Da política de facto à política de jure. Ou de como o sapateiro de Braga falava também de língua

Cadriño de Davila sobre a situación da lingua © Luis Davila

Houve em tempos um sapateiro filósofo em Braga que se tornou famoso pelas suas expressões, uma de uso comum em Portugal que tem a ver com a ideia de igualdade, a ausência de discriminação ou de favoritismo, diz assim: “ou há moralidade ou comem todos”.

Toda uma declaração de princípios em que se pode incluir neste caso que “a bola está do vosso lado”, do lado de quem não carrega com esse problema, mas tampouco usufrui das vantagens de ver o mundo com óculos lusófonos. Falemos claro, o galego está a ir mal não está? Ok, nós estamos cá pra ajudar (olha que até nunca nos fomos a outro lugar!). E trazemos connosco um pendrive novinho em folha e cheiinho de propostas.

Falamos mais uma vez da proposta binormativa da AGAL, que em síntese procura a aceitação por parte do governo das duas normas gráficas em uso -a atual grafia autonómica e a atual grafia comum (ou portuguesa)-.

Vamos a isso!

Já de início parece conveniente mostrarmo-nos nem que seja por motivos éticos (sejamos ou não da parte discriminada atualmente) em favor de acabar com o atual apartheid que discrimina falantes por causa da grafia que usam para reproduzir a sua língua.

Para além de linguistas, profissionais ou apaixonadas pela língua (ou por ciências referidas a esta), a língua interessa a todas e usa-se, sim, utiliza-se, à margem de isto tudo para o assunto primordial, comunicar e expressar a própria identidade. 

Cada um com a sua. 

Escreve como queiras pois a língua é tua, como é minha. 

É vossa, como é nossa. 

Acabou a história dos “donos” privativos da língua. 

Dos amos da verdade. Acabou o moralismo, a beatice. 

Constantino is dead, Filgueira dead, Fraga also is dead. Acabou o franquismo-galeguismo. 

Entendes? 

Entedes. Também eu.

Atualmente as pessoas que usamos a grafia comum somos dentro do País um número significativo, muito ativo e culturalmente relevante, mas escrevemos duma maneira que oficialmente “não existe”. 

Um grupo diverso mais interessante ainda se analisarmos quem são, por que escolhem fazer parte, e que modelo de língua estão a utilizar muitas das novas falantes.

A AGAL propõe unir forças galeguizadoras desde a aceitação da diversidade atual tornando oficial de jure aquilo que de facto já é uma realidade: que há duas grafias em uso e que isso não gera maiores dificuldades a falantes de um ou outro modelo…

Deixarmos atrás a negação oficial das dissidentes. 

Aceitarmos a existência de um número nada desprezível de falantes que usamos a grafia portuguesa será um novo avanço em comum para todas, até (ou sobretudo) para as oficialistas. 

Em que é que podemos ajudar?

A modo de exemplo iremos lembrar uma charge do grande Luis Da vila em 2016. 

Do ponto de vista oficialista os desenhos animados modernos que não saírem na TVG são factores que criam futuras falantes de castelhano.

Ora, perguntem a uma pessoa lusista! 

De certeza que têm alguma por perto….. Ela contará-lhes que a Porquinha pepa, o Pocoyo, Ben & Holly os Pijamasks ou a Dora aventureira são “o melhor” de ter Internet em casa, são os “novos heróis” dos seus filhos. Com eles aprendem português, aprendem a falar melhor galego e sentem que a sua língua é “tão boa” como a castelhana. 

Os desenhos animados em português são os nossos aliados. 

Escrever podes escrever como queiras, isso é o que nós sempre defendemos, mas quando fores consumir em castelhano (porque não encontraste conteúdos ou produtos em galego…..) antes pergunta a um lusista! Um qualquer desses que tenhas por perto… Nós já temos postos os óculos lusófonos de tempo atrás, podemos ajudar naquilo que precisarem. 

Esta proposta de aceitar as duas grafias, de reconhecimento legal dos gays da fala, das lesbianas da língua, poderá chegar a bom porto em qualquer momento, mas precisará da ajuda das pessoas que utilizades o galego autonómico, dos que sodes heteronormativos. 

Sim, as nossas convivências são um facto mas não são ainda reconhecidas de jure. O matrimónio português de seres da mesma norma tem de ser também legal no nosso País. 

Isto,….peraí, alguém falou em dificuldades legais? 

Não encontro quais poderá trazer aceitar mais uma grafia, sobretudo quando olhamos para realidades como a atual edição do DOGA (Diário oficial da Galiza) em "português”, "galego" e ”castelhano” e verificamos que isto não levantou nem levanta qualquer problema para a administração, muito menos para as pessoas.

Voltemos ao início da nossa história. 

Deixemos, para todo o sempre, bem fechada a moralidade franquista no baú da história. 

É este um clamor sossegado: “Ou comemos todas ou há moralidade”.

