Esta fotografia, tirada em agosto de 1981, é do interior da casa de Sésamo na qual morava o cura das Encrovas. Entre a austera decoraçom albiscam-se peças de artesania galega; o que parece um cartaz do movimiento nacional-popular e, sobre o dintel, apenas percetível, a sereia de Castelao. Sobre a mesa de madeira, duas velas, um cacto numha olinha de barro, e umhas florzinhas franciscanas que iluminam toda a instância. Justamente disso, da dimensom mais vivencial e íntima da militancia de Moncho Valcarce, trata este texto.
Do movimiento nacional-popular temos muitos documentos congressuais, polémicas teóricas e extensas cronografias… e porém, temos bem pouco. Filhas do seu tempo e as suas cricunstâncias, aqueles acontecimentos som apenas cojunturais. Pola contra, a ética e as ensinanças das vivencias pessoais conservam todo o seu brilho e utilidade para os reptos de hoje. Afortunadamente Moncho Valcarce deixou avondosa testemunha desta esquecida dimensom humana da militancia política, seguramente graças às “técnicas de si” próprias da sua profissom.
Tomada de consciência, seminário e Jimy
Filho dumha corunhesa e um berziano, Moncho cria-se no seio dumha família burguesa. Como cumprindo com o tópico hagiográfico, desfruta dumha juventude cheia de festa, antes de ingresar no Seminário de Sam Martinho Pinário –á idade algo seródia de 26 anos, quando estava a rematar Direito. De moço, já dera mostras dumha desorganizada indignaçom perante a injustiça social, misturada com um cristianismo heterodoxo e franciscano. As conversas que mantém no seu diário com Deus espalham bem espelham bem esta primeira indinaçom:
“Preocupam-me os obreiros que vivem em habitaçons onde Ti só vivirias, com pagas ridículas, comparadas às propinas que no café ou no cinema dá o seu patrom. Odiam, justo ódio!, aos que os exploram, amparando-se em leis perfeitas na teoria e satánicas na prática”. (19/12/1961)
Apenas uns dias depois, na Noite Boa, escreve-lhe umha carta ao Meninho Jesus cheia de raiva perante a hipocresia com que a burguesia corunhesa celebra o seu nascimento.
“Contárom-me muitas cousas de ti, inventadas polos “católicos”; tantas que me figérom chorar de indignaçom e nojo polo que contavam. Nom me explico como nom ês comunista, ou… te dedicas a pôr bombas na ceia, dos ricos! Perdoa a animalada, mas, é verdade!”. (24/12/1961).
Batia com o seu entorno constantemente, e encontrava-se mais cómodo nas margens das famílias ‘bem’ do momento: “Nom me avergonha ser amigo de prostitutas, maricons, herejes ou gente que considera os curas e a Igreja algo morto. Dam-me nojo, náuseas, os que vam à miss asó nos domingos, comungam… os mornos!”. (20/1/1962).
No Seminário iniciará umha funda amizade com Manuel Torres Vilariño, Jimy. Os dous padecerám anos depois a dureza da repressom. No caso de Jimy, quando após ser ordenado viaja para o Brasil, onde os esquadrons da morte da Ditadura o capturam e torturam. Quando em 1975 a família consegue trazê-lo de volta à Terra, vem já num estado tam delicado que aos dous meses morre.
Anos depois, Moncho recordava o ambiente do Seminário como “Pior que na mili! Aquilo era un cárcere; como estar na cadea”; lamentando-se sobretodo de que “As persoas máis egoístas que tropecei foron os curas ou os seminaristas…” (Entrevista em Teima, nº20, 1977). Muito mais importante para a sua formaçom foi o curso que passou na Universidade Gregoriana de Roma, acompanhado do seu amigo Vicente Cerdeiriña.
Como tantos galegos, tomou consciência nacional no estrangeiro: “Eu comecei a descubrir a Galiza em Roma”, confessará-lhe a Gumersindo Campaña. Ali conhece o grupo “Os Irmandiños”, centrado sobretodo na recuperaçom da língua –formavam parte dele gente tam destacada na filolofia como Isaac Estraviz ou Montero Santalha-; e também se encontra com cregos abertzales como Balentxi. Era o tempo do conflito de Castrelo de Minho e o ressurgir da resistência nacional. De volta a Compostela, intentará com outros companheiros encetar um novo modo de vida no Seminário, mais livre e coerente. Como resultado das inovaçons, Moncho, Jimy e Joaquín Cifuentes serám expulsos da instituiçom.
