Parceiros comerciais externos, a Galiza tem muitos. Perto de duzentos países registam as estatísticas de compradores e fornecedores estrangeiros de produtos galegos. Entre eles, apenas uns poucos alcançam peso significativo. Em definitivo, a economia galega gravita em torno de duas economias comunitárias: umha potente como a francesa e outra modesta como a portuguesa.
Os dados do comércio exterior galego de 2012 confirmam o singular papel de ambos parceiros. Dos 162 países que figuram como fornecedores externos da economia galega e dos 197 que figuram como compradores, a República Francesa figura em ambos os casos com o número um e Portugal como o dous.
As importaçons galegas alcançárom em 2012 um montante de 15.008,9 milhons, 2.198,8 dos quais (14,65%) procediam da França e 1.696,8 (11,31%) de Portugal: 26% em conjunto. As exportaçons no mesmo período ascendérom a 16.662,8 milhons, 3.928,6 destinadas a França (23,6%) e 2.231,8 (13,4%) a Portugal: 37% em total.
Se tomamos em consideraçom o facto de que as importaçons energéticas galegas – cru e gás natural – alcançarom nesse ano os 4.361 milhons de euros – 29% do total das importaçons - e que nem França nem Portugal som países produtores, podemos concluir que o peso conjunto da França e Portugal nas nossas importaçons sobe do 26% para o 37%, excluídas as compras energéticas. Conclusom: França e Portugal som responsáveis de quase 2/5 partes do nosso comércio externo.
Deveríamos multiplicar por 18 as nossas exportaçons a França se queremos compará-las em forma equitativa com as exportaçons dirigidas a Portugal
Talvez nom esteja de mais apontar umha breve digressom acerca da singular relaçom comercial que une à Galiza com Portugal. A magnitude de França, medida em termos de PIB, multiplica por 12,4 à de Portugal e por 1,43 o poder aquisitivo dos consumidores. Como consequência, deveríamos multiplicar por 18 as nossas exportaçons a França se queremos compará-las em forma equitativa com as exportaçons dirigidas a Portugal1. A consequência da correcçom proposta seria que a França absorveria em solitário quatro vezes bem contadas a totalidade das exportaçons galegas!
A fortíssima atracçom comercial que observamos nas relaçons entre a Galiza e Portugal nom é assunto fácil de explicar. A composiçom da cesta das nossas compras em Portugal assemelha-se muito à das nossas vendas. Embora seja possível detectar o efeito de Megasa, Alcoa e a indústria da carpintaria de alumínio, Citroën e Inditex, e de Repsol e a indústria conserveira na nossa cesta de exportaçons de aço, alumínio, automóveis e componentes, confecçom com destino a Portugal, também é certo que há um avultado conjunto de produtos primários (peixe e marisco, carne, leite, madeira) com ampla presença tanto na cesta de exportaçons como na de importaçons. Na analítica económica costuma-se qualificar-se esta circunstáncia como tráfego interindustrial, denotativo de que o destino dos trocos som processos produtivos mais bem do que demanda final. Troco interempresarial, em definitivo, sinal certo da existência de um mercado comum de signo cooperativo.
A potencialidade do espaço galaico-português, que a muito doestada Europa conseguiu resgatar das maos incompetentes e timoratas das burocracias madrilena e lisboeta, é um campo de forças que estamos obrigados a potenciar
A potencialidade do espaço galaico-português, que a muito doestada Europa conseguiu resgatar das maos incompetentes e timoratas das burocracias madrilena e lisboeta, é um campo de forças que estamos obrigados a potenciar. Evaporada a onerosa fronteira que nos mantinha confinados em celas separadas, Galiza recupera a dimensom perdida e Portugal o Norte negado.
O nosso idioma está avocado a renovar-se como galego-português na mesma medida que o tecido económico que o Minho seccionava está chamado a reorientar-se como regiom europeia sul atlántica em transo de formaçom. Esta é a via certa para superar a excentricidade que nos limita e os gravosos custos que comporta.
A agulha magnética dos indicadores económicos aponta para a existência de um campo gravitacional galaico-português sulcado por linhas de força precursoras mensuráveis em termos económicos. É tempo de orientar-se nele e tirar as consequências de sermos Atlántico europeu de vocaçom afro-americana, tal como a economia aponta e a língua confirma.
1- 12,4*1.43=17,7