Nom todas as claques som iguais

Eu nom sou hooligan e nunca o fum. Nom sou umha pessoa com umha condiçom física que me permita umha forma tam “intensa” de viver os espetáculos desportivos. Assim como nas manifestaçons nom sou dos mais valentes, porque sou fisicamente torpe e as corridas com a polícia costumam saldar-se com com algum golpe e com algumha lesom para mim, quando um é hooligan sabe que sempre encontrará alguém que seja mais hooligan.

Quanto mais te meteres no papel, evidentemente mais riscos corres, agora que o tema da violência no futebol nom é cousa unicamente de “claques radicais”. Há políticos e dirigentes do mundo do futebol que incitam à violência e ao ódio (e praticam-nos) numha maior medida inclusso, e ainda por cima com a mídia fazendo-lhe de amplificador, e inclusso fazendo-lhe coro. Casos patéticos como o de Leri ou o de Paco Vázquez estám aí, o seus anedotários estám registados nas hemerotecas. Na liga espanhola, casos de diretivos, jogadores e algum ténico que tenham encorajado a agredir a torcidas rivais há a eito, e nom apenas na primeira divisom. Mesmo em ligas modestas e de base, um pode ver episódios de violência.

Isso sim, acontecem factos como o registado nas cercanias do estádio Vicente Calderón de Madrid, e parece que há um rejeitamento unánime por parte da maioria social, que naturalmente nunca tivo nada a ver com a violência no futebol ou qualquer outro desporto. Naturalmente, no estádio os violentos só som os que se situam numha parte determinada da bancada, e o resto de espetadores e espetadoras jamais coream os seus cánticos e palavras de ordem. Estamos seguros dessa afirmaçom?

Um escuita as declaraçons feitas por vizinhança da Corunha ou siareiros habituais de Riazor, e algumha cousa cheira mal. Algumha cousa nom encaixa, definitivamente. Ou as pessoas mentem, ou nom tenhem memória. Toda a gente na Corunha via os Riazor Blues como umha claque perigosa, equiparável a claques violentas como Ultras Sur, Frente Atlético, Supporter Sur ou Brigadas Blanquiazules? A resposta é nom, hipocrisias à parte. Todo corunhês ou corunhesa da minha geraçom conhece a algum Riazor Blues. Som todos gente violenta? Som todos gente pacífica? Há de tudo? Há mais de uns que de outros? É a violência a moeda de cámbio habitual nas relaçons entre eles e com outras claques? Todos os episódios violentos que acontecerom à volta dos Riazor Blues tinham a ver com a atividade dos Riazor Blues? Perguntas para reflectir...eu particularmente nom vejo que os Riazor Blues nos seus comunicados oficiais incitem a agredir, nem vejo umha forma de se expressar que se poida equiparar a outras claques que sim que tenhem a violência como prática habitual.

Esse discurso de que os Riazor Blues som “de extrema esquerda” e outras claques som da outra beira, e que os extremos tenhem um inevitável ponto de colisom, enfim...som relatos que afinal tenhem umha finalidade; a de justificar a repressom. Eu conheço a várias pessoas dos Riazor Blues e dos Celtarras, algumhas com militança política, sindical e cultural; outras, nom. Conheço numha claque e na outra pessoas com um considerável nível cultural e de instruçom, e conheço pessoas que  andam em níveis bastante escassos de ambas cousas. Conheço pessoas em situaçom de precariedade laboral ou desemprego, e gente que aprovou oposiçons. Simplesmente, som gente do povo, tam diversa entre ela, como diverso pode ser qualquer coletivo humano.

Os Riazor Blues, nom som nem de longe umha claque politizada, salvo que evidentemente rejeitam a presença de fascistas na sua bancada, porque de facto nascerom da unidade entre vários sectores dessa bancada para expulsar a elementos que pretendiam utilizar o estádio como ponto de captaçom da extrema direita. Quem nom lembra aos famosos Niki Sur? A memória enfraquece nas cabeças de alguns.

É muito cómodo dizer que “tam bons ou tam maus som uns como os outros”, mas nom é assim. Eu pessoalmente agradeço que no seu dia os heavies do “Komando Barricada” ou o pessoal da “Frente Foucellas” lhe dessem umha boa marimba aos Niki Sur e lhes deixaram claro que nom tinham cabimento em Maratón. Sobre tudo porque estas cousas, trascendem as portas do estádio. E se um dia temos a cem ou duzentos fascistas organizados na Corunha, ainda que seja desde o futebol, havemo-nos inteirar.

Conheço gente de Madrid que pode falar do que significa ter um núcleo fascista a agir no seu bairro. Os nazis tenhem a violência como méio de propaganda. Onde há nazis há sempre violência. Há sempre agressons. Ameaças, provocaçons e caçarias. Isso de que os extremos colidem por atraçom necessária e de que dous nom brigam quando um nom quixer, é umha mentira, simplesmente.

O que pense que vou fazer umha enéssima análise do acontecido nas proximidades do Vicente Calderón, erra. Nom é o meu cometido e nom poderia aportar nada a esse tema, chegamos a um ponto no que cadaquem interpreta as cousas como lhe convem. Simplesmente quero afirmar, ainda que me chovam as críticas, que nom todas as claques som iguais. Riazor Blues, Bukaneros, Celtarras, nom é igual do que Frente Atlético, Ultras Sur, Ultra Boys ou Ultra Violetas. As caçarias sistemáticas e os crimes do segundo grupo respondem a umha questom doutrinária; tem que haver um bode expiatório no que experimentar a propaganda do facto. E isto é no contexto das rivalidades futebolísticas ou nom. Agredir inmigrantes, indigentes ou gente de esquerdas, é necessário da óptica dos fascistas para transmitir presença e domínio no território. E sobre tudo, supremacia e poder.

Quando as claques do primeiro grupo tenhem enfrentamentos com as do primeiro, costuma ser bem porque a claque fascista organizou umha operaçom de caça, ou bem porque se produz umha “visita” dos fascistas à cidade onde está sediado o clube da claque antifascista. Pode haver problemas mesmo entre seçons de umha mesma claque ou indivíduos de umha mesma claque; o que nunca vim é que membros de Riazor Blues ou dos Celtarras saissem pola cidade na procura de vítimas sobre as que praticar essa violência doutrinária que praticam desde as claques fascistas. Nom é igual, digamos o que digamos.

Outra cousa é que agora prefiramos olhar para outro lado. De súvito resulta que há umha morte violenta e já os mesmos que imitavam os cánticos e as palavras de ordem dos Blues, olham para eles como se fosse um elemento estranho que cresceu à margem do corpo social. Nom. Um pode ser crítico com atitudes, com atuaçons, que também nom digo que haja que aplaudir-lhe tudo a ninguém. Atos criticáveis dos Blues? Muitos. Som iguais do que as claques fascistas? Quem conheça umha claque fascista de perto sabe que nom. Conheço siareiros do Madrid e do Atleti que o podem certificar.

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