Esplendor Arcano, de Ramiro Torres, é o primeiro livro tanto do Grupo Surrealista Galego como do seu autor. Dividido em três partes: Campos de visão, Casa do despertar e Terra da iminência, conta com um poema-epílogo do também poeta Pedro Casteleiro. A capa é de Alba Torres Ferreiro.
Do ponto de vista do autor, o tema principal do livro é o Amor, não só do ponto de vista erótico e vivencial, mas também entendido como meio de conhecimento e apreensão da realidade inteira, num diálogo interior e exterior com uma luminosidade obscura que permita a ligação com todo o existente. Esta energia inicial e iniciática, que circula e se transmite desde sempre em cada ser humano, procura e procura-se na criação poética, percebida como libertação permanentemente em curso.
Deixamos aqui três poemas do livro:
O lábio de lava vê,
atravessa as paragens
da mutilação com a
sua inóspita verdade,
chama o rio obscuro
que se expande
nas imediações
do que seremos,
prendendo o fogo
no que nasce.
...
Ardendo entre as
palavras do início,
cantamos na beira
da nossa consumação,
ascendidos a um íris
comum esplendendo
sobre cidades líquidas,
na respiração rítmica
de cada poro encontrando
os nomes perdidos a
brilharem, obscenos e
tumultuosos, na periferia
das horas estouradas.
...
Saber desta sede que avança
e nos devora na levitação
da realidade, chamando
a uma destruição iniciática,
turbados na magnificência
dos corpos que explodem e
amam em mútua inominação,
convocados para a ilha que
desaparece com eles no eterno.
Sobre o autor
Ramiro Torres (A Corunha, 1973), é diplomado em Graduado Social. Tem publicado poemas em revistas como Poseidónia e Agália, participando com obra própria em blogues colectivos como A fábrica, A fábrica da preguiça, O levantador de minas (de Alfredo Ferreiro) e, desde o 2011, no blogue do Grupo Surrealista Galego, onde colabora desde o seu início. Em 2008 participou na carpeta colectiva Áncora no alén, com gravuras de divers@s artistas plástic@s e poemas, dedicada à figura de Urbano Lugris.