A Comuna de Sésamo e a democracia paroquial
“…entonces non era cousa tan nunca vista que a eirexa fose sitio en que se
fixesen xuntas comunales, se ventilasen asuntos civiis, se notificasen cartase
sentencias e se celebrasen outros autos púbricos de carauter segrar. Inda por
moito tempo o adro das eirexas era o lugar proprio e sinalado aos concelhos e
xuntas populares. É certo que os Concilios e Perlados cramaban contra o abuso de
celebrárense nas eirexas taes autos; mais às veces, co gallo de que era por
necesidá e pol’o ben común, non se separaba nas ditas prohibicións”.
A.LÓPEZ FERREIRO, O castelo de Pambre
Finalmente, e a pesar de todo, Moncho é ordenado sacerdote, mas a sua igreja parecerá-se mais a essa do s. XIV que descreve António López Ferreiro do que à do nacional-catolicismo. Desde as suas primeiras homilias em igrejas corunhesas, a combatividade social estará presente em cada um dos seus ofícios religiosos. Carga de novo contra a hipocresia natalícia e pom-se de lado dos oprimidos com todas as consequências:
“Falar numha reuniom de poucos, no secreto da noite, é cómodo e bonito… Mas falar perante muitos e a plena luz é perigoso e incómodo. Nom nos fica mais remédio, se queremos seguir a Cristo, do que denunciar à luz, embora dos do T.O.P. (Tribunal de Ordem Pública, predecesor da Audiência Nacional espanhola) nos esperem fora”. (Homilia em Sam José da Corunha, janeiro de 1971).
Em 1971 é destinado a duas paróquias de Culheredo: Sésamo e Sueiro. Ali encontra-se, como queria, com a vida rural. Moncho conhecia e aprezava a democracia paroquial da tradiçom. No seu trabalho O compromiso político dun presbítero nunha realidade concreta: Galiza, dedica-lhe muita atençom ao tema, repasando-o através de Castelao, Risco, Cuevillas… Acha, como Xosé Chao Rego, que o perfil “anfíbio” do crego –personagem que nem é da paróquia nem forasteiro- o fai mui útil como intermediário nos conflitos entre a comunidade e o Estado. Como um bom antropólogo, fai observaçons valiosas sobre a identidade indígena:
Nada melhor do que umha frase para aclarar o conceito galego de paróquia: “fai-se paróquia”, “temos que fazer paróquia” ou “fulano nom fai paróquia”, frases que se escuitam em reunions para tratar asuntos comuns, que podem ir da organizaçom dumha festa, posta em marcha dum centro cultural, até os passos a seguir numha determinada reivindicaçom ou protesto”.
Denunciará a falta de reconhecimento legal da paróquia (“Hoje a paróquia galega carece de título legal, nega-se-lhe o reconhecimento da sua personalidade jurídica embora se reivindica no artigo 40 do Estatuto), e em 1979, ao sair eleito concelheiro polo BN-PG em Culheredo, reclama que os alcaides de bairro sejam escolhidos pola vizinhança e nom impostos polo alcaide municipal.
Contudo, a sua achega mais importante será a da sua praxe no dia a dia em Sésamo. Ali porá em marcha o projeto dumha igreja “completamente despida de poder”: renuncia a cobrar por missar e participa dos trabalhos comunitários, retira os confessionários, oficia com pam e vinho normais, realizando homilias singelinhas e participativas, que versavam sobre a vida em comum. No púlpito a estreleira, e junto com os cartazes paroquiais os do sindicalismo agário. No espiritual acompanhavam-no Francisco de Assis e Joám XXIII, mas também o Ché –tem a sua fotografía na sacristia-, Castelao, Paulo Freire ou Camilo Torres. No terrenal, toda a vizinhança e os moços da cidade que se deslocam à aldeia para viverem na casa paroquial: a “comuna de Sésamo”. Com a sua ajuda a igreja será local de assembleias e teatro, centro social e educativo, etc. Galeguizam a romaria de Sam Cosme, botam a andar umha biblioteca ambulante e publicam a combativa folha paroquial Outeiro de San Cosme (1973-1978). Militantes antifranquistas de todas as cores encontrárom na casa reitoral um oásis de liberdade onde se reunirem e debater; e outros como Moncho Reboiras, um refúgio de perseguiçom policial.
