Muitas cousas mudárom neste país. Seguramente há cinco ou seis anos poucas pessoas poderiam imaginar que entraríamos neste processo de emprobrecimento coletivo, com umhas taxas de desemprego enormes para a gente nova. Volta a direita mais extrema dos Feijóo e das Paula Prado, e com ela a confrontaçom social e os problemas para umha esquerda que durante demasiados anos acreditou que os avanços do Estado de Bem-Estar eram conquistas consolidadas e imutáveis na história. Tampouco podemos ser ingénuas e pensar que voltaremos a esse cenário, ou polo menos de maneira automática. Parece que será nas ruas onde nos joguemos o futuro desta velha naçom europeia, onde podermos sair coletivamente desta penúria.
Temos que começar a assumir que existe umha sociedade que demanda unidade de açom e entendimento para o nosso campo político
Temos que começar a assumir que existe umha sociedade que demanda unidade de açom e entendimento para o nosso campo político. É sob ese parámetro sobre o que temos que trabalhar. Nom podemos ficar em grupos parlamentares, nem em propostas municipalistas, necessárias para desterrar o PP deste país mas insuficientes se queremos transformar a realidade. De existir a opçom de governar será numhas instituiçons mais vazias de conteúdo do que nunca, com cámaras municipais intervidas polas deputaçons, em que a nossa capacidade de trabalho virá determinada polo poder concreto que nos dê a sociedade civil organizada, à que teríamos que intentar incorporar a umha hipotética açom de governo no futuro. Sem isso estaremos absolutamente vendidos aos poderes que queremos combater. Propostas como as do partido-movimento e a concepçom dinámica e aberta da AGE nom garantem o êxito imediato, mas estabelecem um ponto de partida sobre o que poder avançar, para poder abrir assim as portas ao futuro da Galiza.
Propostas como as do partido-movimento e a concepçom dinámica e aberta da AGE nom garantem o êxito imediato, mas estabelecem um ponto de partida sobre o que poder avançar, para poder abrir assim as portas ao futuro da Galiza
A nova cultura política que queremos construir nom pretende apagar a história do nacionalismo, nem a das suas diferentes tradiçons, nem muito menos as pessoas que durante os duros anos do franquismo dêrom a batalha polos nossos direitos individuais e coletivos em condiçons bastante mais duras do que as que temos hoje. Existem muitos valores do velho movimento obreiro que devemos reivindicar como próprios, como a necessidade do compromisso e de trabalho militantes para mudar as cousas de raiz. Outro valor que acho que devemos reivindicar é o da pluralidade ideológica que tivo sempre o nacionalismo, e que contou com a sua expressom fundamental no frentismo. Buscar um único relato do novo projeto comum, embora for do que eu gostar, pode causar problemas de identificaçom com o projeto político que crie contradiçons e desfaga o trabalho feito. Anova nom pode ser umha refundaçom de nengum dos coletivos e organizaçons preexistentes, tem que ser um referente dinámico e reinventado da esquerda e do nacionalismo deste país. Quando falamos de nova cultura política nom queremos fazer borrom e conta nova, senom que aspiramos a criar um marco democrático comum em que poder solucionar os problemas que se nos apresentem mediante o debate, e em que conjugarmos a nível organizativo a eficiência com a tomada de decisons de abaixo para acima.
Existem muitos valores do velho movimento obreiro que devemos reivindicar como próprios, como a necessidade do compromisso e de trabalho militantes para mudar as cousas de raiz
Se eu tiver que pedir um desejo para a decisiva I Assembleia Nacional de Anova, pensaria num cenário onde se instaurem espaços cooperativos em que as decisons importantes sejam referendadas polo conjunto da militáncia, com umha organizaçom transparente para a militáncia e para a nossa sociedade, em que as responsabilidades concretas fagam parte de equipas colegiadas mediante grupos de trabalho que forneçam de propostas programáticas tanto a Anova como a AGE. Um cenário onde a apariçom de liderados compartilhados seja compatível com os nossos referentes históricos. Em que as propostas concretas estejam por cima das pessoas, para que esse nós coletivo seja a cada vez mais grande. Onde podamos trabalhar comodamente polo país e pola transformaçom social. De todas e todos nós depende achegar-nos a esse ponto.