 

Da política de facto á política de jure. Ou de como o zapateiro de Braga falaba tamén de lingua

Hoube en tempos un zapateiro filósofo en Braga que se tornou famoso polas súas expresións, unha de uso común en Portugal que ten a ver coa idea de igualdade, a ausencia de discriminación ou de favoritismo, di así: “ou hai moralidade ou comen todos”.

Toda unha declaración de principios en que se pode incluír neste caso que “a bóla está do voso lado”, do lado de quen non carga con ese problema, mais tampouco usufrue das vantaxes de ver o mundo con óculos lusófonos. Falemos claro, o galego está a ir mal non está? Ok, nós estamos aqui para axudar (olla que até nunca nos fomos a outro lugar!). E traguemos connosco un pendrive noviño en folla e cheíño de propostas.

Falamos máis unha vez da proposta binormativa da AGAL, que en síntese procura a aceptación por parte do goberno das dúas normas gráficas en uso -a actual grafía autonómica e a actual “grafia comum” (ou portuguesa)-.

Vamos a iso!

Xa de inicio parece conveniente mostrarmo-nos nin que sexa por motivos éticos (sexamos ou non da parte discriminada actualmente) en favor de acabar co actual apartheid que discrimina falantes por causa da grafia que usan para reproducir a súa lingua.

Para alén de linguistas, profesionais ou apaixonadas pola lingua (ou por ciencias referidas a esta), a lingua interesa a todas e úsase, si, utilízase, á marxe disto para o asunto primordial, comunicar e expresar a propia identidade. 

Cada un coa súa. 

Escribe como queiras pois a lingua é túa, como é miña. 

É vosa, como é nosa. 

Acabou a historia dos “donos” privativos da lingua. 

Dos amos da verdade. Acabou o moralismo, a beatice. 

Constantino is dead, Filgueira dead, Fraga also is dead. Acabou o franquismo-galeguismo. 

Entendes? 

Entedes. Tamén eu.

Actualmente as persoas que usamos a grafia comum somos dentro do País un número significativo, moi activo e culturalmente relevante, mais “escrebemos” dunha maneira que oficialmente “non existe”. 

Un grupo diverso máis interesante aínda se analizarmos quen son, por que escollen formar parte, e que modelo de lingua están a utilizar moitas das novas falantes.

A AGAL propón unir forzas galeguizadoras desde a aceptación da diversidade actual tornando oficial de jure aquilo que de facto xa é unha realidade: que hai dúas grafías en uso e que iso non xera maiores dificultades a falantes dun ou outro modelo?

Deixarmos atrás a negación oficial das disidentes. 

Aceptarmos a existencia dun número nada desprezabel de falantes que usamos a grafía portuguesa será un novo avance en común para todas, até (ou sobre todo) para as oficialistas. 

En que é que podemos axudar?

A modo de exemplo iremos lembrar unha “charge” do grande Luis Da vila en 2016. 

Do punto de vista oficialista os deseños animados modernos que non saíren na TVG son factores que crean futuras falantes de castelán. 

Ora, pregunten a unha persoa lusista! 

De certeza que tendes algunha por perto... Contaravos que a Porquinha pepa, o Pocoyo, Ben & Holly os Pijamasks ou a Dora aventureira son “o mellor” de ter Internet en casa, son os “novos heroes” dos seus fillos. Con eles aprenden portugués, aprenden a falar mellor galego e senten que a súa lingua é “tan boa” como o castelán. 

Os deseños animados en portugués son os nosos aliados. 

Escribir podes escribir como queiras, iso é o que nós sempre defendemos, mais cando fores consumir en castelán (porque non encontraches contidos ou produtos en galego?..) antes pregunta a un lusista! Un calquera deses que teñas por perto? Nós xa temos postos os óculos lusófonos de tempo atrás, podemos axudar naquilo que precisaren. 

Esta proposta de aceptar as dúas grafías, de recoñecemento legal dos gays da fala, das lesbianas da lingua, poderá chegar a bon porto en calquera momento, mais precisará da axuda das persoas que utilizades o galego autonómico, dos que sodes heteronormativos. 

Si, as nosas convivencias son un feito mais non son aínda recoñecidas de jure. O matrimónio portugués de seres da mesma norma ten que ser tamén legal no noso País. 

Isto,...peraí, alguén falou en dificultades legais? 

Non encontro cales poderá traer aceptar máis unha grafía, sobre todo cando ollamos para realidades como a actual edición do DOGA (Diario oficial da Galiza) en "portugués”, "galego" e “castelán” e verificamos que isto non levantou nin levanta calquera problema para a administración, moito menos para as persoas.

Volvamos ao inicio da nosa historia. 

Deixemos, para todo o sempre, ben “fechada” a moralidade franquista no baú da historia.

É este un clamor sosegado: “Ou comemos todas ou hai moralidade”.

Grazas ás socias e socios editamos un xornal plural

As socias e socios de Praza.gal son esenciais para editarmos cada día un xornal plural. Dende moi pouco a túa achega económica pode axudarnos a soster e ampliar a nosa redacción e, así, a contarmos máis, mellor e sen cancelas.