A importância que a “ruralizaçom” tivo para o seu percurso vital explica-o na sua última homilia em Sésamo, quando em 1988 se despide da vizinhança:
“Como non darvos as gracias! Como non dar gracias a Deus por viver entre vós” Sería eu o mesmo se non vos coñecera? Sería un crente en Xesús se quedara na Coruña como me ofrecerán? (…)
Cando cheguei onda vós non falaba o noso idioma, non coñecía un sacho, un gavillo, non distinguía unha vaca dun touro, descoñecía que nin alumbrado público, nin teléfono tiñades… a 14 km. da cidade. Iñoraba que máis do 60% dos vecinos andaban por Europa a gañar unhas pesetas que eiquí lles negaban… (…)
Vós fixestes de min –Deus fai as cousas por medio das persoas- un crego e un crego galego”.
Detençons, tortura, encerro...
No 14 de setembro de 1974, Moncho acode a Betanços a umha reuniom com gente do PCE(i); desconfiava “do seu internacionalismo sem pasar polo galeguismo”, mas por cima de todo está o tecer cumplicidades entre companheiras. A Guarda Civil deteta a reuniom e detem-nos. Três dias de isolamento na casa-quartel de Betanços, passo pola esquadra policial da Corunha, um par de semanas na prisom provincial, e dous meses de encarceramento substitutório no convento de Poio, será o saldo da operaçom. Um encerro curto comparado com outros mas, como escreveu recentemente Noam Chomsky, “umha soa noite no cárcere. Mesmo umha soa noite é suficiente para ter umha ideia do que significa estar baixo control total de algumha força externa”.
Afortunadamente, Moncho Valcarce preocupou-se de escrever as suas sensaçons perante esta primeira experiência repressiva (à que seguirám muitas outras detençons, multas, agressons, ameaças de morte, etc), um texto valioso que contém descriçons em que qualquer ativista se reconhecerá. Lembra como perdeu a noçom do tempo durante o isolamento, que ressume em “terror, anguria e medo”. Descreve isso que Garfinkel chama cerimoniais de degradaçom, quando lhe quitam todo, “hastra os cordóns dos zapatos, unha forma sutil de despersonalización que soio comprende o que a pasa…”. Numha carta à família explica como se sente um “quando é levando ao cárcere, onde, oh paradoxo, se encontra livre e feliz, porque sabe que ali já nom está a polícia política”.
A família, precisamente, será a sua principal preocupaçom durante todo o processo: “Para min é mais doloroso o seu sofrimento (o da mai) que o meu sofrimento e isto fai-me sofrer duas vezes”. Numha carta à família (19/10/1974), “Escrevo para que intentedes, desde as vossas posiçons, compreender-me”) relata-lhes como levou com serenidade a detençom, sem poupar em contar os rigores da mesma, mas:
“…quando todo isto sucede a família grita que nom se lhe dam satisfaçons, que nom quero à mamá; sente-se ofendida, indignada, furiosa… Um, depois de sofrer a maos dos carrascos do poder, sufre agora porque quer à família e sofre mais porque a família chega a pôr a um o dilema de “ela” ou “a liberdade”… Um, com medo e dor, escolhe a liberdade e continua a amar a família… É triste que o sangue comum nom intente compreender a minha obrigada postura”.
No diário que escreve durante o encerro substitutório em Poio, extende-se na paradoxal libertaçom que sentiu, numhas linhas mui próximas à mística gandhiana do cárcere. Som umas das palavras mais intensas do cura das Encrovas:
“Cando se pasa polas chekas e cadeas, princípiase a vivir a liberdade… principia a ser, esto é, decatarse que as verbas, escritas ou ditas, son vento, cousa soio… Principia a ser loitador real, comprometido cos seus, con eses homes e mulleres calados e cansos, polo medo e o sangue que hai na casa dende o 36; durmidos e silandeiros, pola ben levada propaganda e polos “trunfos” imperiais, exteriorizados e difundidos nos éxitos futbolísticos, inauguracións solemnes até con bispo e auga bieita, recibimentos, masificados e notas de Gobernación: “desarticulado”… “se hizo fracasar”… “descubierto”… “minoría descontenta, pagada por los enemigos de nuestra paz”…
Cando se pasa setenta e dúas horas, poucas fora pero dentro séculos, nas chekas da paz social de candado, morte e tortura, un principia a ser outro, porque faise home galego… Principia a ser un con todos, unha man cinguida a moitas, un pico máis que lento pero con forza, derriba os firmes alicerces da “unidad sagrada”, orde de Brigada político-social, xusticia do poder… A pesares dos medos, torturas e golpes, un énchese de ledicia, pois sinte aquello que escribirá Paulo: “Deixade ó home vello e revestídevos de luz”. Decátase que xa é un máis para completar a liberación do Cristo, morto moitos anos pola causa da Xusticia Popular… Un síntese cheo de ledicia porque as súas naves se queiman e hai que seguir!... Un principia a ser patriota galego e crente galego!...”
