Eu nom quero ser espanhol

Umha das polémicas que se deu durante a campanha das eleiçons catalás dá-me pé a escrever este artigo. Porque, com efeito, eu quero deixar de ser espanhol e nom poido. Nom tenho nengum interesse em ser espanhol, nom me sento identificado com o que se dá em chamar a pátria espanhola, nem gosto do seu estado, nem das suas leis, nem das suas instituiçons...nom me sento ideológica, nem cultural, nem sentimentalmente ligado à Espanha.

Mas, curiosamente, di a Constituiçom Espanhola que nom se pode despossuir da nacionalidade a nengum espanhol de origem, e, claro, isto inclui a quem tenha nascido em território espanhol. Tal cousa implica que se amanhá desperto numha Galiza independente, continuarei a ser espanhol. Porque além disto tudo, dá-se a circunstáncia de que nom há previsto nengum trámite ou mecanismo a seguir para quem nom deseje essa condiçom de súbdito da Espanha.

Eu nom desejo a cidadania espanhola, nom quero que o estado espanhol me inclua como partícula da sua base humana. Parece-me perverso esse paternalismo de decidir por mim. É curioso, fala-se do esvaziamento de direitos que se produziria em qualquer território do estado espanhol que se proclamasse independente, a respeito daquelas pessoas que desejarem continuar sendo espanholas...mas a Constituiçom Espanhola já prevê o direito dessas pessoas a conservar a nacionalidade.

Paradoxalmente, estes ultraliberais tam defensores das liberdades individuais, nom contemplam os direitos de quem nom quer umha nacionalidade.

Eu nom quero ser espanhol, nom quero obedecer as leis do estado espanhol, nom reconheço ao rei espanhol, nem aos juízes espanhois. O exército espanhol é invasor nom já no meu país, mas no meu espaço vital. A polícia espanhola importuna-me. Quero autodeterminar-me num rádio de três metros. Onde o tenho que solicitar?

Estou farto de que me queiram integrar no pensamento único, que me digam que me tenho que alegrar dos sucessos desportivos da Espanha, que tenho que sentir-me identificado com a indústria cultural espanhola e os seus engendros, que tenho que sentir a língua espanhola como prórpia. Que me digam que nom poido pôr em causa a nengumha lei ou autoridade espanhola “porque tú eres español”. O quê tenho que fazer?

É curioso, verdadeiramente curioso, que te incluam forçosamente numha comunidade política à que nom desejas pertencer, e nom tenhas possibilidade de corrigir essa situaçom.

Dadas as circunstáncias, umha vez comprovado que a autodeterminaçom como direito coletivo de um povo nom existe no “Planeta Espanha”, porque só há cidadania espanhola e as outras identidades coletivas só tenhem direitos políticos outorgados pola única e indivisível Espanha, quero deixar de ser cidadao espanhol, para assim ser o que realmente quero ser. Porquê um indivíduo nom pode apostatar da sua nacionalidade burocraticamente assignada?

Seqüestram a vontade coletiva dos povos e também a dos indivíduos. Eu quero ser umha república socialista, feminista, ambientalista e democrática. Ser umha molécula que transite livre do justilho espanhol na procura de mais moléculas que vaiam formando átomos, que esses átomos vaiam constroindo umha realidade com maior liberdade e justiça. Algumha maneira haverá de nom ser espanhol!!!

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