Nacionalitários e assembleários frente à candidatura unitária

A questom política do momento é a da presença de Galiza em quanto tal no Parlamento espanhol. A data provável dos comícios, o 20 de Dezembro, se acreditar na tediosa mensagem de Mariano Rajoy ao respeito. Os comícios servirám para renovar 350 escanos no Congresso e 208 no Senado. Para os galegos comprometidos com a entidade nacional da Galiza o repto é ajuntar forças suficientes para conseguir um grupo parlamentar que represente a Galiza no Parlamento espanhol sem dependência orgánica foránea.

As condiçons para o projecto coalhar som altamente exigentes. O artigo 23 da Constituiçom estabelece que só poderá formar grupo parlamentar a formaçom que alcance cinco ou mais deputados e supere ademais o 15% dos votos emitidos em cada circunscriçom pola que se apresentar. Em resumo: um deputado por província e dous em algumha delas, a da Corunha, por exemplo.

A undécima legislatura democrática e primeira do reinado de Felipe VI apresenta-se decisiva. Abordará previsivelmente umha reforma constitucional da organizaçom territorial do Estado e com ela o status de nacionalidade histórica que a Galiza ostenta graças ao sacrifício daquela geraçom republicana que conseguiu gravar na consciência colectiva do país a sua dimensom nacional. A geraçom de Castelao. É verdade que o povo soberano acabou cedendo depois a defesa e desenvolvimento deste privilégio a formaçons de obediência espanhola ao tempo que estas abriam a festa do “café para todos”, afinal indigesto e abominável. Catalunha encarregou-se mais umha vez de recordar-lho aos aprendizes de feiticeiro, agora sumidos em lamentaçons.

A perspectiva de mudança que enxergamos nom se limita à mais do que provável revisom da Constituiçom em sentido federalizante; questons como a recuperaçom e blindagem legal dos direitos sociais básicos ou a promoçom de iniciativas de reforma democrática na Uniom Europeia fam parte também da agenda política imediata. Além do mais, as consequências dos comícios cataláns unidas à irritaçom das camadas mais activas da sociedade perante a degradaçom da prática política, o desafio do referendo britânico e a crise dos refugiados  ¿E quê vai a ser de nos agora sem os bárbaros? meditava Kavafis  som reptos que anunciam mudanças profundas, históricas talvez. Assistimos a um final de ciclo precipitado em Espanha por umha crise de legitimaçom social do duopólio político governante desde os anos da transiçom. Prova-o a vigorosa emergência de partidos de novo cunho que prenuncia um mapa político renovado. Na Galiza, assistimos à clausura definitiva do nacionalismo épico e resistencialista em Ámio, 28-01-2012.

Os comícios de dezembro levantárom amplas expectativas no segmento mais inquieto e criativo da nossa sociedade. Dous pólos de atracçom se disputam a direcçom do processo de promoçom de umha candidatura unitária ao Parlamento espanhol. Denominemos umha delas candidatura nacionalitária pola primazia implicitamente concedida à questom nacional e à outra candidatura  assemblearista pola proclamada identificaçom com este estilo de participaçom política. O manifesto “Pola Uniom”, (PU), identifica o primeiro colectivo, a marca “Encontro por umha Maré Galega”, (EMG) o segundo. O BNG e o CG acolhem-se à primeira advocaçom; Anova, EU, e Podemos entre outros rondam em volta da segunda.

O BNG é umha sólida formaçom política de mais de cinquenta anos idade, as formaçons competidoras som de recente e acidentada criaçom. A influência social e estabilidade, é, como consequência, património do BNG em contraste com a fragilidade e instabilidade do resto das formaçons. O EMG concentra a sua audiência política em três importantes cidades entre as que nom se encontra Vigo. O BNG refugia-se progressivamente em vilas e cidades de menor entidade. A cooperaçom entre ambas plataformas é ineludível para o sucesso da candidatura unitária pretendida. Persoalmente assinei nas duas – que som umha para mim – bem consciente de que os seus princípios, estratégias e agendas dos partidos incrustados em ambas podem complicar extraordinariamente o processo de confluência.

