A volta à política?

O fim da história propugnado por Fukuyama veu da mao de políticas débeis por parte da esquerda parlamentar. A sua utopia fijo-se realidade tam rápido como avançava o social-liberalismo e a aceitaçom das regras do mercado polas velhas organizaçons socialdemocratas, que nos anos 90 do século passado entrárom dentro das fileiras do estatus quo. Porém, a agudizaçom da crise económica na segunda década do século XXI veu a lembrar-nos que, pese a todas as renúncias, as maiorias sociais seriam as que sofririam as consequências das medidas desenhadas dende os novos think tanks da direita mundial.

Nom deixa de surprender-nos que a burguesia argentina venha de expropiar parte de YPF a inversores espanhóis enquanto na Galiza som os pequenos proprietários os que tenhem que deixar por quase nada os seus terrenos para que avance o progresso com o AVE

Nom partimos do otimismo para ver, por exemplo, que as dinámicas abertas em diferentes países de América Latina poidam ter um reflexo em Europa. Mas ainda que as condiçons de vida sejam piores, nom deixa de surprender-nos que a burguesia argentina venha de expropiar parte de YPF a inversores espanhóis enquanto na Galiza som os pequenos proprietários os que tenhem que deixar por quase nada os seus terrenos para que avance o progresso com o AVE. Claro que, contodo, nom persistiram aqueles que considerem umha aberraçom que os recursos naturais se ponham ao serviço da naçom, ao mesmo tempo que outros viram em qualquer oposiçom à construçom de megainfraestruturas umha forma mais de pailanismo porque, ao parecer, se os demais o tenhem nós nom podemos ser menos.

 

Velha esquerda, nova direita

Se algo podemos resenhar do 29M é que enquanto a nova esquerda ficou praticamente sem espaço, fôrom as formas clásicas de organizaçom as que tivérom um maior protagonismo. Perante umha direita que avança sem separar-se do velho, polo menos a nível estrutural, a nova esquerda pretende remodelar o cenário político com umha rutura com o passado. Prosseguir nas velhas fórmulas seria umha espécie de dogmatismo inerente, um lastre do que teríamos que nos livrar para poder avançar, quase que sem esforços, a termos umha força nacionalista e de esquerdas ampla.

A idealizaçom dum 15M descomposto, que terá a prova de lume no vindeiro 12 de maio, junto com a crítica de que qualquer interrogante posto acima da mesa parte dumha ideia de conspiraçom, onde as perguntas que se ponhem acima da mesa som praticamente parte do manual de estilo soviético, som mostras de que o novo ainda é velho, que nom é capaz de adequar-se à nova situaçom.

Poucos fam mençom ao elemento mais lúcido que trouxo o movimento dos indignados, que tem que ver precisamente com a caracterizaçom da dicotomia representantes/representados num contexto de desleixamento e desconfiança de cara os partidos

Poucos fam mençom ao elemento mais lúcido que trouxo o movimento dos indignados, que tem que ver precisamente com a caracterizaçom da dicotomia representantes/representados num contexto de desleixamento e desconfiança de cara os partidos. Amador Fernández-Savater introduziu no debate político a “rutura da cultura da transiçom”, a saber, a história da restauraçom bourbónica trouxo um relato de consensos e de paz social, onde os direitos adquiridos pouco ou nada tinham que ver com as luitas sociais, e para isso havia que edulcorar os conflitos. Sem contar a realidade basca, o 11M foi a primeira vez que um relato institucional criado polo Estado foi questionado polas próprias vítimas do terrorismo, dando pé a que a procura da verdade fosse um elemento central no dia no que Rajoy començou a longa espera de oito anos até chegar à Moncloa. E se hoje está aí, os meios neocons tenhem muita parte de responsabilidade.

 

Contra todos os marcos

Compre mudar natureza destituínte por vontade constituínte. Muitos movimentos sociais tenhem um carácter defensivo perante diferentes formas de agressom que estám a sofrer diferentes segmentos da populaçom: sindicalismo, luita estudantil, ecologismo ou sindicalismo tenhem esse componente intrínseco, que apenas pode mudar se as luitas começam a criar elementos que tenham que ver com a vida quotidiana, que desprazem os centros comerciais para criar espaços de convívio, lezer e formaçom à margem dos centros comerciais ou a televisom.

Se queremos um país independente podemos començar a dotarmo-nos de pequenos recantos de autonomia, sem que isso suponha renunciar à política com maiúscula

Se queremos um país independente podemos començar a dotarmo-nos de pequenos recantos de autonomia, sem que isso suponha renunciar à política com maiúsculas. Para entrar nela e num momento tam complexo como este, teremos que ver em primeiro lugar se existe vontade de sermos respeituosos, de conviver na diferença e de derrubar aqueles marcos mentais e físicos que impidem de entrada o diálogo e a compreensom. Sem dar liçons mas sem esperar sermos aprendizes de absolutamente ninguém. E para isto pouco ajudam as declaraçons sobre exclusons e outro tipo de piruetas dialéticas, regalando em demasiadas ocasions o capital simbólico do nacionalismo e da esquerda ao BNG. O que compre saber é se os diferentes agentes vam respeitar os debates que se dem desde baixo. O resto deveria ficar em anedota.

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