Também escreve na sua cela outros textos, como as sentenças que intitula “Cousas”:
“O Cristián de verdade predica a xusticia e a loita, inda a armada, para conquerila. O Cristián histórico predica, non a xusticia, senón a inxusticia porque recomenda ós oprimidos ou explotados a resiñación e a paciente espera da eterna vida”.
“A condena é o refuxio dos cobardes, que disfrazam o seu medo de prudencia…”
“A xusticia de carballeira é inxusticia pro poder, e a xusticia do poder é mentira pro labrego…”.
A gozosa pobreza
Quando Moncho deixou a paróquia de Sésamo a Diócese pensou em enviá-lo a algumha paróquia da Barcala, mas os curas da comarca opugérom-se: o exemplo dum crego que nom cobrava por missar romperia-lhes o mercado dos bens de salvaçom. A anedota dá boa conta da sua filosofia de vida. No seu diário aponta notas sobre o desprendimento das cousas materiais:
“En realidade son un pobre que xanta na casa da súa nai, se non morrería coa fame, que non ten nin sequera o comecocos da televisión e non ten cartos nin para mercar unha bicicleta; só teño unhas 15.000 pesetas na Caixa de Aforros (…) Non me queixo, estou contento así e non aspiro a mellorar nin a ter máis. Moitas vegadas digo que morrerei nun asilo, é o único ao que podo aspirar. Agora ben, pergúntome o por que desta vida pobre. Tan pobre que ata estou exento de pagar cota de militante bloqueiro (…)
A única propiedade egoísta son os libros; que a veces remórdeme a conciencia; veñen ser como o meu capital, e iso non está ben”. (9/2/1983).
Esta pobreza voluntária nom se pode deslindar dum profundo gozo de viver. Durante um retiro espiritual em Poio, onde estivera preso, plasma no seu diario esta alegria franciscana. É um texto tam belo que merece ser reproduzido em extenso:
“A vida é mui sinxeliña, é VIDA. Os cativos enténdeno, rin e choran, xogan cun pao e teñen unha fantasía marabillosa, que logo matamos; eiquí todo é morte, no altar dos sacrificios, isto é o CONSUMISMO, que hastra inventa xoguetes que se din didácticos ou pedagóxicos… Outros que tamén o entendem son os vellos, os que viven ao aire e cumpren unha misión, que son útiles pero que tamén sacrificamos nos altares considerándoos uns estobos… encerrámolos nos asilos ou residencias, para que non molesten e non sexan unha nota desafinada nun mundo de xuventude, de virilidade, acción… ou pechámolos nun cuarto da nossa casa e tirámoslles a comida suspirando: cando morrerá!
Por que non intentamos VIVIR? Un soño bonito e nada máis. Pra facelo realidade tiñamos que poñer unha bomba que estoupara o mundo… Deixemos as maldades, rencores, desconfianzas, incomprensións, competitividade, espírito de medra, ser máis, máis… Moi bonito e nada máis…
Xa nin temos capacidade para mirar un paxaro dando pases de balet, escoitar o espertar da terra ao amencer, ulir os campos despois do trebón, gozar co sal do mar unida á nosa carne, admirarse polas figuras de fume da cheminea dunha lareira… Xa nin sabemos rir, cantar, gozar das cousas pequenas… Xa nin sabemos soñar… Xa nin temos ideais que nos manteñan vivos neste mundo de mortos, desolación, neste mundo de selva, de odio, de veneno…
(…)
Cantas veces, tamén, deixo que a chuvia me empape; sinto pracer e poño a cabeza cara a ela. Non foi unha, senón moitas veces, quedarme parado cos brazos abertos e a cara mirando pro ceo. Non llo digo a ninguén, porque xa sei a súa resposta: “Estás borracho”; pero cando estou borracho cabréame si me mollo…
Ás veces, -mellor dito, sempre-, cando fago estas cousas teño vergoña de que alguén me vexa. Cantas veces me deito espido cara ao sol, e sinto un gran pracer, unha tranquilidade total, un encherse de ledicia, que fai que cambie, aínda que faga cousas mal… Cantas veces collo nas miñas inútiles mans terra e xogo con ela, deixo que pouco a pouco escoe por entre os dedos, volvo a coller outros puñado e boto ó aire; logo, como un cativo, río feliz… Sinto unha felicidade con estas cousas que non podo expresar, que si se enteira a xente, tómame por tolo ou borracho, ou como dirían hoxe “emporrado”…
(…) Quero seguir sendo así, porque neses momentos a longa noite de dúbida, de permanente busca, desaparece, e todo é luz…” (Diário dum retiro a Poio, maio de 1980).
