Esta-se a celebrar em Paris as conferencias acerca do controlo de emissões de gazes a atmosfera, provocadas pela atividade humana . Estas emissões são responsáveis de fortes mudanças na sua composição e, como consequência disso, alteração no clima global da Terra.
A atmosfera é o nosso abrigo natural. Ela protege-nos da radiação ultravioleta que vem do sol, e faz que as oscilações térmicas em superfície sejam compatíveis com a vida. A atmosfera é quem nos fornece de água para beber e oxigeno para respirar. É quem permite que a vida, tal e como a conhecemos se desenvolva na casa comum, a Terra. A atmosfera que hoje conhecemos é fruto da evolução conjunta dos seres vivos e do Planeta.
Bem diferente da primigénia em que a vida se originou. É, sobre todo, o resultado dum pacto entre estes dou parceiros: A Biosfera e a Terra, estabelecido ao longo dos milheiros de anos em que a vida leva instalada no Planeta.
A atmosfera tem variado, no decorrer desses milheiros de anos. Tem modificado sua composição e a sua temperatura. Mas estas modificações nunca tinham sido consequência da ação consciente de qualquer ser vivo.
Agora sabemos que a atmosfera está a mudar em pouco tempo, a sua composição de gases. E esta mudança alem de rápida é de origem antrópico. Quer dizer, provocada por ações dos seres humanos.
Isto é uma má noticia porque quer dizer que estamos a danar algo que nos é indispensável para a normal vida sobre a Terra. Mas é também uma boa noticia. Porque quer dizer que, igual que provocamos o mal, também deveríamos poder corrigi-lo.
É só modificar aquilo que estamos a fazer mal.
Que a atmosfera seja poluída pelo ser humano traz consequências graves, imprevisíveis e importantes.
A principal é que se altera a máquina do clima. Este vem definido fundamentalmente pelas temperaturas meias e pela humidade disponível, que vai cair á terra em forma de chuva, orvalho ou névoa. A água é o grande regulador térmico. Todo o mundo sabe que o clima é mais doce nas beiras do mar que no meio dos continentes.
Mas a influencia das massas oceânicas depende também doutros fatores, como as correntes marinhas.
Assim a Galiza está fortemente influída pela corrente do Golfo de México ( como toda Europa), que tempera o nosso clima e favorece a condensação de vapor nas nossas costas e, consequentemente, que chova generosamente nas nossas montanhas .
O deserto de Atacama, no Perú, está a beira do mar, e lá as massas de água não conseguem regar a sua terra, porque as correntes frias que banham aquelas costas não favorecem a evaporação suficiente para provocar a bendita chuva.
Também na Galiza acontece um fenómeno ligado ao mar e provocado pela dinâmica atmosférica desta parte do Atlântico, que conhecemos como mergulhança estival, ou upwelling, que consiste em que correntes frias, estacionais e locais,vindas do fundo contra o continente, alastram nutrientes e oxigénio até a superfície fertilizando as nossas rias cada verão. Por isso as águas das rias baixas são tão frias, cousa que é queixa de banhistas, inconscientes, que não valoram o precioso que isso é para a produção biológica destes ecossistemas.
Tudo isto que acabamos de citar, que é transcendental para a vida, depende, fundamentalmente da atmosfera e do movimento de rotação da Terra.
Sobre este último nada podemos fazer ( menos mal...) mas sobre a temperatura da atmosfera sim. Porque somos nós com o modelo de civilização em que estamos imersas, quem fazemos que a temperatura meia do planeta esteja a subir, provocando o derretimento dos gelos polares e das massas de água sólida apanhadas nos permafrost ( solos permanente geados) da Sibéria e da Tundra. Esta água liquida acaba por verter nos mares.
Isto está a modificar a dinâmica geral dos oceanos, nomeadamente pelo que diz as correntes antes citadas que dependem da chamada “cinta transportadora oceânica”. Esta tem um ponto fulcral na Gronelândia onde, até agora, as águas temperadas em contacto com as massas de gelo, arrefecem e afundem. Isto puxa das correntes superficiais como a do Golfo e empurra nas de profundidade provocando assim um movimento global que atinge a todo o oceano. Mas este “mecanismo” está a ser alterado de maneira alarmante.
