Quase sem se fazer notar, oculta do primeiro plano pola hegemonia mundial chinesa, a Índia avança sem pausa prestes a ocupar um lugar protagonista no disputado cenário geopolítico mundial
O signo monetário de um país de história milenária como a Índia nom poderia por menos de distinguir-se com umha denominaçom igualmente ancestral. A rúpia indiana, INR, herda o seu nome do sánscrito rupia: prata. O Banco de Reserva indiana emite-a desde 1957 em que o pais adoptou com critério modernizador um sistema monetário decimal. A sua cotaçom actual é de 100 INR por euro, por 1,10 euros de facto. Compre observar que países tam relevantes como nos equilíbrios mundiais como Indonésia e o Paquistám compartem a mesma denominaçom no seu signo monetário.
Quase sem se fazer notar, oculta do primeiro plano pola hegemonia mundial chinesa, a Índia avança sem pausa prestes a ocupar um lugar protagonista no disputado cenário geopolítico mundial. Por resumir, a república imperial chinesa leva traças de ter entrado num processo de declive acelerado que dará passo ao protagonismo económico hindu.
Um recente informe da brasileira Universidade Estadual Paulista1 resume bem a situaçom. A Índia tornou-se a naçom mais populosa do planeta ao tempo que experimenta um crescimento económico acelerado. Segundo estimaçons da ONU, a população da Índia em 2022, com 1.428 milhons de habitantes, teria batido à da China cifada em 1.425 milhons. Os Estados Unidos, país ocidental mais povoado, ocuparia o terceiro lugar no ranking com apenas 340 milhons e o Brasil, com 216 milhons, fica relegado ao 7º lugar. Diferentes ordens de magnitude. Embora a dimensom demográfica da Índia e a China sejam agora semelhantes, a China ultrapassa esmagadoramente à Índia em extensom —9,6 milhons de quilómetros quadrados contra 3,3— e nom digamos em dimensom económica 16.456,68 milhons de euros de PIB contra 3.216,40 e em termos por habitante 11.657 contra 2.285.
Segundo estimaçons da ONU, a população da Índia em 2022, com 1.428 milhons de habitantes, teria batido à da China cifada em 1.425 milhons. Mais significativos som os aspectos demográficos em perspectiva dinámica; no gigante comunista, a populaçom está notavelmente mais envelhecida e o crescimento vegetativo parece ter-se estancado
Mais significativos som os aspectos demográficos em perspectiva dinámica; no gigante comunista, a populaçom está notavelmente mais envelhecida e o crescimento vegetativo parece ter-se estancado. Som as consequências das torpes decisons adoptadas nos anos oitenta com a política do filho único, predominantemente varom, que subordinárom toda a arquitectura demográfica ao objectivo do crescimento sem se decatar do seu impacto sobre o crescimento e as consequências depressivas irreversíveis sobre a natalidade e o bem-estar. A evoluçom do Japon, sumido há tempo num círculo vicioso de estancamento demográfico e económico em meio da pletora de aforro, deveria ter servido de aviso à milenária sabedoria chinesa. A inércia é agora insuperável e as actuais projecçons demográficas predizem cifras para a populaçom chinesa 8% inferiores às actuais para 2050. Perigoso ofício o de demiurgo social, e mais em tempos de abaixamento de fronteiras e unificaçom global de aspiraçons e modos de vida.
Publicava recentemente a reputada analista Alícia Garcia Herrero, membro do instituto europeu de investigaçom Bruegel e do espanhol Real Instituto Elcano, um esclarecedor artigo2 sobre a carreira competitiva entre os dous gigantes asiáticos que resume bem a situaçom.
Nestas circunstáncias, prognostica a investigadora, a economia indiana superará à chinesa em volta do 2050
Nele começa reconhecendo o meteórica mudança experimentada depois da pandemia de coronavírus momento em que a economia chinesa começou a divergir da americana mentres a indiana ultrapassava à chinesa em dinamismo económico. O processo parece persistir com a China sumida numha imparável tendência à desaceleraçom estrutural. Numha economia como a chinesa cuja renda por habitante alcançou os 11.657 euros em 2023, como podemos comprovar na base datosmacro3 do diário Expansión, com um processo de urbanizaçom praticamente culminado e umha imparável tendência ao envelhecimento, a tendência ao declive parece impossível de reverter. Os processos acumulativos acabam impondo a sua lei.
Nestas circunstáncias, prognostica a investigadora, a economia indiana superará à chinesa em volta do 2050. O facto de que a economia chinesa se tenha desacelerado desde 2010 a umha taxa de decrescimento desde o 10% até apenas o 5% parece um argumento de peso. Todos os factores de crescimento como a produtividade e o ritmo de investimento fôrom caindo nos últimos anos a standards mais próprios dos países desenvolvidos ameaçados de estagnaçom. A imagem de estancamento de Japon assoma no horizonte.
A olhada critica de Dabid Lazkanoiturburu numha perspectiva da esquerda alternativa4 oferece-nos para concluir umha perspicaz aproximaçom ao tema em óptica geoestratégica. A Índia acolhia a cimeira do G20 em Setembro de 2023 sob o optimista lema de «Umha terra, umha família, um porvir». A pesar de o G20 nunca se mostrar mais dividido e da significativa ausência dos mandatários russo e chinês, parcialmente compensada com a presença dos Estados Unidos, marca bem a importunidade do acesso da Índia ao concerto dos países contendentes no sudeste asiático. O G20, que agrupa às 19 economias mais prósperas del planeta e a Uniom Europeia, que representa o 85% de da economia mundial e dous terços da sua populaçom, sumido numha profunda crise de índole geoestratégica, é o troféu que a Índia pretende exibir.
Ameaça latente para a hegemonia dística da China e Rússia, trunfo em reserva na baralha estratégica norte-americana
A Índia é um continente complexo e incompreensível é o pacifismo gandhiano e é também o autoritarismo exclusivista de Narendra Modi, líder nacionalista venerado por muitos e detestado polas minorias excluídas e perseguidas com sanha racista e inumana. Ai estám os desventurados rohingyas desterrados a Myanmar, 18.000 expatriados forçosos como denuncia com escasa audiência a agência da ONU para os refugiados ACNUR.
Tam incompreensível e chocante como o entrambilicado panteom sagrado hindu presidido por essa estranha deusa dançarina de quatro braços, Vixnu, assi se nos apresenta esse hermético continente que guarda o rumo e roteiro do século XXI. Ameaça latente para a hegemonia dística da China e Rússia, trunfo em reserva na baralha estratégica norte-americana.
Notas
1 https://jornal.unesp.br/2023/05/08/india-se-torna-nacao-mais-populosa-do-planeta-ao-mesmo-tempo-que-experimenta-boa-fase-na-economia/
2 https://elpais.com/opinion/2024-04-26/la-economia-de-la-india-tiene-a-tiro-alcanzar-a-china.html
3 https://datosmacro.expansion.com/paises/comparar/china/india
4 https://www.naiz.eus/en/info/noticia/20230909/china-torpedea-el-estreno-de-india-como-actor-global-desde-el-g20