Portucel Soporcel é umha grande empresa portuguesa de celulosa e papel com fábricas em Cacia (Aveiro), Figueira da Foz (Coimbra) e Setúbal; Ence é o seu par em Espanha, com fábricas em Návia (Astúrias), Ponte Vedra e Huelva. Dous grupos semelhantes em capacidade produtiva: 1,4 milhons de toneladas/ano de pasta celulósica e 2.500 Gwh/ano de produçom eléctrica Portucel, 1,3 milhons de toneladas/ano com 1.600 GWh/ano de produçom eléctrica a Ence. Também em Figueira da Foz, autêntica capital da polpa celulósica portuguesa, assenta a Celbi (Celulose Beira Industrial), outra importante empresa de pasta e papel embora o seu volume de produçom nom supere os 0,5 milhons de toneladas/ano de pasta.
Galiza é um campeom florestal europeu com 7,8 milhons de metros cúbicos de cortas de madeira cada ano, nom obstante o anárquico abandono das florestas
Ence declara um consumo anual de 3,7 millons de metros cúbicos de madeira de eucalipto para produzir pasta celulósica e energia. O consumo conjunto da Ence, Celbi e Portucel pode estimar-se em 9 milhons de metros cúbicos de eucalipto cada ano.
Galiza é um campeom florestal europeu com 7,8 milhons de metros cúbicos de cortas de madeira cada ano, nom obstante o anárquico abandono das florestas. O volume anual de cortas de eucalipto na Galiza cifra-se actualmente em 4,12 milhons de metros cúbicos, mais da metade do total das cortas efectuadas. Deduzir disto que as sete fábricas de pasta instaladas na península ibérica dependem do subministro galego é umha simples constataçom de factos. Tanto por qualidade como por quantidade, a produçom eucalipteira galega é a base imprescindível da produçom celulósica e papeleira de toda a península ibérica. A proximidade geográfica às plantas transformadoras multiplica as vantagens económicas da aliança monte-indústria. Nom acreditem na fábula de que um hipotético mau trato galego às corporaçons industriais residentes vaia obrigar estas a abandonar o país. Há tempo que a prezada mercadoria de onde mana a pasta de fibra curta atingiu o status de commodity internacional. A floresta atlântica cota neste mercado global.
O grande geógrafo português Orlando Ribeiro (1911 – 1997) explicou em páginas admiraveis no seu livro Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico (1945) a dúplice natureza de Portugal, mediterránica e atlántica ao mesmo tempo. Atlanticidade e meditarreneidade som categorias interpretativas fundamentais tanto no discurso nacionalitário murguiano como no da geraçom Nós, haverá que trasladá-las à analítica económica. O Portugal mediterrâneo, cremos, padece a amputaçom histórica da sua atlanticidade galaica.
De árvore insolidária onde os páxaros se negam a fazer ninho, foi qualificada, mas, quem poderá negar o poderio vegetal incomparável da espécie, além do seu elevado valor industrial?
Falamos do eucalipto, árvore prodigioso quando submetido a disciplina silvícola para formar cultivos florestais ordenados e alóctono perigoso quando falta critério, norma e controlo. De árvore insolidária onde os páxaros se negam a fazer ninho, foi qualificada, mas, quem poderá negar o poderio vegetal incomparável da espécie, além do seu elevado valor industrial? O venerável exemplar do Souto da Retorta, beira do rio Landro, lá em Chavim, mereceu o título honorífico de “O avó” por ter alcançado os seus bons 80 metros de altura - mais do que a Torre Berenguela da catedral compostelana - com onze metros de perímetro: um gigante vegetal. Nom é justo culpar o eucalipto da desídia imperante na ordenaçom do território e a política florestal.
Dispomos dos dados actualizados das exportaçons espanholas de madeira 2012, procedentes do Ministério de Economia e Competitividade. A ninguém pode surpreender a hegemonia da Galiza no tráfego madeireiro no mercado interno e internacional: simples consequência da potência florestal do país. O país dos mil rios é também o país das 2.000 milhons de árvores1.
O monte galego deita anualmente no mercado em volta de 4,5 milhons de toneladas de eucalipto2 1,2 das quais som vendidas à indústria portuguesa e o resto à espanhola.
Toneladas exportadas, 2012 | Portugal (PT) | Todo o mundo (M) | %PT/M |
---|---|---|---|
Galiza (GZ) | 1.159.900 | 1.242.861 | 93,33 |
Total Espanha (ES) | 1.229.848 | 1.522.016 | 25,06 |
% GZ/ES | 94,31 | 81,66 |
Exportamos 82% da madeira que Espanha vende no exterior e 94% da enviada a Portugal. A produçom eucalipteira galega forma com a indústria papeleira portuguesa um potente complexo silvícola-industrial, moderno e economicamente competitivo. Umha linha de força mais no espaço mercantil luso galaico.
Exportamos 82% da madeira que Espanha vende no exterior e 94% da enviada a Portugal. A produçom eucalipteira galega forma com a indústria papeleira portuguesa um potente complexo silvícola-industrial, moderno e economicamente competitivo
Umha potente ponte de eucalipto une a Galiza com Portugal. As exportaçons espanholas de madeira do 2012 reportárom a Espanha 122 milhons de euros, 101 dos tinham destinatário galego, 95 procediam de Portugal.
- 1,63 milhares de milhons, se acreditamos nos dados fornecidos polo terceiro Inventario Forestal Nacional (1997 – 2007) elaborado polo Ministério espanhol de Meio Ambiente.
- A densidade do eucalipto em verde estima-se em 1,16 toneladas por metro cúbico.