Literatura galega até quando?

Marcos Calveiro, galardoado aqui tanto como na Terra de Fora, confessa no blogue Biosbardia não precisar escrever. Não pode, afirma também, dedicar-se integralmente à literatura. Depois de tanto esforço —muito, acreditem— agora, em fim, não pode; ele que, como algumas outras, pode bem representar o possível relevo dos atuais Prémios Nacionais (espanhóis) de Literatura. Isto é com certeza apavorante, e porém menos abafante que o silêncio que se ouve, sistémico e estridente, à volta de tão trágica decisão para as nossas letras.

E isto por que? Se calhar porque há demasiados filgueiras-valverdes e demasiados museus-de-pontevedra onde a cultura galega poderá desfrutar de um espaço “digno”, um local em que se “pôr em valor”, em seu justo valor, aquilo que um dia foi a cultura galega. Eu sei: há gente que não quer fazer parte de uma —por fim será reconhecida como tal— reserva indígena, sem hipóteses para normalizar aquilo que está a ser ocultado desde há séculos, algo telúrico e à vez metafísico que no entanto só morrerá se continuarmos a assumir a frustração, a impotência e a culpa de termos sido reis e rainhas da nossa própria vida cultural. Assim como há gente que se conforma com as sobras que deita no lixo a espanholice mesetária, mental ou geográfica.

Parabéns e um grande abraço, Marcos. Às vezes só no fundo se acha terra firme sobre a que erguer algo de valor.

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