Dez anos na porta: umha década para um projeto peculiar

Conheço de perto a evoluiçom desse projeto chamado A Porta Verde do Sétimo Andar, e de facto justo a metade cronológica desse projeto vivim-na em primeira pessoa. Umha das cousas nas que insistem o Miguel Ángel Alonso Diz e o Alfonso Láuzara para definirem o que é A Porta Verde do Sétimo Andar é na ideia de que “A Porta Verde nom é um coletivo”. A Porta Verde nasceu com ideia de serem um coletivo, mas converteu-se numha cousa bastante mais ampla.

A continuidade da Porta Verde como projeto nom tem a sua força motriz na militança de carné, ainda que evidentemente algumha cousa há de militança para que a espectativa de partilhar uns minutos de poesia e quiçá outras artes como música, pintura, fotografia ou vídeo com um grupo de gente que vai procurando “algumha cousa mais” da que poida oferecer umha convocatória cultural ao uso, te mova a deslocar-te desde A Pontenova, desde A Junqueira, desde Oleiros ou desde Lugo até a cidade de Vigo. A força motriz da Porta Verde é o fluir e confluir de ideias, o movimento puro.

Os encontros poéticos n'A Cova dos Ratos, no Café Uf, ou noutros cenários como A Casa Tomada, o Café Borrazás, ou o CS Gomes Gaioso, na Corunha; o Museu Provincial de Lugo; a Aira das Letras, em Alhariz; o Teatro das Torres, em Santa Cruz de Oleiros, som o caldeiro no que fervem essas confluências... os Q de Vian Cadernos som a síntese dessas confluências, além de ser umha ferramenta para que vejam a luz trabalhos individuais que teriam difícil cabimento na ediçom convencional.

Enfim, isto tudo já o sabem todos aqueles e todas aquelas que tenham notícia da existência da Porta Verde. Eu o que espero é que nom deixem de abrir-se portas de todas as cores em todo o país. Este é o meu desejo, agora que este artilúgio que fixo possível que muit@s de nós editáramos, que recitáramos em lugares do mais diverso aos quatro pontos cardinais do país (e fora do país) fai nada menos que dez anos.

Quando falemos d'A Porta Verde em passado, vai haver que falar de Miguel Ángel Alonso Diz, Alfonso Láuzara, Manolo Pipas, Alberte Momán, Alba Méndez, Pili Mera, Xurxo Nóvoa, Verónica Martínez, Rosa Enríquez, Elvira Ribeiro, Rochi Nóvoa, Nolím González, Virgílio Liquito, Marília Lopes, Luis Viñas, Cruz Martínez, Ana Cibeira, Rosanegra, Iolanda Aldrei, Concha Rousia, Miguel Alonso, Servando Barreiro, Maria José Fernández López, Neves Soutelo... nomes que aparecerom, desaparecerom, voltarom aparecer...Falar d'A Porta Verde é falarmos das livrarias O Pontillón e Miranda, é falar de Radio Piratona, é falar, para mim a um nível mais subjetivo, das portadas que me fixo a Cofi ou é falar dos Filocafés da Incomunidade onde apreendemos cousas positivas, desapreendemos algumhas outras e, ante tudo, curtimo-nos.

Falarmos d'A Porta Verde é falarmos de apreender a viver em comunidade, em rede. Cresce num contexto onde se reinventa o conceito “coletivo”. Onde fam apariçom os Poetas da Óstia, reaparece o Colectivo Sacou, circulam projetos como Poetarras, Aldaolado ou a Corporación Semiótica Galega. Onde se ensaiam novas formas de agir, e se resgatam por necessidade algumhas outras que desapareceram.

Desde logo eu brindarei por muitas cousas nesta passagem de ano, mas também pola poesia que vivim no seio da Porta Verde, polos minutos, polos kilómetros, polos versos e polas ideias...por umha outra maneira de viver o facto de celebrarmos a palavra.

Dez anos com a porta sempre disposta a serem ultrapassada. Vam-me perdoar aqueles e aquelas que tinham pensado escrever sobre este tema. Tivem o atrevimento de fazê-lo eu antes sem ser o mais qualificado. Para dentro de cinco ou dez anos mais, tenham atençom de que eu nom me volte adiantar. Em qualquer caso, orgulhoso de ter partilhado isto com tod@s vós.

Apenas acrescentar que Dez anos na porta é o nome da antologia que se edita conmemorando esses dez anos, que a escolma foi elaborada polo Ramón Nicolás, e que pronto havedes ter notícias de atos de apresentaçom em várias localidades do país.

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