Deitamos quantidades enormes de CO2 para o ar, procedentes da queima de combustíveis fósseis( carvão, petróleo) para obter a energia que aquece os nossos lares no inverno, acende as nossas luzes, e faz andar as industrias que fornecem postos de trabalho a humanidade.
Nada funciona sem energia. A questão que se nos põe é a procura das fontes desta que não deitem para a atmosfera gases de efeito estufa como o é o CO2 citado ou o metano chamado antigamente gás dos pântanos. Este último muito mais potente no seu efeito de aquecedor do ar .Produz-se como consequência do apodrecimento de matérias orgânicas como as que se acumulam nas águas estagnadas.
Portanto, se queremos compensar o mal que estamos fazendo, teremos que reduzir as quantidades de CO2 ( Dioxido de Carvono) e de CH4( Metano) que deitamos para a atmosfera, entre outros.
Para corrigir o dano há que utilizar JÁ as fontes de energia renováveis. Isto é : O sol, a água e o vento. E abandonar as fontes de energia esgotáveis e poluentes de combustíveis fósseis.
A Terra nisso é generosa. Oferece-nos de todo como o seu presente.
E, ainda, teremos que bloquear os pontos de produção dos gases de efeito estufa.
O metano produz-se também a partir dos acumulos de lixo que, não tendo boa oxigenação ,degradam-se em anaerobiose . Desprende-se também em grandes quantidades do derretimento dos permafrost.
De maneira que não é unicamente a nossa necessidade insaciável de energia a única responsável do estragar da atmosfera.
Também o são os montes de lixo que produz um modelo de sociedade cujo bem estar está baseado no consumo quase infinito de COUSAS que logo se deitam ao lixo.
A compostagem deste lixo pode corrigir o mal, Porque se fundamenta em sua degradação aerobia, que reduz muito as suas emissões de metano e faz com que o lixo, um dejeto, se transforme num recurso para o adubado dos campos ou outros muitos fins.
A incineração do lixo como método para desaparece-lo da nossa vista , só faz com que um resíduo venha a transformar-se noutro ainda pior. De lixo sólido vai para atmosfera em lixo gás, (CO2 e outros poluentes nocivos para a saúde.) Contribuindo a piorar a atmosfera alterando mais a sua composição e colaborar com o aquecimento global.
Só podemos parar o desastre se reduzimos o nosso consumo, de cousas e de energia. Se modificamos as fontes de energia para aquelas que são renováveis, e não deitam gases a atmosfera, se corrigimos os tratamentos do nosso lixo para a sua transformação em recurso e não em perigoso CO2 e gases tóxicos.
Se sabemos como o fazer, se podemos fazer, Porque não?
Deixo a pergunta para quem leia e deduza onde esta a raiz do problema.
E será que não escolhemos os governantes adequados para que não nos levem ao desastre?
A terra é a nossa casa. Não temos outra. É a casa COMUM dos seres vivos, incluso os humanos.
Agora é a hora.
Escolhamos com jeito. E exijamos deles um comportamento responsável connosco e o nosso Planeta.
Não valem escusas. O Cuidado do ambiente também pode fornecer postos de trabalho. E uma economia mais equitativa e mais justa para toda a humanidade.
Muitas vezes eu pergunto-me: é que quem governa não tem filhos/as netas ou netos?
É que val mais SOGAMA que incinera o lixo da Galiza que o ar que respiramos ou os mares que nos banham. É que vale mais uma pedreira que a montanha que destrói. Quanto é que vale a nossa saúde se temos que respirar um ar poluído? Quanto valem os nossos peixes se os seus habitats são destruídos?. Quanto vale a Galiza se o seu clima mudar para deserto? Um posto de executivo numa grande companhia das que governam hoje o mundo , vale mais que tudo isso?
Reclamemos uma política do BEM COMUM e não a de salve-se quem puder. Porque isso, alem de ser egoísmo malfadado, é um erro. Não podemos fugir.
ADEGA apresentou, perante a Xunta de Galiza um conjunto de propostas de ação para travar o câmbio climático que se encontram no link, que penso podem ser de aceitação geral..