das elites partidárias é nom saber somar. E nom me refiro a saber incorporar gente às suas teses, som mais de manipulá-la, senom de fazer somas. Porque treze conselheiros publicaram um documento reclamando que se lhes obedecera e se lhes entregara a Coordenadora, asemade levavam dous meses impedindo qualquer negociaçom coas restantes partes eleitas pola base. Literalmente nom colhiam nem o telefone. Pero treze de trinta e cinco nom som, nem de longe, umha maioria.

E é aqui quando Luis Villares, quiçá imbuído polo espírito do centenário da Revoluçom, trasmuta num Lénine para as massas mareantes (e mareadas) e di que nom.

Na sua carta ao Comité Central e aos Comités de Petrogrado e Moscú do Partido Social-democrata Ruso (bolxevique), do 14 de setembro de 1917, titulada “Os bolxeviques devem tomar o poder”, Lénine chamava aos bolxeviques a tomar o poder posto que “a maioria do povo apóia-nos” posto que “está cansado das vacilaçons dos menxeviques e eseristas” e “a história nom nos perdoará se nom tomamos agora o Poder”.

Paralelamente, as bases da Marea levamos desde julho de 2016, vendo como anovos, podemistas, menxeviques, esquerda-unidistas, eseristas, mareantes atlânticos e os seus monicreques, adiam a estruturaçom da unidade popular para nom dar entrada ao comum do povo, que poria em perigo a sua posiçom orgánica privilegiada.

Luís Villares era consciente de que chegava ao Conselho cumha maioria aplastante no seu favor, para fazê-lo portavoz único, perante a opçom das elites de reduzi-lo a portavoz parlamentário, sem voz nem voto na Coordenadora, e começar um processo de entrega do poder às bases. Inda assim, em favor do consenso, ofereceu um posto na Coordenadora a Noemí Ramos (Esquerda Unida), Iago Martínez (Marea Atlântica), Borja San Ramón (Podemos-confluência) e Rafael Dopico (Anova), quatros dos seis que lhe correspondiam a Máis Alá, mas também indicou que nom haveria libertaçons na Coordenadora e isso foi a gota que encheu o copo.

Inadmissível que nom foram cobrar do chiringuito quem mais fizeram por terem um chiringuito do que cobrar!

Chegados a este ponto, os representantes das elites Noemí Ramos, de Esquerda Unida e Ferrol en Común; Javier Octavio, de Ourense em Común; Iago Martínez, de Marea Atlântica; Rafael Dopico e Gladys Afonso, de Anova; Borja San Ramón, de Podemos e Peyo Rivera, de Anticapitalistas de Podemos decidiram auto-excluirem-se de qualquer fórmula de Coordenadora que pudera propor Villares, é dizer, que respeitara a vontade majoritária de fazê-lo porta-voz organizativo e a proporcionalidade saída das eleiçons ao Conselho das Mareas.

Se apenas se tiveram contentado com auto-excluírem-se teria sido digno, mas o certo é que, desde esse Conselho, nom fam mais que boicotar a acçom da nova Coordenadora, ralentizando o traspasso das ferramentas informáticas (tardarom quinze dias em entregar as chaves do web à nova direcçom) e o da gestom do censo, levando a En Marea a fazer o ridículo na sua consulta sobre a moçom de censura ao governo, posto que, devido a estes atrancos, as votaçons tiveram que fazer-se após que a moçom estivera já registada.

Nom foi este o único ridículo, pois o responsável de finanças de IU, José María Tubío, mália nom ser nem membro da Coordenadora Provisória, foi a pessoa encarregada de entregar as contas da campanha de En Marea ao Tribunal de Contas em perfeito castelhano, violentando os acordos do plenário de Vigo ao respeito da língua. Vê-se, outravolta, que, segundo interesse das elites, os acordos coletivos som imperativos ou meramente orientativos.

Porque às elites partidárias nom lhes fizo graça que lhes quitaram o seu joguete. E estám dispostas a destruí-lo antes que comparti-lo.
Também está a guerra suja nas redes sociais, onde elementos coma Iago Martínez se adicam a mentir e chorar a partes iguais sobre estes acontecimentos para manter a sua impostura de vítimas. Ponhamos o exemplo da proposta da Coordenadora de celebrar um plenário em julho, que foi interpretado, por este personagem, como umha imposiçom ditatorial da que nom sabia nada. Suponho que entender a diferencia entre proposta e decisom é difícil para alguém que di nom saber nada dum documento que puido ler no seu próprio telefone muito antes de que chegara à imprensa. Dando por suposto, é claro, que nom fora ele próprio quem filtrara a informaçom, que, visto o visto, é muito supor.

Pola sua parte, Villares continuou a tender a mau a estes boicotadores, convidando-os a incorporarem-se à Coordenadora e deixar de destruir pra construir todos juntos, oferta que, de novo, foi rejeitada de malas formas, com mentiras nas redes sociais.

 

Todo o poder para os soviets!

Que ninguém agarde de Villares umha proposta política bolxevique, o paralelismo nom vai além de propugnar um apoderamento das bases perante as diletâncias de cúpulas organizativas medíocres desbordadas polo empuxe popular.

É o momento de impulsar, mais de ano e méio depois da sua primeira concorrência eleitoral e quase um ano após da sua aprovaçom no plenário fundacional, a vertebraçom territorial da unidade popular, o estabelecimento de mecanismos de accountability e comunicaçom interna entre a militância e as pessoas que nos representam e a construçom de programa e discursos que, mediante mecanismos participativos e nom plebiscitários, deam respostas às demandas políticas do nosso povo.

Se Luís Villares está disposto a liderar este processo, nenhum exército branco das elites organizativas poderá boicotar a construçom da unidade popular, nenhum pau nas rodas poderá deter o seu avanço e terám, finalmente, que pregar-se à evidência de que nom tenhem onde cair mortos e a sua única via de sobrevivência é deixar de pôr chatas à obra e pôr-se a trabalhar nela.

E isso agardamos, que Villares lidere o Plenario do 15 de julho contra os reacionários que querem reduzir a unidade popular a umha estrutura chiclosa, maleável,  ao serviço subordinado dumha coaligaçom eleitoral dos seus pesebres organizativos e representada por falabaratos que só procuram acubilho institucional ou umha libertaçom partidária.

Se ganha a unidade popular, En Marea poderá deixar de perder o tempo em luitas intestinas e trabalhar para preparar o assalto ao Partido Popular, mentres as alimárias abandoam o barco e montam Unidos Podemos ou qualquer marca eleitoral ad hoc, consonte ao seu espírito saqueador e oportunista.

Se ganha a coaligaçom entre partidos, violentando o plenário de Vigo, En Marea morrerá.

Unidade popular ou morte! Venceremos?

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