Deve a USC promover a reciclagem?

Punto de reciclaxe de envases plásticos nunha facultade da USC © Júlio Conde

Deveríamos questionar a idoneidade de que a universidade, como administraçom pública, participe das campanhas orquestradas por um lobby empresarial. Ecoembes é umha sociedade participada por empresas multinacionais dos sectores do envasado, matérias-primas, distribuiçom e venda ao público

Neste mês de janeiro surpreendeu-nos a instalaçom duns pontos de reciclagem de envases plásticos em diferentes faculdades da USC. Estes pontos consistem numhas máquinas que empregam um Sistema de Devoluçom e Recompensa (SDR), que premia a reciclagem de latas e botelhas de plástico mediante agasalhos aos usuários participantes ou permitindo doaçons a iniciativas sociais. A universidade anuncia esta medida “pioneira entre as universidades galegas” para oferecer ao seu alunado incentivos por reciclar a través do programa RECICLOS de Ecoembes (1).

Em primeiro lugar, deveríamos questionar a idoneidade de que a universidade, como administraçom pública, participe das campanhas orquestradas por um lobby empresarial. Ecoembes é umha sociedade participada por empresas multinacionais dos sectores do envasado, matérias-primas, distribuiçom e venda ao público. Esta organizaçom controla a gestom de resíduos de envases domésticos no Estado Espanhol a través da figura da responsabilidade ampliada do produtor introduzida na legislaçom europeia na Diretiva 2008/98/CE, controlando as taxas que devem pagar as empresas pola reciclagem dos envases. Parece umha obviedade sinalar que estas empresas estám unidas para defender os seus interesses de parte, mas semelha que nom é obvio para a universidade, já que segundo recolhem na nota de prensa institucional o sistema RECICLOS afiança o seu “compromiso co desenvolvemento sostible e o respecto ao medio ambiente xunto coa sensibilidade cara a temas de alcance social”.

Ainda que a missom de Ecoembes é a de gerir os resíduos que produzem as empresas, atua de facto coma um lobby, para vender a ideia à cidadania de que a suposta reciclagem dos plásticos de um só uso justifica a sua utilizaçom indiscriminada

Ainda que a missom de Ecoembes é a de gerir os resíduos que produzem as empresas, atua de facto coma um lobby, para vender a ideia à cidadania de que a suposta reciclagem dos plásticos de um só uso justifica a sua utilizaçom indiscriminada ou diretamente exercendo pressom às administraçons públicas para desincentivar açons contra os interesses dos seus associados. Ademais, existem muitas dúvidas sobre a veracidade das cifras que publicam sobre a percentagem de envases plásticos reciclados no Estado Espanhol, já que o Eurostat reporta umha cifra de arredor de 20 pontos percentuais por baixo do 70% anunciado por Ecoembes no 2017, enquanto associaçons ecologistas como Greenpeace reduzem está cifra a um valor por baixo do 25% (2). 

Nom podemos limitar as nossas exigências a reclamar um sistema de reciclagem mais ou menos adequado, se nom a nos posicionar radicalmente en contra do modelo de negócio dos envases de um só uso, e por tanto, fronte aos interesses do capital transfigurado en lobby empresarial

Pola sua banda, a iniciativa RECICLOS também foi alvo de críticas por parte da Alianza Residuo Cero, que o considera um intento de frustrar a implantaçom dum Sistema de Depósito, Devoluçom e Retorno (SDDR) (3). Este sistema leva funcionando décadas em países como a Alemanha ou Suécia, onde os consumidores pagam -ao mercar o produto- um preço estipulado polo envase que será reintegrado no caso de retorná-lo a umha destas máquinas.

Sem embargo, nom podemos limitar as nossas exigências a reclamar um sistema de reciclagem mais ou menos adequado, se nom a nos posicionar radicalmente en contra do modelo de negócio dos envases de um só uso, e por tanto, fronte aos interesses do capital transfigurado en lobby empresarial. Os problemas ambientais associados á produçom de polímeros plásticos e o impacto dos resíduos sobre os ecossistemas terrestres está fora de toda dúvida, polo que o mantimento deste modelo de negócio só responde a interesses económicos. A USC deve dar um passo adiante para ser exemplo de vanguarda na luita contra a crise climática, e, neste caso concreto, defender e promover o uso de envases reutilizáveis e retornáveis.

A cumplicidade da universidade nesta campanha redunda no uso indiscriminado e incorreto do termo sustentabilidade, e em consequência, o borrado do seu significado original de questionamento ao sistema

Por último, e nom menos importante, a cumplicidade da universidade nesta campanha nom só reafirma a mensagem das empresas representadas neste lobby, se nom que redunda no uso indiscriminado e incorreto do termo sustentabilidade, e em consequência, o borrado do seu significado original de questionamento ao sistema. O sistema está a fagocitar o conceito de sustentabilidade para empregá-lo como ferramenta de marketing. Fronte a isto, a USC, como faro do conhecimento científico no nosso país, deve ir um passo mais alá e confrontar os interesses empresariais que promovem está reciclagem “sustentável” e trabalhar por recuperar das garras do capital a palavra sustentabilidade de volta para a sociedade. Se é que ainda estamos a tempo.

 

Notas

1 A USC convértese na primeira universidade de Galicia que ofrece recompensas por reciclar a través do programa RECICLOS (2023, janeiro 11). Xornal da USC. https://www.usc.gal/gl/xornal/novas/usc-convertese-primeira-universidade-galicia-ofrece-recompensas-reciclar-traves-programa-reciclos

2 Talking Trash - The corporate playbook of false solutions to the plastic crisis. 2020. Changing Markets Foundation.

3 Una investigación internacional señala a Ecoembes como el lobo con piel de cordero del reciclaje en España (2020, setembro 17). El Salto. https://www.elsaltodiario.com/ecoembes/investigacion-internacional-senala-lobo-piel-cordero-reciclaje-envases-espana

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