Nom desaproveitemos esta oportunidade

“Quando os caminhos rematam começa a viagem”
György Lukács

Ninguém dixo que ia ser doado. O processo de recomposiçom no nacionalismo avança, sendo comentado em diferentes meios e por parte dalguns dos seus protagonistas, sem deixar num segundo plano a crise que sofre nestes momentos a velha política. Saber que nom se tem a verdade absoluta nom é sinónimo de debilidade política, e longe do que pode parecer fortalece ao conjunto, porque obriga ao entendimento desde a diferença. Desculpem se ao utilizar a palavra autocrítica lhes passa pola cabeça algum tipo de artefato soviético, mas nestes momentos parece que é o melhor lugar para começar a dialogar.

Desde o 15M plantejou-se umha emenda à totalidade que é tam velha como o movimento operário mas que permaneceu olvidada durante demasiado tempo: o país que queremos podemos começar a criá-lo em qualquer momento

Todas as formas de entender a esquerda, da socialdemocracia até o comunismo clásico, partírom sempre de que o seu projeto político tinha como meta a apropiaçom da caixa de ferramentas do Estado. Só apartir desse momento poderíamos começar a transformar a realidade. Porém, desde o 15M plantejou-se umha emenda à totalidade que é tam velha como o movimento operário mas que permaneceu olvidada durante demasiado tempo: o país que queremos podemos começar a criá-lo em qualquer momento: conquistas tam importantes como a segurança social e a sanidade pública que hoje desfrutamos, polo menos até que Rajoy e Feijoo assim no lo permitam, respondem a processos de acumulaçom de forças na própria sociedade, de formas de criar riqueza dos que nom tinham nada, desde as bases dos primeiros sindicatos.

Porque nom compartimos totalmente essa ideia? Porque seguramente o que se visualize na campanha eleitoral seja o modelo e a mensagem que posteriormente se imponha

A urgência da vindeira data eleitoral é umha demanda que nasce dende abaixo, e que tem nos tempos a sua principal dificuldade. Se bem nom compartimos a 100% a ideia de que os debates tenhem que vir depois dos comícíos, entendemos que a assembleia constituínte do 14 de julho tem que dar demandas nídias em relaçom a este ponto. Porque nom compartimos totalmente essa ideia? Porque seguramente o que se visualize na campanha eleitoral seja o modelo e a mensagem que posteriormente se imponha. Todos teremos que ceder para que finalmente todos estejamos na nossa casa, ainda que haja elementos dos que nom gostemos. Nesse sentido a amplitude do discurso, a búsqueda dumha linha condutora que sitúe demandas sociais no centro da campanha e avance no reconhecimento dos direitos coletivos do país é um objetivo ineludível.

 

A quem benefícia a divissom?

Existe umha data no calendário, é verdade. Desde já estamos a trabalhar para que seja aberta, e reconhecida por todas e todos

É porque nos sentimos tocados quando um persoeiro destacado deste processo sinala a falta de sintonia com um histórico dirigente da esquerda independentista para compartir lugar numha lista eleitoral, polo que nom podemos sentir-nos à vez tam distantes de determinadas manifestaçons públicas que viriam a situar a CxG numha posiçom direitista e autonomista. Nestes momentos as bases demandam entendimento, demandam responsabilidade e demandam cordura. Estamos num momento de grande importância. Existe umha data no calendário, é verdade. Desde já estamos a trabalhar para que seja aberta, e reconhecida por todas e todos.

Isto nom contradi que, independentemente das responsabilidades e das leituras concretas de todos e cada um dos agentes implicados – e nom apenas de quatro, por certo – tenhamos que saber ler as demandas maioritárias que solicitam a búsqueda de acordos. Quem sabe, se calhar se outros agentes tiveram participado dos debates entre organizaçons políticas hoje estaríamos num cenário mais avançado nas dinámicas locais e comarcais, na aposta político-programática e na posta em andamento desta alternativa. Isso desde logo nom o podemos saber. O que nom podemos aceitar é que neste marco o referente que queremos superar fique pola contra plenamente reforçado mediante a hipótese de naufrágio coletivo, para ver satisfeitas espetativas centrífugas que nom tenhem a ver com o interesse geral dos integrantes do processo.

 

Novas fórmulas para tempos de mudança

Sem começar a debater sobre umha questom de termos, temos que dar-nos conta de que neste momento precisamos buscar umha fórmula organizativa válida, onde cada quem se sinta cômodo

O BNG serviu dende 1982 para unir pequenas organizaçons nacionalistas que tinham intereses diferentes e estavam compostas por elementos com leituras sociais dispares, mesmo atreveria-me a dizer que antagónicas em alguns casos. Com umha organizaçom com grande capacidade organizativa e política, nunca estivemos diante dumha fronte no sentido estrito do termo. Por exemplo, no PT de Lula da Silva dérom-se debates mui duros em relaçom à entrada do governo neste, sem impedir ou sancionar a militância contrária a estas atuaçons, algo que no nosso contexto nom se deu.

Sem começar a debater sobre umha questom de termos, temos que dar-nos conta de que neste momento precisamos buscar umha fórmula organizativa válida, onde cada quem se sinta cômodo, que permita que as diferentes linhas e interesses podam avançar junto com o aumento da consciência nacional. Perante um hipotético cenário de divissom, tal vez umha ideia recurrente poida ser a da federaçom de partidos. Apenas imos ter umha oportunidade.

Perante um hipotético cenário de divissom, tal vez umha ideia recurrente poida ser a da federaçom de partidos. Apenas imos ter umha oportunidade

Por outra parte, o interesse mostrado por entrar dentro do processo de reorganizaçom por pequenas organizaçons de centro-direita, muitas delas cissons do PP, leva-nos a pensar no momento no que estamos a viver: crise económica e social, aumento do paro ou a reforma laboral som argumentos de peso que nos fam reafirmar-nos na necesidade dumha mudança, também em termos sociais. Por outra banda é logico que num momento como este lobbys de pressom tentem condicionar o processo, motivo para seguir insistindo na necessidade de estabelecer vasos comunicantes por baixo, fundamentalmente com todas as pessoas que nom tenhem adscripçom partidária.

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