Fragilidade

Todas as manhás antes de ir trabalhar vou abrir o galinheiro. O galo saudou-me com o seu karakoe e eu a el ao meu jeito. Havia um ovo entre a palha, que metim no peto da chaqueta do chandal. No trabalho estivemos a fazer poemas, alguém escreveu a palabra vulcano, alguém, fragilidade, e umha rapaza, coctel molotov. Som professor de literatura e estamos a conhecer o surrealismo.

Logo de seis aulas e cem adolescentes voltei á casa jantar e depois estivem a limpar, recolher a roupa, corrigim alguns textos. E logo fum á escola pola nena.

Ao que me viu achegou-se a correr e saltou-me ao colo. Vai fazer três anos. Leva-me ao cavalo! leva-me ao cavalo!, e gaveou polas costas e montou-me.

-Hoje vamos ir a Compostela.

-Á biblioteca?

-Ahá, tenho que devolver uns livros.

-Eu quero traer um para ler na casa.

Do galinheiro á cidade temos corenta minutos pola autoestrada. Deixamos o citröen num parking e  a caminhar. Havia tempo que nom passeava tranquilamente entre o tráfico. Fugimos do fume e do ruído, a nena corria e corria, Quanta gente!, berrou quando chegamos á manifestaçom.   A gente ás vezes está triste e ás vezes está mui alegre, dixo a pequena. É umha festa? Quando a polícia espanhola começou a cargar, polo fondo,  colhim a pequena no colo, apurei o passo e entramos num bar a merendar. E logo achegamo-nos á biblioteca.

Devolvim tres livros, London, Agualusa, David Rubín, e fomos procurar outros três, London, Jason Aaron, Hermo .

A nena estava de sorte, no primeiro andar, entre os livros infantis, havia umha actividade de baile para crianças.  Duas mulheres a cantar e um acordeóm.

Acabamos bailando e bailando com outras mamás, papás e crianças. Foi muito.

Logo apanhamos dous livros para ela, Jimmy Liao e Leandro Lamas, e já era tardíssimo. Venha, vamos.

Quando chegamos á casa a nena adormecera. Muaca, ola, Laura, Sssssh, acaba de ficar durmida. E passei-lha do meu colo ao seu. Laura foi deita-la em quanto eu preparava algo de comer. Quando baixou, falamos e falamos, Tamém botarom a Cati do trabalho, e logo subimos ao cuarto, fatigados. 

Hoje nom parei, Eu tampouco. Convocarom Folga Geral. Hoje umha rapaza escreveu um poema com a palavra coctel molotov.

E foi daquela, ao lado da cama, quando metim a mao no peto da chaqueta do chandal e dei com o ovo. Nom pode ser. Colhim o ovo com muitíssimo cuidado. Estava intato.
Intato.

-E isso?, perguntou Laura.
-Nom o vas crer.

Grazas ás socias e socios editamos un xornal plural

As socias e socios de Praza.gal son esenciais para editarmos cada día un xornal plural. Dende moi pouco a túa achega económica pode axudarnos a soster e ampliar a nosa redacción e, así, a contarmos máis, mellor e sen cancelas.