Com certeza Moncho Valcarce suscreveria a definiçom spinoziana da felicidade, que “nom é um premio que se outorga à virtude senom a virtude mesma, e nom gozamos dela porque reprimamos as nossas concupiscencias, senom que, ao contrário, podemos reprimir as nossas concupisciências porque gozamos dela” (Ética, Parte V, Prop. XLII). De facto Moncho Valcarce mantém-se céptico perante o ideal de “renuncia”, e prefere a de “autosuficiencia”, tal e como escreverá durante uns exercícios espirituais em Ponte d’Eume, em 1983.
A grande separaçom
Hoje fala-se muito da política como âmbito cindido da vida, como ausencia de si; da militancia –mesmo a mais radical e consequente- como profilático da crise da presença, como muleta existencial. A vida sempre fica às portas da assembleia. Pola sua dupla condiçom de crego e militante, duas facetas para ele indiscerníveis, Moncho abordava na sua vida quotidiana este mal-estar da política como esfera cindida, procurando umha revoluçom integral:
“Cando cheguei a Sésamo púxeme a traballar cos vecinos; que se a sacha do millo, que se poñer ou apañar nas patacas, que se traballar nas toradas… Xa dicían os veiños: “Boeno, agora xa non podemos dicir que ningún crego morreu ao caer dun Piñeiro”. Pero todo o fixen para cargarme a figura desclasada do abade; que viran que eu, un crego, de boa familia, como se di, abogado para colmo, era ou tiña que ser coma eles.
A idea era boa, máis a intención torta, pois fallaba a caridade, o amor ou Un. As loitas das Encrobas, Baldaio, Fruime e outras mais, con cadea e tortura, foron para axudar a ir conquerindo parcelas de poder popular. Está ben a loita pola xustiza, pero non fallaba a idea política, moi clara onte, hoxe e mañá, en min fallaba o AMOR ao UN, como continua a fallar ó ser moi feble”. (9/2/1983)
Doença final
Diario íntimo da doenza final é a estremecedora crónica dos últimos dias do cura das Encrovas, o seu testamento teológico-político. Aí estám as suas últimas críticas a este mundo, à modernizaçom selvagem, aos que querem “mercar ferrados de ceo”, ou à ditadura do dinheiro “No cambio, ata o suxire a verba, o valor supremo, fin absoluto da existencia: ¡o diñeiro! E o país convértese nun gran casino…” Moncho aguarda a morte com umha valentia admirável, e mesmo afirma que “Ben espremida, pasada polo batedor, a doenza é rica en vitaminas”.
Um dos seus últimos apontamentos no dia de Reis de 1993 é de reafirmaçom no seu compromisso: “engano; para convencer que hai que arar coma todo o mundo; “deixa a idea da busca e compórtate coma a xente normal”, “así non vas a ningures”. Intentan convencer enganando, pola envexa da súa coraxe”.
Nas palabras finais chama polo abraço telúrico:
“Eu quero ir à terra, xuntarme coa naiciña terra; non quero nicho: esa cova escura, tapiada con cemento e mármore, dáme noxo. A terra é a nosa irmá, pisámola, camiñamos por ela, dáno-lo sustento, de cativos xogabamos con ela… estamos de cotío en contacto. Non hai dereito a que ó morrer non separen e nos irmanden co cemento frío e impersoal”.
Bibliografía citada
Todas as referências do texto procedem destes dous libros, traduzidos quando venhem em castelhano, e tal e como as escreveu Moncho Valcarce quando o fijo em galego.
VALCARCE, Moncho. Revolucionario e místico. Diario íntimo de doenza final. Santiago de Compostela, Encrucillada, 1994.
PÉREZ PRIETO, Victorino (ed.) Moncho Valcarce un símbolo para Galiza. Diarios inéditos e outros textos, Trifolium, 2010.