Para conseguir separar o hidrogénio das moléculas da auga, precissan-se umhas instalaçons de electrólise que nom se constroem magicamente, antes mediante processos de mineraçom, fundiçom, metalurgia, ensamblagem, soldadura, etc. todas elas emissoras de carbono. A isto cumpre acrescentar as posteriores emissions para a sua armazenagem em depósitos especiais ou o seu transporte
O passado dia 21 publicava Nós Diario umha breve entrevista com Jacobo Porteiro, investigador en tecnologias energéticas do CINTECX da Universidade de Vigo, na qual se vertiam umha série de afirmaçons que considero preciso desmentir ou, quando menos, esclarecer. A primeira, que se nom abandonamos os combustíveis fósseis, "vai mudar o nosso mundo tal e como o conhecemos", por causa da alteraçom climática a eles associada. A respeito disto cumpre deixar claras várias cousas de transcendental importáncia, a começarmos polo facto de que, se nom abandonamos os combustíveis fósseis antes, eles vam abandonar-nos a nós, pois som finitos e já estám em fase de declínio ou próximos dela (Peak Oil, Peak Gas, Peak Coal). Fatih Birol, da Agência Internacional da Energia, já o dixera na altura de 2008: "Abandonemos o petróleo antes de ele nos abandonar a nós". Por outro lado, o mundo que conhecíamos já está a mudar, e em boa parte de maneira irreversível por centos ou milheiros de anos: a estabilidade climática do Holoceno está a desaparecer e entramos num clima de tipo caótico que pom em risco mesmo a base mesma da civilizaçom humana: a agricultura. Por nom falarmos da trágica alteraçom do mundo vivo que representa a Sexta Extinçom Maciça, provocada desta feita polo meteorito da civilizaçom industrial-capitalista. Assim pois, é claro que precisamos de abandonar os combustíveis fóssiles logo, mas nom para tentarmos evitar umha alteraçom que já é umha realidade, mas si para evitarmos que essa mudança seja absolutamente catastrófica e nos leve à extinçom, como bem assinala o lema do movimento internacional Extinction Rebellion.
A continuaçom o especialista fai umha afirmaçom surpreendente, ao botar a culpa de nom avançarmos "na direçom que está programada" (na Transiçom Energética, entende-se) a acontecimentos geopolíticos "como a invasom da Ucránia ou a de Palestina". Se nom se avança, na realidade é porque nom há verdadeira vontade política, e porque essa transiçom é um caminho inviável tal como está "programada" na atualidade. Um avanço real para o abandono das energias fósseis só pode fazer-se abandonando a teima polo crescimento económico infinito, conseqüência do modelo capitalista: isto é, a transiçom que precisamos nom é apenas umha substituiçom dumhas energias por outras, antes umha radical mudança do sistema metabólico da civilizaçom humana, e isso passa obrigatoriamente por descartar um sistema capitalista que se tornou inviável no momento em que bateu com os limites biofísicos do planeta. E como nom é assim que se formula, nom pode haver avanços, e apenas estamos a esbanjar recursos e a sacrificar territórios sob o pretexto dumha transiçom fake, sem conseguirmos reduzir as emissons de gases de efeito de estufa.
Contodo, a maior propaganda que incluem as declaraçons de Porteiro consiste na sua afirmaçom de o hidrogénio obtido de fontes renováveis (o verde) ser "central" para terminarmos com a dependência galega dos combustíveis fósseis (que segue a ser de c. 75%), agravada com a absoluta falsidade de que este hidrogénio verde "nom tem pegada de carbono". Comecemos por isto segundo, o máis fácil de desmontar: para conseguir separar o hidrogénio das moléculas da auga, precissan-se umhas instalaçons de electrólise que nom se constroem magicamente, antes mediante processos de mineraçom, fundiçom, metalurgia, ensamblagem, soldadura, etc. todas elas emissoras de carbono. A isto cumpre acrescentar as posteriores emissions para a sua armazenagem em depósitos especiais ou o seu transporte. E, obviamente, também a construçom dos aerogeradores ou placas fotovoltaicas, com os quais se gera a electricidade imprescindível para eletrolisar a auga. Em conjunto, os estudos do chamado ciclo de vida (LCA) estimam que a pegada de C do H₂ verde é de 0,6 kg de CO₂ por kilo de H₂, no caso de se fazer a electrólise com electricidade de origem eólica, ou de 2,5 kg de CO₂ se for fotovoltaica. Se além disso tivermos em conta o efeito indireto sobre o clima a causa das inevitábeis fugas do gas máis leve do universo, a equivalência do efeito pode subir até mais de 3 kg de CO₂/kg de H₂, em funçom do tipo de armazenagem e transporte. Se compararmos isto com a produçom maioritária hoje, a partir de gás fóssil (o chamado hidrogénio cinzento), representa umha evidente reduçom, pois este emite quase 14 quilos de CO₂, mas é claro que está longe de ser nula, como afirma este investigador.
