A boa fortuna da banca

Cámara couraçada do Banco de Espanha © BDE

Os resultados acumulados polos grande banca espanhola nos primeiros nove meses de 2023 superárom os 19.000 milhons, 20% mais que o a passado segundo diversas agências informativas. Umha insólita pletora de recursos que os executivos das entidades se apressurárom a relativizar para tentar coutar a esperada reacçom das autoridades responsáveis dos orçamentos públicos

Os resultados acumulados polos grande banca espanhola nos primeiros nove meses de 2023 superárom os 19.000 milhons, 20% mais que o a passado segundo diversas agências informativas. Umha insólita pletora de recursos que os executivos das entidades se apressurárom a relativizar para tentar coutar a esperada reacçom das autoridades responsáveis dos orçamentos públicos, além das exigências comunitárias de ajuste fiscal imediato para ir compensando a generosa política desenvolvida no Plano de Recuperaçom, Transformaçom e Resiliência por importe de mais de 140.000 millons de euros, desenhada para reactivar a economia espanhola depois da crise da COVID e demais desgraças acaecidas desde 2019 e quase esquecidas já.

A notícia dos resultados recorde alcançados nos nove primeiros meses do ano polo Banco Santander foi amplamente difundida pola imprensa económica como evidência do período de bonança que inaugurava o sector bancário. Nada menos que 8.143 milhons, 11% superior ao mesmo período do ano anterior. O BBVA publicava finalmente os seus, 5.961 milhons até Setembro, 24% mais que o ano anterior. Som só dous exemplos do cenário geral que caracteriza ao sector traduzido nas espectaculares cifras com que cerrou o terceiro trimestre.

Os resultados registados procedem em boa medida, como é sabido, da rápida subida dos tipos de interesse decretada por Christine Lagarde desde o BCE até alcançar o insólito nível de 4,5% anual que o BCE pretende manter sem desmaio até conseguir reverter a inflaçom, em prejuíço do crescimento, o consumo e o investimento. Os EE.UU. capitaneiam a actual cruzada de retorno às acrisoladas virtudes do ajuste desmesurado. Todo seja por frear o perigo inflacionário até reconduzi-lo a esse mítico 2% que parece cifrar as virtudes da frugalidade decretada. Ironicamente, o mitificado nível do 2% procede de um país tam excêntrico e marginal como Nova Zelándia1 que o inventou para atalhar a inflaçom desatada em 1989. As arcaicas virtudes purgativas do ascetismo sempre encontram valedor com especial incidência na honorável estirpe anglo-saxónica.

A implacável política monetária do BCE que garante actualmente o generoso tipo do 4% aos depósitos bancários a ele encomendados teria propiciado já a transferência de 146.000 milhons de euros aos depósitos que lhe fôrom encomendados que somam 3,64 bilhons de euros —3,64 milhons de milhons, reparemos— que a banca mantém ociosos em tam confortável refúgio

Andreu Missé publicava há pouco um dos seus incisivos artigos2 acerca dos exclusivos privilégios do negócio bancário com a cumplicidade dos seus poderosos tutores.

A implacável política monetária do BCE que garante actualmente o generoso tipo do 4% aos depósitos bancários a ele encomendados teria propiciado já a transferência de 146.000 milhons de euros aos depósitos que lhe fôrom encomendados que somam 3,64 bilhons de euros —3,64 milhons de milhons, reparemos— que a banca mantém ociosos em tam confortável refúgio como informava o economista belga Paul de Grauwe. O volume de depósitos da banca espanhola no BCE ascendiam a 215.035 milhons de euros, 5,91% de todo o dinheiro aparcado pola totalidade da banca europeia3. Paul de Grauwe perguntava-se por quê razom o BCE nom aplicava umha medida cautelar elementar para evitar esta massiva transferência de benefícios à banca como a de elevar o nível de reservas obrigatórias do 1% ao 2,5% por exemplo. Mistérios das alturas onde os mandatários compartem favores com os seus pares da banca em discreta cumplicidade compartida.

Os benefícios caídos de céu de que desfruta a banca, á parte do seu negócio típico —depósitos e crédito a clientes— permitiu-lhe aos grandes bancos espanhóis aumentar um 40% os dividendos distribuídos aos seu accionistas mentres mantinha o incremento salarial pactuado com CC.OO. e UGT num discreto 4,5%

Os benefícios caídos de céu de que desfruta a banca, á parte do seu negócio típico —depósitos e crédito a clientes— permitiu-lhe aos grandes bancos espanhóis aumentar um 40% os dividendos distribuídos aos seu accionistas mentres mantinha o incremento salarial pactuado com CC.OO. e UGT num discreto 4,5%. O panorama poderia ser qualificado de escandaloso se o comparamos com a exígua remuneraçom aos depositantes como assinalava com autoridade o professor de Direito do Mercado Financeiro da Universidade Carlos III Fernando Zunzunegui. Aristóbulo de Juan, ex chefe de supervisom do Banco de Espanha, recordava que a banca espanhola é a pior capitalizada de toda a UE, circunstáncia porém incompatível com a generosa política de distribuiçom de dividendos detraídos da capitalizaçom postergada. A persistência da política de interesses negativos praticada polo BCE permiti-lhe à banca devolver-lhe os empréstimos contraídos com generosa bonificaçom por importe menor. A política bancária de recomprar acçons próprias para amortiza-las ou para mantê-las em autocarteira denota a abastança em que opera o sector. Voraz com a clientela, parcimoniosa com a obriga de melhorar a cobertura ante conjunturas adversas.

Talvez nom esteja de mais recordar as imponentes cifras dos resgates executados polo FROB, o SAREB e o Fundo de Garantia de Depósitos por importe de 64.000 milhons de euros sob promessa da sua recuperaçom íntegra

Surpreende a escassez de análises como o de Andreu Missé nos meios de comunicaçom. Será que o assunto nom interessa a ninguém mentres temos que aturar insuportáveis doses de enredo político ante audiências abduzidas polo relato quotidiano como única matéria de consumo? Será que as inserçons publicitárias da banca som capazes de cegar o obrigado serviço informativo livre de interferências alheias? Será que a banca sempre ganha como é bem sabido?

Mistérios do negócio informativo reservados talvez ás imponentes cámaras couraçadas forradas de aço e submetidas a estrita vigilância.

Talvez nom esteja de mais recordar as imponentes cifras dos resgates executados polo FROB, o SAREB e o Fundo de Garantia de Depósitos por importe de 64.000 milhons de euros4 sob promessa da sua recuperaçom íntegra. Ninguém ante quem reclamar, emergência nacional, infortúnio imprevisível sem responsáveis, responsabilidade colectiva. Todo pola banca!

 

Notas

1 https://mises.org/es/power-market/los-origenes-del-objetivo-de-inflacion-del-2-por-ciento

2 https://elpais.com/economia/2023-10-16/desigualdades-generadas-por-el-bce.html

3 https://www.vozpopuli.com/economia_y_finanzas/banca-exprime-depositos-bce.html

4 https://es.wikipedia.org/wiki/Rescate_bancario_espa%C3%B1ol

Grazas ás socias e socios editamos un xornal plural

As socias e socios de Praza.gal son esenciais para editarmos cada día un xornal plural. Dende moi pouco a túa achega económica pode axudarnos a soster e ampliar a nosa redacción e, así, a contarmos máis, mellor e sen cancelas.