Cada vez que escutamos ou lemos na imprensa um novo caso de violência machista, semelha que estamos a viver a cena terrível dum filme de terror.
Nesta situação, a única certeza que temos e que estamos a ser exterminadas, tanto física como psicologicamente. Inevitavelmente surgem-nos embates, sitiam-nos. Devemos estar alerta!
Somos atacadas, violentadas, tanto de palavra, obra e omissão. Os violentos encontram-se em todos os estratos sociais: ditam resoluções judiciais insensatas em contra nossa, escrevem artigos discriminatórios, insultam-nos num parlamento ou usam-nos como idóneos personagens de corrosivos, misóginos monólogos de machistas.
Mentes supostamente destacáveis, inteligentes, procuram rações absurdas e criam teses machistas com a única intenção de apoucar-nos. As vítimas, uma vez mais passam a ser as culpáveis das horríveis situações que se estão cingindo em cima das suas cabeças, das nossas cabeças. Quando rematará esta persecução injusta e inexorável?
Devo dizer que me consta que existem grandes homens que estão com a nossa luta, e apoiam, mas ainda assim, ficam indivíduos enclaustrados nas cavernas, machos postulados nos catecismos, castradores de vontades, fomentadores de servidão. Amparados em pensamentos detratores que alimentam desigualdade, em doutrinas obsoletas usadas para a desvalorização. Obviamente, é necessário tratar pelo miúdo o “amor romântico” esse conceito-chave, que em muitos casos, inconscientemente, nos faz ver o sentimento como um direito de propriedade, de pertença, de domínio.
Essa é uma absurdidade, que também aparece em alguns contos infantis com os que crescemos. O síndrome da princesinha que deve aguardar a chegada do seu príncipe, aquele que um dia a despertará com um doce beijo e serão felizes para sempre. Habitamos ainda numa escravidão. Há quem diz, que são os preceitos do Decálogo: A costela de Adão. Até que a morte nos separe...
Eles procuram motivações insensatas para assassinar e nós morremos. Enquanto nos matam, o sistema oferece-nos figurações simbólicas, pesarosas. Belas palavras, promessas que não conduzem a nada. Seguem apertando-nos em cerco, não conseguimos divisar a saída do inferno. A que espera o governo para erradicar o problema?. A imposta incapacidade percorre-nos até a medula, subestima-nos, como se tivéssemos inépcia e precisáramos da tutelagem dos déspotas. Somos ainda cativas, abatem-nos para que acatemos. Mas não acatamos, não acato!
Eu quero viver tranquila, poder passear pela rua sem medo, sem desconfiança das pessoas com as que me cruzo e o facto de ter este desejo não significa que seja uma hembrista, nem uma feminazi. Sou uma mulher à que lhe estão arrancando de cotio todos os seus direitos, e unicamente luta pelo que é de seu, a sua liberdade de ser e atuar. Neste jângal, semelha que só existe a razão da sem razão.
O esperpento do pensamento da incoerência ao que, incompreensivelmente dão-lhe voz nos meios e nos cenários aos supostos artistas, jornalistas… que na realidade só são acochados machistas, que fazem alarde da supremacia do seu género e que revelam como arte: a violência e a falocracia. E é inquestionável que a vítima não pode ser culpável, é a vítima!. A ver se percebem o verdadeiro alcance do problema. Estes não são factos isolados.
As mulheres estamos sendo assassinadas, e para esta crua verdade não existem motivos, nem pode haver manuais absurdos que tenhamos que acatar para defender-nos das agressões. Que é o que está acontecendo; estamos toleando ou que?
Como é possível ter chegado a este despropósito? Não acredito!