A jornada de greve no ensino público convocada na semana passada serviu para coroar a um novo rei, um rei sem reino, incompreendido, que tem grandes e magníficos planos para tod@s nós, planos que ninguém se molestou em conhecer na sua profundidade e dos que portanto, todos confundimos a sua intencionalidade.
A jornada de greve no ensino público convocada na semana passada serviu para coroar a um novo rei, um rei sem reino, incompreendido, que tem grandes e magníficos planos para tod@s nós
Que nom, que os miles de pessoas que se manifestarom na Galiza nom conseguem perceber que a LOMCE nom é para o que parece que é. Quem se opom à LOMCE, nom leu a lei.
Pois confesso que eu nom lim a “lei Wert” e confesso que sou contrário a ela. Confesso que esse é o caso de muitas pessoas que conheço, e que ainda assim nom passariam por desinformadas. Admito que com toda certeza, nessa situaçom ham de estar a maioria dos que participarom na greve e nas manifestaçons. Também afirmo que isso nom desautoriza ao grosso da massa opositora.
Pobre maneira de censurar os posicionamentos contrários, a de conceder-lhes maior ou menor credibilidade segundo o grao de conhecimento literal de umha lei
Pobre maneira de censurar os posicionamentos contrários, a de conceder-lhes maior ou menor credibilidade segundo o grao de conhecimento literal de umha lei. Entom, o povo tem que conhecer literalmente as leis que lhe afetam? Se fazemos caso dessa lógica, entom nunca o povo poderia opinar sobre questons que incidem diretamente na sua vida.
Eu nom conheço a literalidade da reforma laboral, por exemplo, mas sou contrário a ela. Nom necessito conhecer. Se a própria propaganda oficial me está a dizer que com a reforma laboral se alarga a idade de aposentamento, que as empresas se podem desmarcar dos convénios coletivos e rebaixar salários “por motivos de produçom”, que se promove o despedimento livre, entom nom necessito mais para estar em contra da reforma laboral. E a imensa maioria da classe trabalhadora no seu dia compreendeu perfeitamente que, contra o que nos queriam fazer ver, esta reforma nom favorecia a criaçom de novos empregos: em qualquer caso o que favorecia era a exploraçom laboral, os EREs fraudulentos e a tam espanholíssima “cultura del pelotazo”. E por isso, o rejeitamento contra a reforma laboral foi massivo, ainda que é umha pena que as centrais com capazidade real de mobilizaçom tenham os posicionamentos que tenhem (e a cúpula sindical tenha os interesses que tem)
A imensa maioria da classe trabalhadora no seu dia compreendeu perfeitamente que, contra o que nos queriam fazer ver, esta reforma nom favorecia a criaçom de novos empregos
Sem perdermos o fio, valha esta analogia para explicarmos que com efeito, todas as pessoas que se manifestárom contra a LOMCE tenhem direito a manifestar a sua oposiçom contra essa lei, e o desconhecimento do texto nom as despossui de fundamento para estarem em contra.
Se a própria propaganda oficial di que esta lei vai blindar o direito à educaçom sectária com métodos tam manifestamente anti-pedagógicos como a segregaçom por sexos, que se vai pôr a religiom (católica) ao mesmo nível que a História ou a Matemática, que se vai favorecer o ensino privado e mesmo a intromissom do setor privado no ensino público, que se vai restar peso no currículo ao galego com o cavalo de Troia do inglês, que se vam pôr barreiras académicas para a promoçom nos estudos que afinal som barreiras sociais... entom nom necessitamos lêr o tocho da lei.
Se a própria propaganda oficial nos anuncia que a reforma educativa vai na direçom oposta à que sempre defenderom os posicionamentos mais progressistas desde umha amplia diversidade ideológica, quê mais necessitamos saber?
Se a própria propaganda oficial nos anuncia que a reforma educativa vai na direçom oposta à que sempre defenderom os posicionamentos mais progressistas desde umha amplia diversidade ideológica, quê mais necessitamos saber?
Quem sempre defendemos que a educaçom religiosa era cousa da família e da própria comunidade religiosa à que um pertença, se é que pertence a algumha; quem sempre defendemos que a educaçom devia ser em galego; quem sempre acreditamos que a educaçom era um bem social para entre outras cousas socializar cultura e conhecimentos e portanto corrigir desigualdades; quem sempre argumentamos que para educar na igualdade e para a igualdade nom se podiam nem diferenciar conteúdos, nem atividades, nem espaços segundo sexos, obviamente estamos contra esta lei, porque nos sobram motivos para estar contra esta lei.
