Medalha de latão para os trabalhadores e trabalhadoras de Vigo

O Concelho de Vigo decidiu dedicar o Dia Nacional da Galiza aos trabalhadores e trabalhadoras da cidade para levantar o seu ânimo nestes dramáticos momentos. Com esta homenagem, o governo municipal lança o sinal de que os trabalhadores e trabalhadoras não estão sozinhos no seu sofrimento: a dor tem sentido e reconhecimento.

O Concelho de Vigo decidiu dedicar o Dia Nacional da Galiza aos trabalhadores e trabalhadoras da cidade para levantar o seu ânimo nestes dramáticos momentos

Como os soldados que recebem a homenagem dos governos que fazem deles carne de canhão para que não se perguntem se há outra vida além do campo de batalha, esta sentida homenagem dará ânimos aos soldados para suportar os novos cortes e precariedade.

Ao igual que a luta de Cachamuinhas e companheiras contra o Estado napoleónico logo foi manipulada para os interesses do Estado liberal espanhol, e eles convertidos em heróis da "independência espanhola", a cidade de Vigo é especialmente ingénua quando se tratar de assumir medalhas de latão.

Deste jeito aconteceu com todo isto do tax lease do naval, tomado como se fosse um partido da selecção nacional (espanhola), em lugar de nos perguntar como é possível que a única condição que se lhe pedisse aos investidores no pelotaço fosse ter bases de gravação positivas (ou seja, benefícios) e quando uma olha a lista desses investidores aos que há que perdoar terem dado pelotaços de costas à legislação europeia, quem encontra é empresas tão solventes como Novacaixagalicia, Barreras e o Banco Pastor. Estas empresas formavam a AIE que financiava o leasing (com quê dinheiro?) dos barcos dos estaleiros (entre eles a própria Barreras) para logo vender os barcos com dumping aos armadores, ganhando ainda polas bonificações fiscais das mais valias geradas, e de declararem como perdas o financiamento. Uma jogada perfeita: rendibilidade de mais do 30%, nulo risco e branqueio de balanços. 

Empresas que estão na falência por culpa dos seus directivos irresponsáveis que passeiam por Vigo com a cabeça bem alta: alguns como os de NCG aos que se lhe foi a mão na arte de delinquir não tão alta, outros já no julgado como os de Barreras, e outros como Garcia Costas sim, pois chegou no momento justo para arruinar provedores com quitas, vender a Pemex e sair correndo. Estes são os generais vitoriosos de Vigo, que ainda são tão generosos de compartilharem a glória, o Dia Nacional da Galiza, com os soldados e os "caídos".

Estes directivos e investidores, e não os trabalhadores, assustados ante a perda dos seus trabalhos, são as "vítimas" da devolução que sentenciou Almunia, no seu papel de burocrata que lhe senta de maravilha

Estes directivos e investidores, e não os trabalhadores, assustados ante a perda dos seus trabalhos, são as "vítimas" da devolução que sentenciou Almunia, no seu papel de burocrata que lhe senta de maravilha. E são também essas empresas e os seus directivos os investidores que dizem que vão escapar do naval. Para irem a onde? Ao cárcere? As outras "vítimas" da listagem são Inditex, que já cheira o fim da mina asiática, El Corte Inglés, ao bordo do concurso de credores, Megasa e Cortizo (vários anos com EREs). Só se salva o Banco de Santander, que tem um olfato especial por operações rápidas e clientela parva.

Segundo a decisão tomada na UE, vai ser o Estado Espanhol quem decida quem paga e quanto, e cobre, de entre os investidores oportunistas. Mas para acabar de completar este teatro do absurdo, a CIG, sindicato nacionalista galego diz que o Estado (ou seja todos os que pagam impostos e alguns que recebem prestações) seja quem devolva o dinheiro (a si próprio?) para que os investidores fiquem tranquilos. Ainda que não foram menos simpáticas as declarações do porta-voz do BNG dizendo que o Estado se declarasse insubmisso: ou seja, que não lhes cobre aos abutres para que marchem embora bem limpinhos com os seus bolsos cheios e a ver se podem coar-lhe este negócio arruinado por Garcia Costas, Gayosos e Viñas a Pemex, que tem pinta de ser tão parvo como os vigueses e viguesas.

Mais a riqueza real do rural de Vigo, segue ameaçada polos pelotaços do cassino, enquanto os meios de comunicação seguem a convencer-nos de que o dinheiro, a alegria e a farra não têm fim

A sociedade vê-se manipulada: "Los lunes al sol", lojas vazias... Mais a riqueza real do rural de Vigo, segue ameaçada polos pelotaços do cassino, enquanto os meios de comunicação seguem a convencer-nos de que o dinheiro, a alegria e a farra não têm fim.

Por isso o comissário António Tijani, o fascista fundador de Forza Italia e mão direita de Berlusconi, é tratado como um herói por "defender" a industrialização do Estado Espanhol dentro da Comissão Europeia, porque ele sabe melhor que ninguém que a indústria escraviza e destrói as vidas e o meio ambiente das pessoas, e o rural dá liberdade fronte ao Estado e os que movem os fios.

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