Uma nova Galiza? Reflexões

Após as eleições do 18 de fevereiro de 2024, muita gente saiu ao publico para refletir sobre o fenómeno galego. Li, escutei e falei sobre as minhas opiniões com pessoal achegado ideologicamente e outros não tanto. A radio deu diversas opiniões de vários e varias polítologas /os tertulianas e outras vozes “opinatorias”. 

O maravilhoso crescimento do Bloque Nacionalista galego foi alvo de múltiplas interpretações. Segundo alguns pode ser resultado de votos emprestados do PSOE (eu não acredito). Outrem opina que é uma situação conjuntural, outros simplesmente ficaram expectantes. 

A realidade é que o poder continua a ser possuído polos “mesmos de sempre”. Que têm uma ideologia herdada do franquismo. O Sistema do caciquismo que baseia seu poder na duplicidade do medo e a conveniência. Sempre na crença de que convém estar a bem com os que “mandam desde sempre” porque algo che pode tocar no reparto dalguma regalia: A colocação dalgum filho ou filha, mover os papeis indispensáveis para teu negocio, ajudas económicas etc. 

Neste momento, na Galiza é muito difícil romper o “status quo” . Muitas pessoas devem favores a quem possuiu o poder desde há tantos anos. Chamamos barriguinhas agradecidas. Constituem autenticas redes clientelares. Mas, também funciona o medo ao desconhecido. Um meu curmão que era muito assisado dizia-me: “A estes já os temos mantidos. Se vêm outros novos temos que voltar a começar”. Filosofia do sobrevivente sem capacidade de rebeldia. 

Mas eu clamo pola rebeldia. Pola subversão. Polo inconformismo.

Pola confiança em nós como povo . E assim foi nestas eleições. As forças da direita ( somados PP, Vox e D.O.) levaram, apenas, uns 35.000 votos a mais do que as esquerdas. 

Galiza não é de direitas como se diz. Há muita gente que quer confiar nas esquerdas antes do que na direita. (712.183). E, ainda o nacionalismo também colheitou uma boa manda de gente que nele confiaram (467.074). O que são muitas pessoas. 

Nomeadamente se pensamos que se quebra a inercia do voto. 

Galiza é um país colonizado. E a colonização tem vertente económica expressada como a extração dos nossos recursos para leva-los fora de aqui ( Electricas, Madeira, Minaria, Industrias extrativas, desaparição da banca galega, das industrias galegas, asteleiros, construtoras, etc) para a capital da Espanha . Junto com o desapreço ao meio ambiente. Cá ficam os lixos, os recursos vão para fora. Mas o colonialismo implica também um efeito cultural, sociológico e psicológico de sentimento de inferioridade. Foi Garcia Blanco o intelectual lugués funcionário de Estatistica e Catedrático de Filosofia em Lugo (1882, Pambre, Lugo) quem definiu o termo auto-ódio para o sentimento de rejeição que na Galiza existe, ainda hoje, sobre a cultura e a língua galega, como refugar o próprio em beneficio do alheio. Por isso é tão importante o numero de votos que estabeleceram sua confiança no Bloque. Porque significam confiança em nos mesmas. No nosso país, nas suas possibilidades de presente e de futuro. No reconhecimento do próprio como valioso, necessário. É um grande passo para por em valor todo o que esta rica Terra tem. Para defender o próprio e não ficar conformes vendo como as nossas imensas riquezas fogem fora da Galiza. Para exigirmos um trato igualitário com outras partes do Estado Espanhol. Para sermos cidadãs de primeira como outras qualquer cidadãs.

Isto foi uma façanha. Foi o resultado da maturidade duma sociedade. Eu fico emocionada vendo juntas/os a Beiras, Camilo Nogueira, Mabel Ribera e tantas personalidades da nossa cultura. E, ainda houve quem tentou fazer sombra ao encontro da Lider Ana Pontom com industriais galegos. E como não!. Uma presidenta tem que atender a todo o sector da sociedade. Conhecer seus problemas transmitir que Galiza é uma oportunidade também para eles e que a têm de cuidar para ajudar ao resto da população a gerar riquezas autotonas com pensamento de permanência. 

Num antigo artigo analisava eu o Pensamento catedral. Trabalhar pensando no futuro alargado e utilizando as energias e os materiais da Terra cá. 

O que me faz crer no futuro da Galiza agora é comprovar como uma mulher e a equipa do Bloque, foi capaz de juntar as forças galegas para trabalharem em conjunto. Isto é insólito na nossa história. Uma dica galega bem antiga diz: “Somos galegos e não nos entendemos”(Paio Marinez Barbeito na toma de Almeria 1412). Mas agora semelha que sim. Vamos avançar com essa ideia. 

Outras forças de esquerda na Galiza, mas de obediência estatal, como o PSOE podem se juntar na tarefa, nomeadamente pelo que atinge a pontos em comum, que os há e muitos. A eles corresponde convencerem ao eleitorado galego de obediência espanhola para que virem seus olhos e suas esperanças em Galiza. Eu é o que espero. Temos tempo. Somos um país velho, que existe desde há mais de 5000 anos. O primeiro reino a se esgaçar do Império Romano em toda Europa no século VI. O primeiro em escrever em galego as formosas cantigas medievais. 

Ainda não compreendo como os representantes galegos no senado da Espanha vetaram a utilização do galego . Como puderam repudiar a sua língua!? 

Entre tanto todas as pessoas que cremos em Galiza seguiremos defendendo-a. Deixando de parte as pequenas diferenças que são apenas minimidades. Temos tanto polo que viver e agradecer!. Como não? No país de Rosalia de Castro a mais importante escritora europeia do século XIX e mais… Defendamo-lo. Porque é nossa criação. E porque em galego temos um mudo inteiro.

Grazas ás socias e socios editamos un xornal plural

As socias e socios de Praza.gal son esenciais para editarmos cada día un xornal plural. Dende moi pouco a túa achega económica pode axudarnos a soster e ampliar a nosa redacción e, así, a contarmos máis, mellor e sen cancelas.