Novos desafios para a causa galega

Qualquer pessoa que seguir a atualidade parlamentar saberá que existe umha mudança de atitude por parte do PP e de determinados meios de comunicaçom em relaçom a AGE: os inquéritos dam como resultado a perda da maioria neoliberal e a consolidaçom deste espaço como o principal motor de qualquer alternativa à hegemonia conservadora que padecemos.

Os inquéritos dam como resultado a perda da maioria neoliberal e a consolidaçom deste espaço como o principal motor de qualquer alternativa à hegemonia conservadora que padecemos

Contudo, nom devemos perder-nos demasiado nestas valorizaçons e centrar-nos na soma de massa crítica, que apenas virá de entrarmos numha lógica de movimento. Temos que evitar a compartimentaçom das luitas e temos que dar respaldo às reivindicaçons da cidadania, mudando também a lógica dos processos para que os interesses partidários fiquem num segundo plano diante das demandas populares. A frente ampla tem que ter umha expressom de mobilizaçom nas ruas, e nesse sentido temos que partir da inteligência à hora de entendermos a magnitude dos processos em curso e nom precipitar-nos: como di Mar Blanco Casais é tempo de calcetar, de voltar ao trabalho artesanal e de base, de evitar atalhos e simplificaçons que apenas contam com umha expressom na propaganda, para poder situar-nos em processos de maior alcance, previsivelmente com gramáticas mais simples.

A frente ampla tem que ter umha expressom de mobilizaçom nas ruas, e nesse sentido temos que partir da inteligência à hora de entendermos a magnitude dos processos em curso e nom precipitar-nos

Queira-se ou nom, nom existe hoje na esquerda da naçom umha proposta tam avançada para as próximas eleiçons europeias como a que apresentou ANOVA, apostando decididamente pola quebra democrática diante da lógica perversa da segunda Transiçom e a prol de umha reformulaçom da frente ampla, que tivo nos passados comícios do 21-O a sua materializaçom concreta em AGE. Tal é a sua potência que, de umha maneira ou outra, todas as forças do campo nacionalista terám que se posicionar sobre ela. Veremos onde ficam outras propostas condicionadas por variáveis inestáveis, sobretodo diante de umha eventual frente nacional em chave catalá.

O verdadeiramente importante destas eleiçons é que sejam um catalisador do atual processo de acumulaçom de forças iniciado no nosso país, ampliando a sua pluralidade interna

O verdadeiramente importante destas eleiçons é que sejam um catalisador do atual processo de acumulaçom de forças iniciado no nosso país, ampliando a sua pluralidade interna –tendo em conta a lógica dos partidos, mas centrando-se na agenda dos movimentos– e mostrando umha posiçom clara sobre o que suponhem Espanha e a UE para os interesses do povo trabalhador galego. Nom podemos esquecer a funçom pedagógica de qualquer processo eleitoral. Avançarmos com a desafeiçom popular nom implica deixar de combater discursos vazios, caldo de cultivo para um falangismo 2.0. A esquerda, se é revolucionária, tem que assumir a necessidade de ir contracorrente quando for preciso.

Chamaram a minha atençom duas reflexons do discurso pronunciado por Xavier Vence na comemoraçom do Dia da Galiza Mártir. Em primeiro lugar, a aposta polas forças próprias da naçom que di defender o BNG veria a possibilidade de artelhar umha candidatura em chave galega, contando também com Esquerda Unida da Galiza? Como se busca a conquista da soberania nacional se nom é somando forças, num contexto desfavorável para o nacionalismo?

Como se busca a conquista da soberania nacional se nom é somando forças, num contexto desfavorável para o nacionalismo?

As respostas a estas perguntas som bem claras, e nesse sentido entramos na nossa segunda observaçom: para os independentistas de esquerda que trabalhamos em ANOVA o nosso aparelho de Estado nom se construirá a partir das instituiçons espanholas operantes no nosso país, como assim afirma o porta-voz da organizaçom frentista. Seguramente que bem empregadas poderiam ajudar a avançar no processo de construçom nacional –e seguramente AGE é a formulaçom que mais perto se encontra desse objetivo, em que tenhem espaço outras forças-, sempre e quando a política económica nom estiver subordinada à outra força de ordem da Espanha que padecemos, mas desde logo lá nunca residirá o embriom da República Galega, que nós situamos noutros espaços: está presente no trabalho sindical, na defesa da cultura e da língua na base, em plataformas que somam vontades e evitam o parcelamento das luitas como acontece no Morraço ou em localidades como Compostela e muitas outras onde de maneira digna e humilde construirmos aos poucos umha expressom real de unidade popular, cimentada na defesa dos interesses da vizinhança e que se nega a esquecer os princípios.

Deixar preparados abaixo os cimentos da vitória, comarca a comarca, é o principal desafio hoje para a causa galega.

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