Além da sua maior ou menor pegada de carbono, tampouco fai sentido pretender que a energia fóssil que hoje consumimos poda ser substituída mediante este gás. Em primeiro lugar porque nom é umha fonte energética, mas um vetor, umha maneira de guardar umha energia que temos que tirar previamente doutro lado (para fazer a electrólise), isto é: nom vem sendo mais do que umha espécie de bateria
Igualmente, além da sua maior ou menor pegada de carbono, tampouco fai sentido pretender que a energia fóssil que hoje consumimos poda ser substituída mediante este gás. Em primeiro lugar porque nom é umha fonte energética, mas um vetor, umha maneira de guardar umha energia que temos que tirar previamente doutro lado (para fazer a electrólise), isto é: nom vem sendo mais do que umha espécie de bateria. Portanto, se o problema é que temos que encontrar substituto para umhas fontes energéticas que se esgotam e que nos estám a encaminhar cara à extinçom, obviamente algo que nom é umha fonte nom nos serve. Mas o problema com esta pretensom é também de escala, porque para armazenar em forma de H₂ umha quantidade de energia como a que hoje lhes fornecem à economia e lares galegos o gás fóssil e o petróleo (mais de 8.000 ktep, equivalentes a c. 95 TW·h anuais), deveríamos incrementar a produçom de eletricidade em máis de 400%, já que produzir hidrogénio por eletrólise requer entre 50 e 55 kW·h por cada kg de H₂. Isto, num país inçado de barragens e de polígonos eólicos com os quais já produz máis eletricidade da que precisa (140%), só pode levar a aprofundar no carácter de colónia energética da Galiza. À eletricidade sobrante que agora levam para Madrid ou para outras zonas industriais do Reino de Espanha, querem agora que acrescentemos um hidrogénio que nom vai servir para substituír o gasóleo dos nossos tratores e camions ou a gasolina dos nossos carros, antes para alimentar industrias do norte da Europa. É algo tam evidente que abonda escuitar as declaraçons de Pedro Sánchez e outros membros do governo espanhol ou das grandes empresas do oligopólio energético, falando de que "o hidrogénio é a energia do futuro" e de que querem converter Espanha num "hub" da produçom de hidrogénio, bem comunicada por hidrodutos com o resto da UE. E ainda assim, sabe-se que nem mesmo enchendo Europa de tarabelos eólicos ou de placas fotovoltaicas, se daria produzido a energia equivalente à que hoje consome a UE de fontes fósseis, e que vai haver que obtê-la de África (exemplo: o megaprojeto no rio Inga no Congo), manu militari se for precisso, como leva tempo advertindo o cientista do CSIC Antonio Turiel.
Isto nom quer dizer que certa produçom local de hidrogénio por fontes renováveis nom pudesse ser útil para certos nichos industriais e de transporte no nosso país. Por exemplo, alí onde a eletrificaçom directa ou mediante baterias nom é viável, como a navegaçom marítima, algúns veículos e maquinarias pesados ou indústrias galegas que precisam de alta densidade energética
Isto nom quer dizer que certa produçom local de hidrogénio por fontes renováveis nom pudesse ser útil para certos nichos industriais e de transporte no nosso país. Por exemplo, alí onde a eletrificaçom directa ou mediante baterias nom é viável, como a navegaçom marítima, algúns veículos e maquinarias pesados ou indústrias galegas que precisam de alta densidade energética. Nesses casos contados, umha maneira altamente ineficiente, poluente e custosa de armazenar o nosso excedente elétrico, como é a produçom de hidrogénio, poderia valer a pena. Mas deveria fazer-se pensando mui bem o impacto ambiental que tem (no pioramento do caos climático tanto por emissions de CO₂ como polas mui importantes fugas inerentes ao próprio hidrogénio, na auga empregada, etc.), numha escala razoável e orientada às necessidades básicas da sociedade galega, e nom multiplicando as custosas (energética, económica, social, ambiental e climaticamente) instalaçons eólicas ou de biomasa polo nosso território para servirem economias e interesses alheios. O próprio Porteiro parece reconhecer e defender de maneira bastante explícita esse papel de colónia energética de Galiza: "Todas as rotas que passan pola Galiza podem transportar esses mesmos combustíveis".
Isso si, finaliza a entrevista o perito do CINTECX cumha defesa do papel das instituçons "frente aos poderes económicos" a qual soa mui bem, mas matizando ato contínuo que a defesa dos intereses sociais deve facerse "por cima de interesses económicos de certas multinacionais". Somente se som "multinacionais" e somente "certas" delas, curiosamente. Na página de sócios deste centro de investigaçon dependente da universidade pública viguesa encontramos cerca dum cento de empresas, algumas delas tam galegas como Repsol, Ferrovial, Acciona, Votorantim, Yamaha ou Stellantis. Se calhar isso explique algumhas cousas. Entretanto, a sociedade galega continua profundamente desinformada acerca do que implica na realidade o necessário fim das energias fósseis e umha Transiçom Energética viável e justa com o nosso país.