Quê é o que nos querem fazer acreditar, que o ensino vai funcionar melhor se na escola formamos o “batalhom dos listos” e o “batalhom dos parvos” como quando faziamos a tropa? Quê é o que pretendem que acreditemos, que o ensino vai funcionar melhor se começamos as aulas com o Pai Nosso e o sinal da cruz, como faziamos há trinta anos? Quê pretendem que admitamos, que meter o sachaço da reválida vai server para apreender mais e elevar o nível acadêmico? Estám tolos estes romanos, que diria o Astérix...
Nem que dizer tem que segregar em razom de capazidades inteletuais só pode justificar-se admitindo que o intuito real é satisfazer o sistema de produçom capitalista: as elites por um lado, a arraia miúda polo outro; o mesmo poderiamos dizer da segregaçom por sexos, com o acréscimo de que além disso quer-se obedecer a decrépita moral católica, sempre machista e missógina, temerosa da mulher.
Nom tem discusom também o facto de que a religiom como matéria avaliável é umha blindagem dos privilégios da Igreja Católica no sistema educativo espanhol; a medida fai-se pensando na Igreja Católica numha realidade predominantemente católica ainda que for por defecto e “daquela maneira”. Haveria que ver em quê medida a Conselharia de Educaçom, no caso da Galiza, se esforçaria em procurar um docente que impartilhasse religiom presbiteriana, evangélica, mussulmá, etc. Mas o debate real é, mais umha vez: é competência da escola essa parte da educaçom?
Das reválidas, quê dizer? Chumbando ao pessoal eleva-se o nível e acaba-se com o fracasso escolar?
Das reválidas, quê dizer? Chumbando ao pessoal eleva-se o nível e acaba-se com o fracasso escolar? Nom me casam as contas...queremos que os salmons alcancem o alto do rio ponhendo-lhes mais fervenças? Queremos que mais estudantes acabem os seus estudos ponhendo-lhes mais barreiras para peneirar mais? Ou eu tenho um problema de compreensom ou no relato algum ponto há contraditório! Por certo que aquí vem um ponto interessante; quem vai fazer um suculento negócio com isto das reválidas? Prémio! Atinastes! As academias, porque quem nom passar umha reválida ao final do curso, terá que prepará-la com explicaçons particulares nalgum lugar que nom seja o seu centro de ensino, se é que estuda na ecola pública. Porque, muito falar de qualidade do ensino, mas por nengum lado se menciona nem se contempla umha medida tam simples de tomar como a de contratar professorado de aopoio para o verao!!!
E a questom lingüística na LOMCE, como sempre é um reflexo desse dogma supremacista que tem ao espanhol como língua intocável e ao inglês como argumento simbólico para deslocar ao galego. Já se tem dito que o inglês vai server para que o espanhol entre por defecto em aulas onde até há pouco o que se falava era galego. Conhecem bem as inércias quem dessenharom esta lei e conhecem também a realidade de um professorado que nom tem preparaçom para dar aulas em inglês. Rapidamente comprovaremos como isto nom vai valer para que se eleve o nível de inglês, que é nefasto a dia de hoje, e sim para que as geraçons que venhem aí sejam incapazes de se expressar em galego.
Esquece que esta lei foi objecto de estudo crítico por todo o movimento associativo e sindical à volta do ensino e discutida e analizada em infinidade de debates públicos e assembleias
Por isso, eu estou contra a LOMCE, esse ambiciosíssimo e audazmente “inovador” projeto de Joseph Ignatius Primus. Ainda que sei que ele despreza a minha opiniom e os meus motivos. Também tenho que dizer que se calhar quando a Sua Majestade despreza por ignorantes aos plebeios que nos revoltamos contra os seus planos, esqueça que esta lei foi objecto de estudo crítico por todo o movimento associativo e sindical à volta do ensino e discutida e analizada em infinidade de debates públicos e assembleias. Há, nesta altura um monte de literatura acerca do tema; panfletos, artigos e estudos críticos. Inteirar-me de quê vai copla por esses méios é pior que inteirar-me por La Voz de Galicia? Porquê, Joseph Ignatius???