Recentemente, o professor de Economia Aplicada e deputado do PSdG-PSOE no parlamento autonómico Xoaquín Fernández Leiceaga plantejava de forma positiva a experiência de bipartitos entre a sua formaçom política e o BNG no governo autonómico e em algumhas das cidades do país (1). Paradoxalmente, esta reflexom coincide com a baixada de apoios eleitorais do que até este ano configurava o espaço do conhecido “nacionalismo maioritário”. A disoluçom das senhas de identidade do projeto mediante alianças em minoria, primando a presença pública dos socialistas e tendo que aplicar um programa que nom é o que referendam as bases, fijo que desde 2009 várias organizaçons deixassem a fronte patriótica, ao mesmo tempo que nom se conseguia chegar a novos setores sociais. Sinalamos este elemento num momento onde a hegemonia do BNG está em jogo à espera do que indique o termómetro do 21-O.
Nestes momentos, tam importante como satisfazer as espetativas postas na cita eleitoral que rachará a foto “a três” dos últimos anos, é criar umha nova cultura política a partir do 22 de outubro
Contodo, parece que esta linha nom suporá umha rutura, senom umha continuaçom com o passado. Ao mesmo tempo que o indiscutível dirigente da UPG Francisco Rodríguez – em clara alusom à aliança de Anova com EU – reflexiona sobre a necessidade da auto-organizaçom galega, importantes membros do seu partido falam abertamente do adianto eleitoral como um elemento central para umha mudança de governo na Galiza. De novo é a classe trabalhadora galega, motor de boa parte das inciativas mais vigorosas que o nacionalismo consolidou nos últimos anos, a que abrirá indiretamente a Ferraz, num momento onde o fundamental decíde-se na Alemanha. Nisto consiste o que o desnorte dalgúns denominou “giro soberanista”.
Umha nova cultura política
O adianto eleitorial tensionou o espaço implicado na reconfiguraçom do nacionalismo. A entrada no tabuleiro de EU, defendida desde o minuto zero polo dirigente independentista Mariano Abalo, consolidou com claridade a existência dumha maioria partidária dumha esquerda consequente, com todas as letras, sem edulcorantes. Nestes momentos, tam importante como satisfazer as espetativas postas na cita eleitoral que rachará a foto “a três” dos últimos anos, é criar umha nova cultura política a partir do 22 de outubro: um espaço nidiamente soberanista e de esquerda transformadora, conformado de maneira central por ativistas dos diferentes movimentos sociais, no que a esquerda independentista poderá experimentar e ganhar espaços de autonomía. Por outra banda, a anómala política de alianças alimentada por Máis Galiza, primando um espaço tradicionalmente pouco ou nada nacionalista e sempre escorado para o centro, fai que se enfronte a um futuro infelizmente incerto. Nas localidades pequenas, máis afastadas das mesas de negociaçom e empapadas de política de proximidade, será mais doado recompor as pontes que poidam manter-se em pé.
Desde o sindicalismo nacionalista, o feito de mobilizar-se com UGT e CCOO garante o sucesso, grandes manifestaçons, e grandes datas de greve geral que esperemos proximamente se voltem a repetir
Nom deixa de ser contraditório para qualquer nacionalista a aliança com umha força de ámbito estatal. Propiciar umha política social de defesa dos serviços públicos, estabelecer alianças – certamente anómalas, mas reais, capazes de levar-se à prática – para inciar umha mobilizaçom nacional que defenda as conquistas laborais nom é algo alheio ao espaço de Anova. Desde o sindicalismo nacionalista, o feito de mobilizar-se com UGT e CCOO garante o sucesso, grandes manifestaçons, e grandes datas de greve geral que esperemos proximamente se voltem a repetir. Com diferenças, já a CIG nom quer parchear a reforma laboral de Rajoy, como fam as centrais espanholas. Mas umha cousa nom quita a outra. Temos que opor-nos ás medidas anti-galegas e anti-sociais de Feijóo e de Rajoy com o que temos, e fortalecer os nossos instrumentos para ganhar hegemonía dentro do movimento popular.
A soga da Troika
A entrada num governo nestes momentos – algo que em sí mostra umha posiçom de força, em teoria – tería como consequência disolver o nosso projeto em ácido sulfúrico
Como qualquer utopía negativa, a entrada num governo nestes momentos – algo que em sí mostra umha posiçom de força, em teoria – tería como consequência disolver o nosso projeto em ácido sulfúrico. Às reduzidas e laminadas competências que Espanha reserva para a CAG, temos que engadir hoje um momento de cortes, onde o capitalismo financiero impom os seus ditados na área da UE. Já nom se trataria apenas de negociar desde umha posiçom de inferioridade com Ferraz, se nom a ter que adotar os ditados dos setores neoliberais que levam a fome e ao paro a umha boa parte da populaçom europeia. Sim, fome e paro, nestes momentos 30% dos nenos e nenas gregas estam desnutridos.
Que ninguém nos engane: pode-se deslocar a Nuñez Feijoo sem entrar num governo. O outro caminho sería perder a credibilidade diante da sociedade galega
Por outra parte, a experiência do bipartito deixou na principal base militante de Anova umha consciência crítica para situar bem as linhas vermelhas. Um movimento que nasce da crítica radical ao existente, que conta com a incorporaçom de pessoas desencantadas com a política institucional, nom se pode permitir o luxo de entrar num tripartito. Nom se pode construir umha alternativa social e nacional baixo os ditados da Troika. Nesta tesitura, governar é um suicidio, aínda que a pantasma dos cargos institucionais e do pragmatismo pode empedrar o caminho cara o inferno do que está a nascer, nom sem dificuldades. Que ninguém nos engane: pode-se deslocar a Nuñez Feijoo sem entrar num governo. O outro caminho sería perder a credibilidade diante da sociedade galega.
(1) Refíro-me ao livro Por que fracasou a reforma do Estatuto?, Galaxia, 2012.