A opçom nacionalitária acovilha um projecto implícito de construçom nacional. A opçom assembleária tende a minimizar esta perspectiva para priorizar a regeneraçom democrática do Estado na onda das esquerdas alternativas. O status político da Galiza nesta segunda plataforma é propositadamente ambigua e um tanto mesquinha. Pablo Iglesias formulou-o como segue: “o ecossistema político galego tem as suas peculiaridades e será a direcçom galega de Podemos quem defina as fórmulas". Persoalmente discutimos a legitimidade e competência política da mencionada direcçom para julgar as “peculiaridades” e exigências de um “ecossistema político” como o nosso com mais história ao lombo que a do inexperiente líder a sua direcçom galega.

A direcçom do EMG manifesta umha marcada incomodidade perante o status nacional de Galiza e a exigência de se expressar através de um grupo próprio no Parlamento espanhol. É altamente significativo desta posiçom o reiterado uso do sintagma “sujeito político próprio” para caracterizar Galiza e de um inane paralogismo para degradar o objectivo de promover um grupo parlamentar galego: “um grupo parlamentar é um médio nom um fim”, afirma-se. A proposiçom está vazia de sentido, o mesmo se pode predicar de todo e qualquer grupo parlamentar. Simples circunlóquios para rebaixar o imperativo que a todos nos move em prol de umha voz própria para Galiza na decisiva legislatura que se anuncia.

Há quem sustenha que a iniciativa PU é um simples disfarce do BNG como este é da UPG. Sem negar a intencionalidade de qualquer formaçom política de influir nos movimentos sociais, ninguém pode negar a potente mensagem de civismo e concórdia que comporta a generosa renuncia do BNG às suas siglas em favor do carácter cívico da plataforma promotora. Ignorámos no entanto se o resto das formaçons contendentes estarám dispostas a tanto. A manipulaçom mediante agentes activos dos aparelhos partidários é, decerto, um risco para qualquer candidatura cívica, mas, nom é imputável em exclusiva ao BNG. O que si acontece no caso do BNG é a existência de umha ampla camada de ex-militantes escaldados polas técnicas de neutralizaçom e silenciamento praticadas polo núcleo messiánico da organizaçom. Compreendo e simpatizo com os agravados mas atreveria-me a solicitar-lhes que tentassem enfriar velhos ressentimentos em prol de um novo tempo político. Para a minha fortuna ou o meu desleixo patriótico nunca militei no Bloco e careço de contas pendentes com ele a nom ser a de ter congelado o relógio do movimento nacionalista aos tempos da guerra fria.

Por quê nom avançamos no processo de confluência? A qué autoridade competente estamos esperando para passar à fase resolutiva? Nom perdamos de vista que ainda fica por negociar a parte crítica do processo: a elaboraçom da listagem eleitoral, o financiamento da campanha, a convocatória pública a colaboradores e votantes e o programa. As fortes exigências do processo em curso requerem altura de miras e personalidades políticas rejas e experimentadas à frente. Persoalmente nom acreditei nunca nem acredito nas virtudes taumatúrgicas da voz da rua erigida em oráculo de toda sabedoria política e prenda de democracia impoluta. Necessitamos política e políticos em exercício.

O carácter inevitavelmente unitário da candidatura e a exemplaridade técnica, política e cívica dos candidatos a encabeçá-la som imperativos essenciais. Competência técnica, capacidade dialéctica, espírito cooperativo som requisitos ineludíveis a exigir aos candidatos. Fica proibida a mediocridade e os prémios de consolaçom a lealdades militantes e crentes provados.

Nom há muito me atrevia eu a propor como figura simbólica de cabeceira ao ex Fiscal Superior de Galiza, Carlos Varela García. Personalidades semelhantes, com ou sem adscriçom partidária, poderiam reforçar os postos finais das candidaturas provinciais. Por ai devia transcorrer a pesquisa da listagem de consenso.

O processo nom pode fracassar porque seria interpretado como derrota colectiva e prova da irremediável persistência dos velhos modos na política. Senhores promotores, amigos aderentes, apliquemo-nos à tarefa. Pretendemos inaugurar um novo tempo neste velho país.

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