Carvalho Calero como epicentro das nossas contradiçons

Monumento dedicado a Carvalho Calero en Compostela © Concello de Santiago

Até que enfim, o Professor Ricardo Carvalho Calero vai ser o autor homenageado no Dia das Letras Galegas por decissom da Real Academia Galega, a instituiçom que estabeleceu esta data e que portanto designa a figura a reivindicar em tal celebraçom. Deveriamos interpretar que foi a pressom popular a que condicionou esta decissom? Deveriamos entender isto como umha vitória do reintegracionismo? Há que colegir que existe umha mudança de talante dentro da Academia e que soprarám no sucessivo ventos de entendimento entre as façons político-lingüísticas? A simples vista, que o sempre marginalizado e silenciado Carvalho Calero seja no ano 2020 o protagonista da festa grande das letras deveria convidar a lê-lo assim, mas já há vozes conetadas ao poder acadêmico que se apressarom a enviar-lhe ao reintegracionismo a mensagem de que nom devem interpretar a homenagem a Carvalho como um sucesso, ou umha ponte ao diálogo.

Já há vozes conetadas ao poder acadêmico que se apressarom a enviar-lhe ao reintegracionismo a mensagem de que nom devem interpretar a homenagem a Carvalho como um sucesso, ou umha ponte ao diálogo

Se eu tenho que tirar conclusons a respeito desta decissom a travês da análise de texto de artigos e outras manifestaçons aparecidas na imprensa, Carvalho foi designado para superar umha etapa pola porta falsa e assim matar o debate que propiciava a sua figura, a sua simples presença. Que o reintegracionismo nom poida pôr sobre o tapete ao Carvalho Calero para abrir fogo num confronto de ideias. Quando se fala de reparar um inexplicável agravo por cima da questom normativa e pretendendo demonstrar além disso que se fai apesar de ou em contraposiçom com os reintegracionistas, o que se está e a ser cínico. Quando se afirma que em Carvalho Calero a opçom ortográfica é um tema secundário, está-se a mentir. O cisma total entre reintegracionismo e isolacionismo marca-o o abandono da RAG por parte do Professor Ricardo Carvalho Calero. Abandonou a RAG por considerar que as normas gramaticais do galego propugnadas pola Academia levavam à dialetalizaçom da língua, e se hoje continua havendo reintegracionismo é porque essa tese nom fai mais que confirmar-se com o passo das décadas e as geraçons. Portanto, impossível passar por alto que Carvalho Calero representa umha posiçom a respeito da língua.

Se se fala de reparar um agravo, o primeiro que há que fazer é reconhecer o motivo desse agravo

Os desprezos à figura de Carvalho Calero lançados desde o isolacionismo mais ultra em forma de acusaçons sem prova nem fundamento, para fornecer a determinados ravanhos de certo argumentário superficial que lhes permita rechaçar qualquer cousa que tiver a ver com ele (é um medíocre, é um reaccionário, etc...) nom fam mais do que evidenciar que a normativa nom é em Carvalho umha questom secundária; nem o foi nunca, nem o pode ser hoje, nem é imaginável que o seja no futuro. Por muitas tentativas que se fagam de difuminar a questom normativa, Carvalho Calero é aquele homem que um dia afirmou que o galego ou é galego-português, ou é galego-castelhano, que nom havia termo meio.

Se para explicar e justificar que porquê Carvalho Calero e porquê agora há que menosprezar e insultar aos reintegracionistas, é que a jogada que se pretende fazer nom é excessivamente limpa. Se se fala de reparar um agravo, o primeiro que há que fazer é reconhecer o motivo desse agravo. Foi mantido à margem mesmo depois de morto, porque reconhecé-lo seria normalizar os seus posicionamentos e explicar o papel da RAG naquele momento. Se Carvalho Calero nom estava errado, entom nom tem sentido que os escritores atuais que seguem os postulados reintegracionistas continuem sendo vetados em concursos literários ou no mundo da ediçom.

A Carvalho Calero vam-no homenagear os mesmos que lhe fecham portas aos seus herdeiros mais diretos. E nada vai mudar depois do 17 de Maio de 2020. Já o estám a avisar

A Carvalho Calero vam-no homenagear os mesmos que lhe fecham portas aos seus herdeiros mais diretos. E nada vai mudar depois do 17 de Maio de 2020. Já o estám a avisar. Pretender homenagear a Carvalho Calero passando por cima da questom normativa é pretender cobrir o trámite enquanto se perpetua umha situaçom: a da criminalizaçom do reintegracionismo, justificando assim a descriminaçom por motivos ideológicos de miles de pessoas.O que nom vou fazer eu é de palmeiro gratuito de umha decissom da RAG tomada sem contar com e inclusso contra o reintegracionismo.

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