4 apontamentos para 100 dias

O nosso país enfrenta agora três meses que vam ser trepidantes e hiperacelerados do ponto de vista da política. No outono voltamos a ser árbitros, a Galiza voltará a ser decisiva para intuir os ciclos no resto do Estado. Ou consolidar a oportunidade de mudança em chave progressista ou consolidar a recuperaçom do Partido Popular. Esse é o desafio que como país resolveremos nos próximos cem dias. O resultado desta contenda ficou totalmente aberto depois das eleiçons do passado 26J.

Sobre os resultados de ‘En Marea’ a intençom deste artigo é fornecer ideias para a reflexom, o debate e para partilhar com o coletivo. Quatro apontamentos que nos podam ajudar a ganhar umha batalha que nom está perdida, nem muito menos.

APONTAMENTO 1: A capacidade de construir de forma cooperativa foi e é umha das grandes virtudes que tenhem as candidaturas locais, fundamentalmente as que tivérom maior êxito nas municipais de há só um ano. Partindo dumha vontade política similar, no último ano nascêrom por todo o país umha série de marés de ámbito local que estám a tecer redes cooperativas que reforçam a construçom dumha alternativa galega ao bipartidismo do PP-PSOE. Frente a esta forma de trabalhar, a coligaçom ‘En Marea’ mostrou umha imagem pola qual se acentuou a concorrência entre os diferentes atores. Três discursos, três porta-vozes, três respostas... a imagem que se transmite dista muito da fraternidade que os tempos reclamam. As partes pesárom mais que o conjunto, algo que nom acontece a nível municipal. É fundamental importar os modelos de participaçom cooperativos para construir também a alternativa para o conjunto do país. A fraternidade deve ser algo mais que umha palavra escrita nos vinilos das sedes. Nesse sentido a proposta dos três alcaides das cidades de Santiago, Corunha e Ferrol aparece como umha oportunidade importante para facilitar a construçom cooperativa desta alternativa política.

A fraternidade deve ser algo mais que umha palavra escrita nos vinilos das sedes

APONTAMENTO 2: Esta alternativa política necessita dum discurso galego e centrado no país. Umha narrativa própria, e com a Galiza como ponto central, é fundamental. Isto nom significa ‘resgatar’ palavras de ordem ou modos velhos. Nas marés temos que construir umha narrativa pós-nacionalista. Depois de 100 anos, parece necessário abrir umha nova etapa, aproveitando as análises corretas, que som muitas, e atualizando-as ao século XXI. Mas também reparando nos erros e nas fraquezas. Umha nova narrativa que também supere as velhas leituras federais muitas vezes reconhecidas formalmente, mas que depois sempre fôrom letra-morta. O acordo de Maçarelos reconhece como “suxeito político” a Galiza; sendo fraternos com o resto dos povos do Estado, é necessário começar a exercer essa soberania. Acreditando nela, sem fissuras. “Os candidatos da Galiza, vam decidir-se na Galiza”; isto nom é umha frase nossa senom parte do discurso do presidente Feijóo no último Congresso do PPdeG. Toda umha declaraçom de intençons da qual, talvez, algumhas organizaçons devam tomar nota. E tanto uns como outros, nom deveriam esquecer toda essa massa de ativistas que nom colocam linhas divisórias e que se sentem tam cómodos com uns como com outros. Que colocam o Comum por diante.

Esta alternativa política necessita dum discurso galego e centrado no país. Umha narrativa própria, e com a Galiza como ponto central, é fundamental

APONTAMENTO 3: Se falamos da necessidade de recuperar o espírito cooperativo e de (auto)centrar-se no país, nom podemos esquecer que isto só se pode fazer pisando rua. Ninguém nega que hoje a comunicaçom e o marketing político som peças fundamentais de qualquer contenda eleitoral. Isto é assim. Os meios sociais e a TV montam e desmontam discursos; som os verdadeiros transmissores de argumentos e propostas. Ainda mais nos tempos em que as emoçons e os sentimentos dominam frente às propostas programáticas. Sem negar esta importáncia, é preciso pisar rua, também em campanha. Há que existir fora das instituiçons e com perfil próprio e comum. As partes de ’En Marea’ podem observar-se na recente experiência de AGE no Parlamento da Galiza para recolher muitas aprendizagens, tanto do ponto de vista positivo como negativo. É por isso que cumpre ter algum tipo de organizaçom, que nos assente no território e que seja essa ferramenta para pisar o terreno, também ali onde nom existirem marés locais organizadas.

As partes de ’En Marea’ podem observar-se na recente experiência de AGE no Parlamento da Galiza para recolher muitas aprendizagens, tanto do ponto de vista positivo como negativo.

APONTAMENTO 4: Umha candidatura é um espaço político. No caso da Unidade Popular deve centrar-se no resgate das instituiçons para colocá-las ao serviço das pessoas. Esta palavra de ordem ficará só numha frase feita se nom a dotarmos de conteúdo, e para isto é preciso contar com os movimentos sociais que há anos que venhem defendendo o território, as conquistas sociais, as nossas liberdades, o emprego digno, o direito à habitaçom... e também com as novas manifestaçons que partem do 15M e anteriormente do ‘Nunca Mais’. A candidatura é umha ferramenta política e por isso vai ter uns ritmos próprios e diferentes de qualquer um destes movimentos, mas tem que beber deles, ir acompanhada polo pulso e o ativismo do país. Na contenda política, no dia-a-dia, na construçom do programa. Um programa que, ainda assim, terá que ir além dessas reinvidicaçons e que terá que sentar as bases dum país decidido a exercer as suas soberanias em comum. Sem este acompanhamento nom se conseguirá atingir o governo, e mesmo que se consiga, sem este acompanhamento talvez nom valha a pena ter conseguido alcançar o governo galego.

Quatro eixos sobre os que construir a unidade popular galega, o novo espaço político que Galiza necessita.

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