A ‘cruzada’ do primeiro edil de Compostela para que o comboio de Alta Velocidade -o chamado AVE- chegue ao aeroporto de Santiago parece um novo caso de lançamento de propostas sem ter a certeza da sua necessidade, e sobretudo da sua sustentabilidade. A Cidade da Cultura, o porto exterior da Corunha, o desenho da Alta Velocidade ou o próprio alargamento do Aeroporto da Lavacolha som exemplos disto: milhões de euros investidos em obras inacavábeis ou com escassa rentabilidade.
Um desenho do AVE em Galiza que já é fruito de governos do Partido Popular, na segunda metade da década de 90, com Álvarez Cascos de ministro de Fomento e Manuel Fraga na presidência da Junta de Galiza. Naquele momento também se estudou a hipótese deste traçado passar polo aeroporto, mas os próprios companheiros de partido de Conde Roa desprezárom essa opçom. Quinze anos depois há construído um total de 7 km de vias com um custe de 16 milhões de euros e inclusive um túnel onde se investírom mais de 64 milhões de euros, que agora o presidente da cámara de Santiago parece querer atrofiar.
O AVE à Lavacolha, ademais, nom vai resolver os maiores problemas do principal aeródromo galego
O AVE à Lavacolha, ademais, nom vai resolver os maiores problemas do principal aeródromo galego. Conde Roa apresenta como problema principal a conectividade com Vigo e Corunha mas atualmente de ambas as urbes pode-se chegar ao aeroporto com um único transbordo. Da Corunha os tempos atuais som de pouco mais de umha hora, tempo que quase se igualará de Vigo quando acabarem as obras da alta velocidade a essa cidade. Também se poderia habilitar linhas directas de autocarro para situar o centro da Corunha a 50 minutos e o de Vigo a 65 minutos do aeroporto. Um serviço facilmente reversível e que poderia valer para examinar se realmente é preciso um investimento da envergadura do AVE.
A todo o anterior há que acrescentar que o aeroporto que sempre temos de exemplo, o Sá Carneiro do Porto, carece desta conexom por alta velocidade o qual nom impede que tenha um volume de passageiros maior do que os três aeroportos galegos juntos. Incluindo médio milhom de galegos e galegas que anualmente voam desde o Norte de Portugal, os 10 % do volume total dos utentes do Sá Carneiro. Do que sim dispom este aeroporto é de umha ligaçom por metro ligeiro com Porto; curiosamente no atual PXOM de Compostela também está prevista esta ligaçom. Umha opçom muito menos custosa, menos agressiva ambientalmente, e mais aproveitável para o conjunto da cidade.
O aeroporto de Sá Carneiro dispom de umha ligaçom por metro ligeiro com Porto. Umha opçom muito menos custosa, menos agressiva ambientalmente, e mais aproveitável para o conjunto da cidade
Conde Roa e o seu governo deveriam deixar de lançar propostas mediáticas e centrar-se no projecto de estaçom intermodal que a capital de Galiza necessita. Sobretudo depois de ter descartado as propostas já pré-seleccionadas polo Adif. É tempo de acelerar o desenho dumha estaçom ao redor da que tem de girar todo o transporte colectivo da comarca e que terá de funcionar como ponto central da alta velocidade na Galiza. Umha nova intermodal que ademais deve implicar umha importante transformaçom urbanística no centro da cidade, arranjando os problemas de conetividade pedonal entre o Ensanche e a Ponte Pedrinha. Mas os movementos erráticos do alcaide vam ser a desculpa perfeita para Ana Pastor justificar a demora no desenho e construçom desta nova estaçom.
Para desenvolver as nossas potencialidades aeroportuárias o prioritário é começar a trabalhar em rede entre as três cidades, isto é, a nível galego. É preciso exigir as transferências em matéria de gestom da navegaçom aérea para assim administrar conjuntamente os três aeroportos galegos. Até agora a direcçom centralizada em Madrid só tem promovido um crescimento unipolar, ou como muito semi-bipolar contando com a terminal de Barcelona, cidades que funcionam atualmente como autênticos aeroportos-ponte para as e os usuários galegos.
Tentar construir agora esta infraestrutura, para chegar mais rápido a umha terminal quase vazia, nom é mais que pôr o carro à frente dos bois
Umha empresa galega de navegaçom com umha gestom convergente com os novos modelos descentralizados que abundam em Europa e que concorra realmente com o Sá Carneiro. Transformando a nova terminal da Lavacolha num dos grandes aeroportos internacionais da Península, ligado directamente com os grandes hubs europeus. Umha planificaçom que também consolide Alvedro nas linhas de curto alcance e que multiplique a capacidade de carga de Peinador como grande aeroporto comercial. Trabalhando nesta linha, talvez, a Alta Velocidade à Lavacolha poderia chegar a ser umha necessidade. Tentar construir agora esta infraestrutura, para chegar mais rápido a umha terminal quase vazia, nom é mais que pôr o carro à frente dos bois. Ou ainda melhor, pôr o AVE à frente dos passageiros.