Paz e compaixom no mundo...

À pregunta concreta de se justifica ou condena o genocídio que sobre o povo palestiniano está a infringir Israel, o cantor Matisyahu responde “que é a favor da paz e a compaixom no mundo”. Umha resposta que desde logo nom é satisfatória se do que se trata é de disipar as dúvidas entorno aos seus posicionamentos pretensamente pró-sionistas. A favor da paz e a compaixom no mundo pode declarar-se qualquer indivíduo, o problema é o posicionamento em termos concretos sobre questons concretas: isso é o que verdadeiramente nos diferencia, e nom a nossa pré-disposiçom a aderir-nos na defesa de conceitos abstratos. Por isso BDS- País Valencià denunciou a presença de Matisyahu no Rototom Sunplash de Benicàssim.

Quando se dam situaçons como a que se vive nos territórios ocupados da Palestina, nom cabe a abstraçom, nom cabem as vaguidades

Quando se dam situaçons como a que se vive nos territórios ocupados da Palestina, nom cabe a abstraçom, nom cabem as vaguidades. Um pode cantar-lhe à paz e à compaixom e ser cúmplice dos maiores crimes. Um pode cobrir-se de um verniz muito espiritoal e ser um fascista. Estamos a falar de política terrenal feita por seres humanos...nom estamos a falar de religiom por muito que sob o escudo da religiom se acobilhem determinados atos, atitudes, tácticas e estrategias.

Os membros do BDS-País Valencià sofrerom nas suas carnes as conseqüências que o regime sionista e os seus cúmplices reservam para aqueles e aquelas que nos atrevamos a sequer assinalar aos seus propagandistas...manipulaçom, insulto, calúmnia, descrédito público...como a denúncia dos companheiros e companheiras do BDS conseguiu acender os alarmes, a diplomacia e o aparelho de propaganda israelís puxerom-se a funcionar. Estes lograrom que toda a mídia comercial acabara condenando ao BDS e que organizaçons de (...esquerda?) que num princípio aderirom à exigência de cancelar a atuaçom de Matisyahu no Rototom Sunplash acabassem também condenando a iniciativa do BDS e desmarcando-se dela.

A minha pergunta depois desta viragem da situaçom forçada polo enérgico protesto do aparelho do regime israelí, ecoado desde o mesmíssimo governo do estado espanhol, é se de verdade triunfou a liberdade da que fam bandeira ambos estados (no pretenso combate a esse mundo escuro do mal, que seique tenhem enfrente) quando representantes desses estados encenam umha intromissom em toda regra em decisons de umha empresa privada (a entidade organizadora do Rototom) ou seja, intentam corrigir umha possível cancelaçom de um concerto do festival, forçando aliás umha retificaçom que inclui o “reconhecimento” de que se a organizaçom do Rototom nalgum momento considerou tal cancelaçom, foi obedecendo a ameaças do BDS.

A organizaçom do Rototom foi tam livre primeiro de suspender a atuaçom do Matisyahu como depois de reprogramá-la

O único que fixo o BDS foi pôr sobre o tapete o posicionamento do Matisyahu acerca da política de Israel na Palestina, em base às suas letras e às suas declaraçons. Qualquer associaçom ou qualquer pessoa particular pode reclamar-lhe a umha empresa sobre as suas políticas de contrataçom, de comercializaçom, de publicitaçom. Aquí a reclamaçom  foi no sentido de considerar que um dos concertos programados no festival Rototom Sunplash nom era acorde “com o espírito” do mesmo. A opiniom é livre na sociedade em que vivemos, ou isso nos ensinam. O público pode reclamar ou sugerir à empresa qualquer questom em relaçom com a sua atividade, e a empresa pode fazer caso de tais reclamaçons ou sugerências ou nom. A fim de contas é umha atividade pública oferecida desde o seitor privado. A organizaçom do Rototom foi tam livre primeiro de suspender a atuaçom do Matisyahu como depois de reprogramá-la (formalmente, claro, porque se algumha circunstáncia leva a alimentar dúvidas sobre a liberdade dessa decisom é a entrada em cena de dous estados que intervenhem em favor do artista) Em todo caso alertar ao público e à organizaçom do festival sobre as atitudes que mantem e as opinions que verque Matisyahu nom é ameaçar.

Se havia algumha dúvida sobre a condiçom de propagandista de Israel do Matisyahu, essa dúvida fica dissolvida pola reaçom da diplomacia Israelí. Note-se que o Matisyahu é norte-americano, e nom israelí. Israel sai em defesa de qualquer sionista vetado em qualquer foro, nom de qualquer israelí agravado ou descriminado em qualquer parte do mundo. Se Matisyahu fosse um israelí crítico com o regime do seu país ou um cidadao israelí nom judeu, nom haveria essa reaçom. A Matisyahu chega-lhe com refugiar-se na nebulosa do abstrato. Defende a paz e a compaixom no mundo. Apenas fica o problema de a quê chamamos paz e a quê chamamos compaixom.

Chamamos paz às incursons do exército israelí em território palestiniano para destroir vivendas e infraestruturas públicas? Chamamos compaixom às caçarias humanas na procura de “terroristas”? Chamamos paz a nom reconhecer nem os partidos políticos, nem as organizaçons populares, nem as instituiçons palestinianas? Chamamos compaixom às humilhaçons e à violência nos passos fronteirizos? Chamamos paz ao bloqueio sobre mercadorias e pessoas, impossibilitando o accesso a território palestiniano por terra, mar ou ar? Chamamos compaixom a deter, encarcerar e torturar crianças? Chamamos paz a quebrantar continuamente os acordos de deter a construçom de novos assentamentos para populaçom judea?

Nom estamos a falar de religiom, nem de filosofia, isto nom é conceitualidade váqua, nom é metafísica...isto é política terrenal e humana. Sem mais. A Matisyahu delata-o a nebulosa que ele acredita protetora. Os estados israelí e espanhol, falam claro com os atos. Ameaçam ao movimento BDS e dam-lhe ordes a umha empresa privada, intercedendo de umha maneira desproporcionada por alguém que nom é nem espanhol nem israelí.

...e a paz e a compaixom? Desgraçadamente para tod@s nom jogam aquí muito mais papel que a da carta falsa com a que Matisyahu ganha a sua partida particular.

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