Na Galiza opinamos igual que em Euskadi

Electomanía é uma web especializada em sondagens e inquéritos de opinião política que oferece dados estatísticos a nível local, autonómico, estatal e internacional. Esta web fijo-se mui popular quando começou a publicar as sondagens andorranas em forma dum supermercado de fruitas para evitarem a proibição de publicar a intenção de voto na semana prévia às eleições. Além da intenção de voto, a web tem uma secção mui interessante, o Electopanel, que fai projecções de voto mediante análise de dados socio-económicos sobre amostras pouco representativas e técnicas de aprendizagem para minimizar os desvios. Quando não há eleições, o Electopanel também publica o resultado de consultas de todo tipo, incluindo aquelas que não costumam aparecer no CIS: qual é o sistema que quer para o Estado, monarquia ou república? ou como valora o modelo económico capitalista? Os coordenadores da web perguntam mesmo aos seus seguidores que consultas específicas quereriam eles fazer. Surgem então perguntas como: a quem prefere como presidente de Espanha: Puigdemont ou Abascal? 

É interessante o desagregação que fam dos resultados: por perfil político do votante ou por Comunidade Autónoma. De facto, é fundamental saber o que opinam as comunidades pois muitas destas perguntas estão relacionadas com a política territorial. Acho bem interessante saber que na Galiza se votaria claramente por Puigdemont, enquanto que em Castela Leão, Madrid ou Múrcia ganharia com claridade o dirigente de Vox. Foi a clave territorial a que me levou a seguir com atenção estas sondagens de opinião, que começaram a publicar-se há mais dum ano. Lembro a surpresa que levei quando vim que era Galiza a Comunidade que sentia menos simpatia ao respeito de Madrid, ou que era a que menos concordava com que Madrid fosse a capital de Espanha, mesmo por debaixo de Catalunha e Euskadi. Fum observando, ao longo deste último ano, que as opiniões das galegas, nomeadamente aquelas opiniões que tinham que ver com a política territorial, seguiam a mesma tendência política que as de Euskadi e Catalunha.

Ao longo deste último ano, que as opiniões das galegas, nomeadamente aquelas opiniões que tinham que ver com a política territorial, seguiam a mesma tendência política que as de Euskadi e Catalunha

Para verificar se esta observação era ou não uma tendência real, preparei um pequeno experimento de agrupamento estatístico. Recolhim todos os dados das sondagens do Electopanel nos que a pergunta era binária e onde se desagregavam os resultados por Comunidades. Concretamente, recolhim 22 consultas, 15 delas relacionadas com a política territorial (referendo de independência, capitalidade em Madrid, etc) e 7 com outras questões políticas (exumação de Franco, lei eleitoral, capitalismo, etc). Normalizei os valores e executei um algoritmo de agrupamento (Distância Delta-Eder) com ajuda da linguagem de programação R e o pacote Stylus. Mostro os resultados na figura abaixo. Aparecem dous grandes blocos: um com comunidades periféricas mais soberanistas: Catalunha, Euskadi, Galiza, Navarra e Baleares, e um outro com o resto de comunidades. Neste último bloco, é importante distinguir as comunidades mais centralistas (com Madrid na raiz) das mais periféricas: Comunidade Valenciana, Astúrias, Aragom, Cantábria e La Rioja. O que mais chama a atenção (além de Canárias entre as centralistas) é que a Galiza está mais próxima ideologicamente do País Basco que de Navarra, embora as três formem um núcleo soberanista diferenciado do soberanismo mediterrâneo de Catalunha e Baleares.

Se estes dados reflectem a realidade socio-política de cada uma das comunidades, Galiza devia ter um mapa político semelhante ao de Euskadi. Existem, de facto, bastantes semelhanças nos dous territórios: amplo apoio às forças de esquerda soberanista (BNG-Bildu) e de esquerda federalista, com pouca presença de Ciudadanos e Vox. Ora bem, há uma grande diferença em relação ao PP: aqui nós temos um PP forte e alá o PP quase não existe frente a um PNV que ocupa todo o espaço do centro-direita. Além do Electopanel, outra prova que tende a confirmar que uma parte importante do eleitorado do PP galego não é centralista é a sua relutância a apoiar forças unicamente espanholistas como Ciudadanos ou Vox, à diferença da maioria das comunidades do Estado agás Catalunha e País Basco.

A pergunta que me coloco observando os resultados do Electopanel é a seguinte: é o perfil médio do votante do PP galego profundamente anticentralista e potencialmente soberanista?

A pergunta que me coloco observando os resultados do Electopanel é a seguinte: é o perfil médio do votante do PP galego profundamente anticentralista e potencialmente soberanista? Sabemos que foi o PP, com ajuda da inteligência de Xosé Luís Barreiro Rivas e Manuel Fraga, o que melhor soubo adatar-se às particularidades do espírito anticentralista galego das vilas e do rural. Será interessante observar se, no futuro, se desenvolve alguma estratégia política que busque dar uma voz mais direta a esse anticentralismo conservador que, por agora, só se sente acobilhado no fraguismo e pós-fraguismo. Entretanto, acompanharei com atenção às sondagens de opinião que publiquem no Electopanel para conferir se continuamos na mesma frequência de onda ideológica que as nossas irmãs bascas. 

Algoritmo de agrupamento (Distância Delta-Eder) das respostas ás consultas realizadas por Electomanúa © Pablo Gamallo

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