Algumhas mentiras sobre o reintegracionismo

Recentemente tivem a enéssima polémica cibernética a conta da norma que deve seguir a língua galega. Nom quero fazer excessiva publicidade ao botarate que prendeu lume na palheira porque isso significaria umha vitória para ele. Como já dixem, a gente que promove o ódio ideológico e lingüístico apenas provoca infeçom, e as infeçons há que cortá-las. E as pessoas que promovem o cainismo devem ser neutralizadas e devidamente desacreditadas.

Digo isto porque o maledizente em questom, que defende a censura em qualquer méio escrito aos reintegracionistas, e que acusa à corrente reintegracionista de cumplicidade com Galicia Bilingüe, goça, polo que puidem aprezar, da confiança de algumha gente com poder, vaia, gente que tem a chave de subsídios e outras ferramentas para a atividade artística e cultural, e que depois o indivíduo ao que me refero de maneira elíptica nom tem empacho em pressumir de utilizar de maneira descriminatória. Em qualquer caso, quero responder a certos lugares comuns que circulam para desqualificar o reintegracionismo.

“O reintegracionismo pretende que falemos como na Idade Meia”

O reintegracionismo pretende reintegrar a língua galega da Galiza na lusofonia, ninguém no seu sano juízo terá a quimera de que falemos como no Século XIII. Evidentemente há um abismo entre o conceito da unidade lingüística do galego-português e a ideia de que “o galego e o português som duas línguas diferentes, ainda que muito semelhantes”. Esta segunda ideia justifica a ruptura com a grafia histórica em que num ponto indeterminado dos “Séculos Escuros” houvo um cisma entre as falas desta beira do Minho e as do Sul. Ainda assim, por exemplo, no portal ethnologue.com afirma-se que “galego” e “português” tenhem um 90% de léxico comum. Motivos há mais do que sobrados para acreditar na conveniência e na viabilidade do caminho reintegracionista.

“O reintegracionismo é cousa de elites”

O corpo social do reintegracionismo componhem-no centos de pessoas anónimas que realizam trabalho voluntário em centros sociais como O Fuscalho na Guarda, o Gomes Gaioso na Corunha, a Fundaçom Artábria em Ferrol, A Gentalha do Pichel em Compostela... o isolacionismo tem umha visom dos reintegracionistas que nom se corresponde com a realidade atual do reintegracionismo. Tende-se a pensar que todos os reintegracionistas som artistas, inteletuais, gente do ensino universitário, mas a parte mais dinámica do reintegracionismo está conformada por estudantes, gente trabalhadora, gente desempregada...nos centros sociais de orientaçom reintegracionista promovem-se atividades do mais diverso (passes de cinema, recitais de poesia, jornadas de debate, concursos gastronómicos, atuaçons musicais...) todas com o comum denominador de socializar a língua, e todas accessíveis para um abano bem amplo de público, portanto nom fai sentido esse cliché de elitismo.

“O reintegracionismo nom é fidel à fala popular”

A isto poderiamos responder que o isolacionismo também nom é tal, em qualquer caso falamos em línguas e nom em normativas, umha realidade tam evidente que só quem nom a queira ver nom a capta. Umha cousa é como falamos e umha outra diferente é como representamos graficamente o que falamos. Assim de simples. Por seu turno, o que nom faria sentido é dar carta de natureza sem mais a palavras castelhanas ou modismos castelhanos introduzidos na fala por contaminaçom e num contexto de coexistência conflitiva e desigual. Sem lugar a dúvidas, acho mais coerente tomar palavras do padrom português do que dar por boas palavras em espanhol.

A maioria do povo rejeita o reintegracionismo

O povo tem umha consciência residual de proximidade com o português que o leva a intuir que na prática o entendimento com os falantes de português é possível apesar das dificuldades polas diferenças fonéticas ou lexicais. A maioria do povo afirma que “o galego nom é português, mas é muito parecido”. As resistências que poida haver contra o reintegracionismo som basicamente as que há contra a norma do ILG. Simplesmente o povo nom deseja as moléstias que lhe poderia originar um processo normalizador e normativizador do galego que gerasse responsabilidade pola sua parte, ainda que evidentemente as normalizaçons e as normativizaçons “indoloras” nom existem. Por seu turno, é evidente que parte da hostilidade cara o reintegracionismo parte de posicionamentos supremacistas espanhois. O supremacismo espanhol nom quer galego nem português, e muito menos quer que bote raíz umha consciência plena de unidade lingüística galego-portuguesa.

“O isolacionismo é maioritário e o reintegracionismo é a opçom de umha minoria marginal”

O reintegracionismo cresceu de umha maneira espetacular nas duas últimas décadas, ainda assim podemos admitir que o isolacionismo continua a ser maioritário a respeito do reintegracionismo (haveria que ver quanto desse isolacionismo é tal por defeto e quanto por excesso) O que está claro é que o reintegracionismo cobrou, com a apariçom dos centros sociais um dinamismo e umha vissibilidade que tem efeitos multiplicadores. Ignorar o labor meritório de toda umha rede popular que está a recuperar tradiçons, que está a dinamizar a cultura nos bairros e freguesias e que está fazendo defesa e revalorizaçom da língua desde umha pesrspetiva reintegracionista, é simplesmente de néscios e de fanáticos

Conclusom

Concluo com este pequeno alegato que coloquei no meu facebook: Eu nom sou mais listo, nem mais especial, nem melhor que ninguém porque seja reintegracionista. Eu nom me sento parte de nengumha elite. Eu, simplesmente, escolhim o caminho que me parecia correto. A corrente reintegracionista nom fai mais do que crescer em relaçom com a isolacionista, mas ainda assim eu poderia admitir que o uso da grafia espanhola é maioritário. Se o isolacionismo conseguisse que a maioria esmagadora da sociedade galega assomisse os seus postulados, ao melhor eu deveria plantejar-me umha "rendiçom", mas nom é assim. Som maioria com relaçom a nós, mas nom som a maioria social. A maior parte do povo é alheia a estas questons. Oxalá a maioria desse 40% que tem o galego como primeira língua na Galiza fossem isolacionistas convencidos e escreveram, leram e falaram em galego ajustando-se à norma do ILG sempre e com correçom. Mas todos sabemos que muitos galegofalantes sentem rejeiçom pola norma do ILG e por qualquer norma. Pois bem, esse é o problema. Isolacionistas e reintegracionistas nom somos inimigos, somos adversários dialéticos. Há que saber distinguir umha cousa da outra...

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