A Igreja Católica, a unidade da Espanha e o compromisso com a democracia

Ricardo Blázquez, Arcebispo de Valladolid e Presidente da Conferência Episcopal, está preocupado pola unidade da Espanha. Di que o processo cara a independência causa caos, inquietaçom, insegurança... vaia, que provocará um cataclismo.

O chefe máximo dos bispos espanhois manifestava isto no discurso inaugural da última assembleia da Conferência Episcopal, nom poupando, no mesmo texto, elógios para a “Transiçom” espanhola e o marco constitucional modélico que desfrutamos. Segundo Blázquez, vivemos num regime democrático “com satisfaçom dos cidadaos e mesmo a admiraçom de muitos nom espanhois”. Enfim, que o povo catalám se lança ao caos se abandona esta arcádia feliz democrática, e isso provoca muia agitaçom no chefe dos bispos e nos mais altos representantes da cúria espanhola.

Algumha cousa nom encaixa neste desassossego da elite do sacerdócio católico. Esses teóricos desvelos pola democracia, contrastam com umha notícia encontrada na imprensa no mesmo dia: em polo menos dezaseis templos católicos se renderám honras fúnebres polo ditador Francisco Franco no dia 20 de Novembro, data na que se completam quarenta anos da morte do “Generalísimo”.

Polos vistos, isso nom atenta contra a democracia. Ou como é a cousa? Os bispos fecham fileiras entorno à democracia, e permetem que haja cregos que celebrem misas honrando a Franco? Seria de agradecer que “Monsenhor Blázquez” chamasse à ordem a esses cregos...

Enquanto a Igreja Católica permita que os seus ministros honrem ditadores genocidas, deveria abster-se de dar-lhe liçons de democracia ao povo catalám. Poucos factos haverá tam democráticos como o de que um povo decida o seu destino. Em contraste, está a nada democrática estrura interna da Igreja Católica (por certo...se partidos, sindicatos e associaçons de todo tipo tenhem que ter um funcionamento democrático por lei, porquê eles nom?) com umha elite alonjada dos seus membros de base, os fregueses e freguesas, que mantém posicionamentos totalmente desconetados da realidade social em questons como sexualidade, direitos reprodutivos ou convivência familiar. Posicionamentos que a maioria dos fieis nom partilham.

Para poder opinar com certa credibilidade sobre questons políticas, bom seria limpar a própria casa. A Igreja Católica fai umha “política interior” escurantista e totalitária e oferece umha imagem de cara ao exterior que nom dá desterrado a visom daquela Igreja aliada do franquismo.

Quiçá porque no fundo entre ser bourbónico e ser franquista nom há tanta diferença, ou talvez porque a democracia é o de menos nas preocupaçons dos bispos...

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