Macau

Apesar de não ser de interesse principal para os nossos sensacionalistas médios de comunicação, a notícia importante sobre China é que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que de 2011 a 2015 este país tem acumulado um crescimento do 24%, frente ao 7,6% dos EUA, o qual -junto com outros indicadores- vem confirmar com clareza que China já é a primeira economia mundial.

Como tem indicado o Professor Xulio Rios, a China desde Deng Xiao Ping nos 80 encorajou-se freneticamente a imitar o modelo econômico capitalista, convertendo-se em aluna avantajada e mestra. As contradições do capitalismo que o fazem inumano como padrão de vida e inviável na produção e consumo de recursos são as mesmas aqui que alá, pois o cerne de tais contradições também é o mesmo: a concentração artificiosa de poder. A nossa diferença autêntica com China não reside portanto no chamado pluralismo político, pois o poder real -como é sabido- tampouco aqui é possuído polos partidos profissionais que nos oferecem cada bocado de tempo programas e consignas que consumir.

A notícia importante sobre China é que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que de 2011 a 2015 este país tem acumulado um crescimento do 24%, frente ao 7,6% dos EUA

Porém, as reformas que China deve acometer para fazer viável e estender o seu bem-estar não são muito diferentes aos nossos deveres neste pólo do planeta, pois os problemas sistêmicos são os mesmos: um inflacionado investimento dirigido sempre e em última instância polo Estado, uma dependência excessiva das exportações face à economia de escala local, e a depredação de recursos naturais, próprios e do planeta. É, como reconhecia em recente entrevista Ray Dalio, presidente do fundo de investimento-risco Bridgewater, uma operação de coração. Se se prefere, uma revolução ou mudança completa. Também tocará fazê-la em ocidente, ainda que nem saibamos como, nem possamos imaginar como será o dia depois.

Entretanto, o mundo está refazendo o seu equilíbrio e vetores de forças, e queremos crer e esperar que os seus dirigentes tenham a sensatez e a mesura suficiente para encontrarem caminhos pacíficos. Mas nada garante que vá ser assim, especialmente num contexto não descartável a curto e meio prazo de escasseza dos recursos necessários para alimentar o patamar de crescimento alcançado por cada bloco.
Devemos-lhe às seguintes gerações pensar bem como valorizar agora pessoal e coletivamente os recursos presentes dos que dispomos para o futuro. Isto é a definição de economia mesma, não vontade de imitar o modelo ortodoxo capitalista. Seria amplamente insensato renunciar às nossas vantagens e oportunidades presentes para um futuro que ainda não conhecemos com certeza.

É irônico e revelador à vez comprovar que essas oportunidades estão precisamente em duas esferas que na Galiza foram tradicionalmente humilhadas polo capitalismo espanhol: o meio rural e o idioma

É irônico e revelador à vez comprovar que essas oportunidades estão precisamente em duas esferas que na Galiza foram tradicionalmente humilhadas polo capitalismo espanhol: o meio rural e o idioma. Aprendidas a inutilidade de ambas, e mais recentemente a sua única possibilidade de redenção desde o intervencionismo, vimos encontrar que aquele "pensar local e actual global" que dizia o velho mestre Isla Couto pode ser a fórmula que nos ajude a encontrar o nosso lugar no mundo.

China já encontrou a maneira de valorizar a língua para os seus interesses, e fez-o resgatando e projetando a língua de Macau. Nós de momento só concordamos entre nós e na Espanha em que na Galiza há galegos. E ainda que as administrações promovam a língua desde a letra da lei, é a sociedade civil uma vez mais quem assume o protagonismo de a fazer valer no mundo em interesse de todos e de todas.

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