É especialmente preocupante que, como organizaçom articulada em defensa das classes populares galegas, nom se sinale claramente o sistema capitalista como principal culpável do cambio climático antropogénico
O Estado espanhol está em emergência climática desde janeiro do 2020. É inegável que a declaraçom de emergência ficou completamente opacada pola posterior declaraçom de estado de alarma por causa da COVID-19, mas neste ano no que começamos a intuir mais vividamente a magnitude e as consequências do cambio climático antropogénico, compre reflexionarmos sobre que é o que podemos aportar como organizaçom política a este respeito.
Com este ano 2023 a piques de rematar, o cambio climático continua a estar presente no debate político de forma superficial. Poderíamos afirmar que é um problema sobre o que existe umha certa preocupaçom; mas sem ter mui claro em que consiste, qual é a sua origem, nem como vai ser abordado. É especialmente preocupante que, como organizaçom articulada em defensa das classes populares galegas, nom se sinale claramente o sistema capitalista como principal culpável do cambio climático antropogénico. Igualmente preocupante que, quando -timidamente- afloram supostas soluçons, tampouco se questione por que estas receitas nom desafiam o atual modelo global de produçom e consumo; modelo que necessariamente devemos ultrapassar se queremos tentar frear as crises climática e ambiental que estamos a sofrer.
No segundo aniversário da XVII Assembleia Nacional do BNG celebrada na Corunha o 7 de novembro de 2021, resgato a minha intervençom perante a militância congregada no Coliseum no debate de totalidade dos textos
Hoje, no segundo aniversário da XVII Assembleia Nacional do BNG celebrada na Corunha o 7 de novembro de 2021, resgato a minha intervençom perante a militância congregada no Coliseum no debate de totalidade dos textos. Sendo consciente de que o debate nom é público, partilho este breve discurso sempre com a vontade de contribuir a melhorar a nossa intervençom política e a construir umha organizaçom mais forte.
Com esta intervençom, quero alertar sobre a urgência na adoçom de linhas políticas adequadas para enfrentar a crise climática que estamos a sofrer. Como organizaçom, devemos elaborar um discurso valente, coerente e construído coletivamente sobre a crise climática e ambiental. Necessariamente devemos defender a rutura com o atual modelo de produçom e consumo – e acredito que todos os aqui presentes concordamos que o modelo atual está esgotado– e integrar a defensa do nosso território com o necessário planejamento dos modelos energético, alimentar e industrial; no contexto de umha Galiza submetida a umha ofensiva colonial pola extraçom de nossos recursos naturais.
Nesta linha, o BNG apresentou uma estratégia ambiental neste mesmo ano, no âmbito da campanha "O futuro de Galiza é verde", incluindo linhas bastante avançadas em sete grandes áreas de atuaçom, que abrangiam: biodiversidade, energia, agenda urbana, mobilidade, ciclo da água, resíduos e bioeconomia. Em relaçom a essas medidas, a organizaçom acredita que "A emerxencia ambiental e climática é máis evidente así como a necesidade de afrontalas con solucións propias e con criterios de equidade e xustiza social". Nada em contra.
Entom, qual é o problema? Pois que a soluçom à emergência climática nom vai chegar simplesmente com a mudança dumhas tecnologias contaminantes por outras supostamente mais limpas. Um assunto desta importância estrutural deveria ser objeto de socializaçom entre as bases e de debate entre toda a militância da fronte. O BNG precisa promover o debate com urgência, já que atualmente somos abertamente contraditórios na defensa dessa “Galiza verde” ou incluso na nossa atuaçom institucional entre diferentes localidades do país. Precisamos de um modelo nacional adaptado à nossa realidade, mas é necessário um debate de longo prazo, porque as linhas de atuaçom certamente afetarám o futuro da nossa Naçom.
"O BNG deve ser audaz e debater abertamente para superar suas contradiçons, custe o que custar, já que neste momento é mais necessário do que nunca reforçar o debate interno e continuar construindo espaços de diálogo com a sociedade civil organizada"
Neste contexto, a única garantia de conseguirmos umha resposta adequada a este problema é respondê-lo coletivamente. O BNG deve ser audaz e debater abertamente para superar suas contradiçons, custe o que custar, já que neste momento é mais necessário do que nunca reforçar o debate interno e continuar construindo espaços de diálogo com a sociedade civil organizada.
Nesta linha, quero destacar o bom trabalho da ADEGA na sua recente campanha contra os macroprojectos eólicos, na qual propom um modelo energético baseado nos três ESES: de energia Soberana, Social e Sustentável. Como mensagem final desta breve intervençom, gostaria de destacar a ideia de que algo aparentemente positivo para o meio ambiente, como as energias renováveis, pode ser tremendamente negativo quando é controlado polo capital, defensando o lucro privado e nom os interesses das classes populares. E com este chamado de atençom, remato com umha famosa cita do ambientalista brasileiro Chico Mendes: "Ecologia sem luta de classes só é jardinagem".
Infelizmente, esta intervençom tem a mesma relevância hoje que há exatamente dous anos. O Bloque segue sem superar a inércia sistémica de empregar a emergência climática como um simples adereço nas suas propostas ou a sustentabilidade como um adjetivo inconsequente nas suas mensagen
Infelizmente, esta intervençom tem a mesma relevância hoje que há exatamente dous anos. O Bloque segue sem superar a inércia sistémica de empregar a emergência climática como um simples adereço nas suas propostas ou a sustentabilidade como um adjetivo inconsequente nas suas mensagens. Como alternativa a esta atitude que nom procura fazer frente aos problemas, permito-me também resgatar, pola sua relevância para esta reflexom, um parágrafo que fazia parte do documento "Debater, organizar e mobilizar desde o soberanismo e a esquerda" que lançamos desde o Movemento Arredista para promover o debate de cara à própria XVII Assembleia Nacional:
“Para este e muitos outros debates, é fundamental que o conjunto do movimento soberanista caminhe compassadamente e elabore diagnósticos e respostas comuns. Por isso, acreditamos que neste momento histórico é mais necessário do que nunca construir um espaço de interlocuçom das organizaçons políticas, sindicais e sociais soberanistas, no qual, em pé de igualdade, elaboremos umha estratégia conjunta que nos permita avançar coletivamente, cada um desde o seu âmbito de atuaçom. Um espaço de confiança política no qual os consensos e dissensos sejam aceitos como parte da lógica pluralidade de agentes que compartilham um objetivo comum nas diversas formas de atuaçom para alcançá-lo.”
Devemos transcender à imediatez do debate político, evidenciar os limites dum marco político cada vez mais restringido e promover um debate honesto sobre a estratégia que precisamos para combater ao que já podemos afirmar que é o maior problema para a humanidade neste século
Constatando, do mesmo modo, a validez e a boa resistência ao passo do tempo das aportaçons do Movemento Arredista ao debate pré-assembleia, só fica a fazer um novo convite à reflexom. Os nossos objetivos políticos, devem ir além dumha cuidada comunicaçom política ou dumha adequada gestom das instituiçons que governamos (ou que aspiramos a governar). A fronte patriótica deve ter mirada longa, vocaçom estratégica e transcender as dinâmicas nas que o urgente nos impede falar do importante. Devemos transcender à imediatez do debate político, evidenciar os limites dum marco político cada vez mais restringido e promover um debate honesto sobre a estratégia que precisamos para combater ao que já podemos afirmar que é o maior problema para a humanidade neste século.