O sorriso de Ana Pontom e o embaixador chinês

Xuntanza entre Ana Pontón e o embaixador chinés © BNG

Na passada segunda-feira 29 de setembro, a líder do BNG, Ana Pontom, reunia-se em Compostela com o embaixador chinês Yao Jing, de visita na Galiza. O que transmitírom os meios fôrom todo desejos de estreitar relaçons económicas e culturais, e o que transmitiu a foto publicada pola formaçom nacionalista, todo sorrisos. 

Mas o que a mim me transmitem esses sorrisos e esa réstia de declaraçons centradas absolutamente no ámbito comercial, é desacougo, e mesmo diria que um profundo nojo. Ana Pontom aspira a presidir o nosso governo autonómico, e diz-que o quer fazer marcando umha clara diferença com o governo do PP e também com o do candidato com quem compartilha agora a oposiçom no Paço do Hórreo, representante do socioliberal e nacional-espanhol PSOE. Porém, a sua posiçom no encontro com o representante do regime chinês perante o Reino de Espanha e a nota publicada no sítio oficial do BNG poderiam ter sido assinadas perfeitamente por Rueda ou por Gomes Besteiro. Onde é que se percebe a diferença dumha candidata que se supom de esquerdas, democrata e solidária com outros povos privados do seu direito a se determinarem livremente, neste doce e amistoso encontro com a representaçom diplomática da ditadura chinesa?

Nem umha palavra de crítica da democrata Pontom para o autoritarismo do governo chinês nem à grave situaçom dos direitos dos mil e quatrocentos milhons de cidadaos chineses, privados de liberdade de expressom, de crenças, direitos sexuais, etc. Nem umha mençom da esquerdista galega aos presos políticos ou às detençons arbitrárias, incluídos na atualidade mais de um cento de jornalistas, o último caso há apenas umha semana: quatro anos de condenaçom para a jornalista Zhang Zhan. Nem umha palavra sobre os povos invadidos e submetidos pola República Popular da China, como o Tibete ou Xinjiang (regiom esta que o Sr. Jing conhece bem, pois fijo parte da administraçom colonial chinesa), nem traguer às mentes a repressom à que som submetidas as etnias originárias destas naçons privadas da sua independência polo Golias de Oriente. Nem caso à sistemática perseguiçom das culturas iugur e tibetana, ou dos mussulmanos e outras minorias religiosas e étnicas. 

Nem um mau gesto sobre a repressom das demandas democráticas em Hong-Kong ou as ameaças militares sobre o Taiwan por parte da nacionalista que reclama um vago e genérico respeito "à soberania dos povos", que rasga as vestes por causas como a palestiniana ou a saarauí, e que demanda umha e outra vez solidariedade internacional perante a "colonizaçom" espanhola da Galiza. Nem um minuto para perguntar pola situaçom dos direitos humanos na lusófona Regiom Administrativa Especial de Macau. Nem umha simples queixa pola estreita vigiláncia e intimidaçom à que os autocratas chineses submetem, sob o controlo das suas embaixadas, os membros da sua diáspora, mais de tres mil deles cidadaos residentes na Galiza, alguns se quadra mesmo votantes do BNG. Nem um laio sobre a férrea e omnipresente censura exercida no país asiático. Nem um toque de atençom desta feminista sobre a violência e discriminaçom que sofrem milhons de mulheres chinesas.

Nom, nom vimos nem ouvimos nada disso o outro dia em Compostela. Estes problemas será que nom existem quando o que está em jogo som os quartos. A Sra. Pontom apenas parece ver na China "um grande mercado" para as empresas galegas, e por isso ofereceu "colaboraçom" e mostrou sorrisos e deveço por fazer negócios —e receber investimentos— com o terceiro país menos democrático do mundo, e ao qual, em coerência e por decência, longe de com ele comerciar, deveriamos fazer boycott até as suas autoridades respeitarem os direitos humanos e a soberania dos povos. Precisamente porque, ao contrário que o seu governo, o povo chinês, dentro e fora do seu país, junto com todos os povos submetidos à ditadura do Partido "Comunista" Chinês, si que merecem a nossa solidariedade internacionalista... e o nosso sorriso.

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