O direito à livre determinaçom dos povos é um princípio reconhecido em Direito Público Internacional e referendado em múltiplas resoluçons polos organismos internacionais competentes. Constitui um autêntico ponto de fuga ou norte -segundo prefiramos a metáfora geométrica ou geográfica- de qualquer força nacionalista que exerça como tal. Trata-se de um princípio reitor, como o da sociedade sem classes para o movimento socialista. Fórmulas utópicas ambas, talvez, mas capazes de cifrar a essência e horizonte de todo um projeto político. Liberdades e igualdades, em definitiva, nobres enunciados nascidos da autêntica Revoluçom da Europa, a que consagrou as liberdades individuais e coletivas do citoyen e da patrie.
Galiza, exausta trás os últimos comícios autonómicos, cala. Um mau costume infelizmente habitual
Espanha, um enigma histórico em opiniom Sánchez-Albornoz, anda um pouco sublevada. Renge o ordenamento constitucional e escacham os partidos a turno que lhe servem de suporte. Catalunha acaba de declarar-se “sujeito político e jurídico soberano” em procura decidida de umha consulta pública que a aproxime ao “direito a decidir”. O País Basco observa com prudente recelo o processo escudando-se na sua blindagem tributária: “a nossa singularidade económica está já reconhecida”, argumenta o nacionalismo penebista. Galiza, exausta trás os últimos comícios autonómicos, cala. Um mau costume infelizmente habitual.
O que nom tem cancelas é a loquacidade interesseira do presidente da Junta que, consciente do êxito dos seus oráculos na paróquia político-mediática de Madrid, proclama: “Hoxe, Galicia paga e Cataluña pide”, afirmaçom grosseira mais própria da chefatura de contabilidade de um partido que da equanimidade exigível a um presidente. O argumento catalám merece, como mínimo, respeito acreditam-no 85 votos parlamentares de um total de 135. A democracia representativa aconselha respeito esmerado nestas circunstáncias.
Pese aos esforços dos partidários da Espanha substantiva e intemporal por denigrar a resoluçom do Parlamento catalám, é difícil reduzir o seu processo a mera arroutada circunstancial orfa de apoios. Umha recente manifestaçom de um lobby tam ponderado e respeitado como o Cercle d`Economia que preside Josep Miquel Piqué e conta com personalidades tam reconhecidas como Josep Ramoneda ou Antom Costas, merece especial atençom. Em assuntos de identidades e crenças a prudência é umha virtude aconselhável.
Pese aos esforços dos partidários da Espanha substantiva e intemporal por denigrar a resoluçom do Parlamento catalám, é difícil reduzir o seu processo a mera arroutada circunstancial orfa de apoios
O silêncio por incomparecência de Galiza emproa o seu status singular para umha irremissível homologaçom com as Comunidades que identificam a seu relato histórico com a da Espanha intemporal. Castelao removerá-se inquieto em Bonaval observando através do seu olho de vidro como regressa ominoso o trinta e seis.
A reserva em sede parlamentar do imprescritível direito da Galiza a decidir o seu futuro em tempo oportuno, sem transferir tal prerrogativa a umha instáncia alheia, é obriga irrenunciável salvo renúncia tácita. Os direitos defendem-se, no foro parlamentar, sede institucional do autogoverno, nom no pretenso parlamentiño de cartón sede da autoanemia como gostam denigrá-lo em favor do centralismo os aguerridos nacionalistas sem trampa nem cartom. É assi, e nom de outra maneira, como se lavra o autogoverno. Contodo, qualquer moçom neste sentido abre um abano de incertezas. Duas especialmente pertinentes: É bom promover a iniciativa visto nom ser possível alcançar consenso majoritário? Poderia colidir tal debate com a incompreensom por parte de umha cidadania abafada pola crise e orfa de preparaçom?
Os direitos defendem-se, no foro parlamentar, sede institucional do autogoverno, nom no pretenso parlamentiño de cartón sede da autoanemia como gostam denigrá-lo em favor do centralismo os aguerridos nacionalistas sem trampa nem cartom
Publicava estoutro dia o jornal digital Sermos Galiza um interessante artigo sobre a questom da autoria de Francisco Rodríguez. Com o tom alusivo/elusivo tam do gosto do dirigente para inserir avisos a navegantes, o respeitado líder do BNG proferia algumhas sentenças que venhem ao caso: “Triste resulta escoitar voces pretensamente nacionalistas afirmando que non é este o momento de defender o dereito a decidir do pobo galego, concretamente no Parlamento de Galiza...”. Devemos prestar atençom a este novo episódio da pugna entre o BNG e AGE em assunto tam espinhento: “...no Parlamento Galego está(n) condenada(s) ao fracaso, hoxe por hoxe, calquera proposta ou reivindicación...Autoriza este fracaso anunciado a eximirse de presentala(s) e defendela(s) en sede parlamentar? Non estamos para formular só o que o PP ou calquera partido de ámbito estatal poidan tolerar...”. Mália o meu moderado apreço polo particular estilo de Francisco Rodríguez, concordo plenamente com a sua tese de fondo. Com umha pequena reserva: chega 23 anos tarde.
Em março de 1990, o PSG-EG apresentava umha iniciativa parlamentar para promover o reconhecimento do direito à autodeterminaçom de Galiza
Em março de 1990, o PSG-EG apresentava umha iniciativa parlamentar para promover o reconhecimento do direito à autodeterminaçom de Galiza. Convido os interessados a lerem a crónica da sessom no ABC de 14-03-1990. Lembro claramente o debate da iniciativa, defendida por Camilo Nogueira. O ponto quinto rezava: “A naçom galega tem direito à sua autodeterminaçom, o qual reside no Parlamento de Galiza como representaçom colectiva do povo galego”. Infelizmente nom contou com a aquiescência do BNG que decidiu unir o seu voto em contra na ocasiom aos do PP e o PSOE. Os quatro votos favoráveis ao ponto procedérom do PSG-EG e de Coalición Galega. Dali a pouco, canso do jogo de espelhos parlamentar, tomei a decisom de ceder a minha acta de deputado. Todo relato político tem calendário; naquela altura, Fraga contrapujo a categoria de autoindentificaçom à de autodeterminaçom, ao PSOE chegou-lhe com evocar o quadro autonómico vigente. Tempo e política. Camaradas Rodríguez e Beiras: quanto tempo perdido!