Uzbequispanha

No discurso político quotidiano ouvem-se expressons prenhadas do etnocentrismo mais racista: quando querem criticar a nocividade de certas políticas dim que “som próprias de Uganda”; quando os conflitos sociais se incrementam, falam pejorativamente de “arabizaçom” ou “helenizaçom”; e ao criticarem um Estado corrupto dim que parece umha democracia “tropical”. Mesmo a esquerda espanhola, querendo atacar esta imagem de Espanha, alicerça-a ao transformá-la en “Espanhistám”.

Neste interclassista sentimento de superioridade, cumpre recordarmos que o aparato jurídico que mantém independentistas galegos en prisom ocupa o posto nº 66 do ranking mundial de tribunais, en funçom da sua independência política, justinho entre Egipto e Irám. A classificaçom nom a elaborou Aministia Internacional ou Ceivar, senom a OCDE. Mas Montesquieu nom jogava futebol, e aí os espanhois sim que som os primeiros do mundo, o que lhe dá pé a organizar jogos amigáveis com un país históricamente aliado: Arábia Saudita, campeom mundial da vulneraçom dos direitos  humanos. Jogo amigável disputado com a colaboraçom de um alcaide nacionalista galego.

A começos de  novembro, o Secretário Español de Estado de Relaçons com as Cortes apresentava o rascunho de um informe de seguimento dos próprios planos do Estado Espanhol en  matéria de direitos humanos. Nele, o Governo assume que nos últimos quatro anos, de 172 medidas apenas aplicou a metade. Entre as pendentes destacam quatro que afectárom os presos políticos galegos após estarem detidos en regime de incomunicaçom: proibiçom de aplicaçom de tal regime a menores, gravaçom en vídeo de todo o tempo de permanência en dependências policiais, direito a ser reconhecido por um  médico de confiança além do forense e criaçom de um protocolo que regule a assitência médica durante a incomunicaçom.

Com todo direito poderá o povo uzbeco dizer, quando se degradam os seus direitos, que se estám a tornar Uzbequispanha.

 

Carlos Calvo Varela. Centro Penitenciario de Topas. 14 novembro 2012.

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