Pokemon, Pikachu, de Lara e o que vem por aí

Por umha série de circunstâncias, tenho mantido contato com duas persoas que conhecem de perto as investigações das operações Pokemon e Pikachu, instruídas pola juíza Pilar de Lara, e com algumhas outras que tenhem trato com ela. Reconheço que me parece umha personagem interessante, ainda que não cometerei a ousadia de falar dela, a quem não conheço persoalmente, e si do seu trabalho, esse si de evidente interesse público.

O que já sabemos da Operação Pokemon é mais que suficiente para entender o pânico que cundiu entre o establishment da Corunha quando o passado mês de dezembro a juíza de Lara ordenou entrar no Concelho à procura da documentação

Pois bem, o que já sabemos da Operação Pokemon – e o que iremos sabendo à medida que os médios tenham tempo de peneirar os 26 tomos do sumário – é mais que suficiente para entender algumhas cousas. Para entender, por exemplo, o pânico que cundiu entre o establishment da Corunha quando o passado mês de dezembro a juíza de Lara ordenou entrar no Concelho à procura da documentação que comprovasse a comissão dos delitos que já tinha registrados através das numerosas gravações realizadas por ordem sua. Para entender, tamém, por que os principais partidos políticos da cidade e o médio de comunicação de referência na capital corunhesa iniciarom umha campanha para que o sumário da Operação Pikachu fosse transferido a um juiz da Corunha, dando por descontado que teriam maior capacidade de influirem sobre o seu desenvolvimento. E para entender, tamém e por fim, o próprio levantamento parcial do segredo sumarial, umha jogada mestra da juíza de Lara para paralisar qualquera tentativa de afastá-la do caso, pondo a opinião pública ao seu favor. Por certo, dizem os que conhecem bem as interioridades do processo que os delitos presuntamente cometidos nos concelhos de Lugo, Ourense e Compostela não chegam nem perto do ocorrido na Corunha, o qual provavelmente ajude a explicar tanto interesse em que não se conheça – ou, ao menos, em que não se poda provar, porque conhecido já é, se bem que em pequenos círculos.

Se algo tem demonstrado Pilar de Lara é que não lhe treme o pulso

Se algo tem demonstrado Pilar de Lara é que não lhe treme o pulso. Poderá se discutir – e eu, que não sou jurista, não entro no mérito do assunto – se a sua instrução poderia ter sido mais cuidadosa nalguns momentos, como por exemplo às vésperas das passadas eleições galegas, mas seria mesquinho não reconhecer-lhe a independência com que tem levado o caso, sem lhe importar nem a adscrição política dos imputados nem o nivel do cargo político que ocupem. E isso, apesar de que mui especialmente desde o surgimento da Operação Pikachu as pressões tenhem se incrementado não só sobre ela, senão tamém sobre as persoas que tenhem trabalhado às suas ordens, como por exemplo guardas-civis (a base do seu equipo de policia judicial está composta por membros desse corpo) acossados dentro do próprio quartel onde estão adscritos. Apesar de ser umha juíza de quem a esquerda receia polas suas idéias e de quem a direita não quere nem ouvir falar polas conseqüências das suas investigações, Pilar de Lara tem seguido adiante e acaba de mostrar que está disposta a ir até ao fim e a não perder o control nem da Operação Pokemon (que, lembremos, já provocou a caída de dous alcaldes em Ourense e Compostela e vem de deixar numha situação mui complicada o de Lugo e o relevo de Compostela) nem da Operação Pikachu, a causa separada que trata de esclarecer a trama de corrupção presumivelmente tecida por Vendex em torno ao concelho da Corunha.

Hai indícios mui sólidos para, desde o mais escrupuloso respeito à presunção de inocência no âmbito judicial, pedir explicações políticas aos cargos imputados, umha lista na que não podem faltar Liñares, Orozco, Currás ou Flores, entre outros

A respeito da Pokemon, já estão as cartas enriba da mesa. Hai indícios mui sólidos para, desde o mais escrupuloso respeito à presunção de inocência no âmbito judicial, pedir explicações políticas aos cargos imputados, umha lista na que não podem faltar Liñares, Orozco, Currás ou Flores, entre outros. Mas a respeito da Pikachu, falta ainda quase todo por sair à luz pública: a rede de corrupção e trato de favor nos museus corunheses, o boicot municipal às empresas concorrentes de Vendex, o control empresarial de quase duas décadas sobre a Concelharia de Cultura (com a honrosa exceção do mandato de María Xosé Bravo, assunto do qual haverá que falar chegado o momento), o intercâmbio de colocações de amigos e familiares ora na Administração municipal ora nas empresas do grupo presuntamente corruptor... E essa, ORA, é outra palavra clave: a concessão da ORA, do serviço de guindastre e da gestão dos estacionamentos na cidade da Corunha.

Porque quero conhecer todo o que se cozeu durante anos no meu concelho e que se chegue até às últimas conseqüências, por isso apoio publicamente que seja a juíza Pilar de Lara quem continue com a instrução

Porque quero conhecer todo o que se cozeu durante anos no meu concelho e que se chegue até às últimas conseqüências, por isso apoio publicamente que seja a juíza Pilar de Lara quem continue com a instrução, pois polo que tem feito até agora nem penso que mereça ser retirada da instrução da Operação Pikachu nem confiaria mais num juiz nomeado baixo a pressão do PP e do PSOE corunheses, que neste assunto jogam em equipo. E mentres segue a instrução da Pikachu, falemos da Pokemon, do país que nos põe diante dos olhos e da necessidade de remover não só persoas senão tamém hábitos fundamente enraizados, se queremos caminhar cara a um outro futuro onde as instituições e os recursos públicos estejam ao serviço de toda a cidadania e não dumhas poucas empresas com capacidade para comprar vontades e usurpar o que é de todos nós.

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