Confrontadas com o regresso de Donald Trump no comando da Casa Branca, as novas esperanças salvadoras da eurocracia -tam pulcra, resiliente, cívica e culta,- de Bruxelas perante a City e Wall Street, seica seram os uniformes e os tanques. Isto é o que se desprende do artigo de Joám Lopes Facal em prol de um Império Europeio face as ‘bárbaras hordas asiáticas da Rússia’
Confrontadas com o regresso de Donald Trump no comando da Casa Branca, as novas esperanças salvadoras da eurocracia -tam pulcra, resiliente, cívica e culta,- de Bruxelas perante a City e Wall Street, seica seram os uniformes e os tanques.
Isto é o que se desprende do artigo de Joám Lopes Facal em prol de um Império Europeio face as ‘bárbaras hordas asiáticas da Rússia’. O ‘jardim de Borrell’ precisa muitos cans de guarda. E os povos trabalhadores do “Velho continente” teremos como sempre que pagar as "mordidas" destes. Polo nosso bem, pola ordem basada em regras e a segurança nacional como repitem a feito os coriféus do sistema.
A élite burocrática e corporativa a soldo dos lobbies atlantistas chamada Comissom Europeia, decidiu de umha vez por todas sacrificar o nosso futuro no altar da Guerra Mundial, a fim de atrasar tanto como for possível o declínio acelerado de um Ocidente outrora hegemónico.
A mesma clique que nos impuxo cortes brutais após a crise de 2008, entre eles o tecnocrata Draghi -um antigo funcionário do Goldman Sachs-, foi a que que estabeleceu a orgia dos resgates com o dinheiro de todos para benefício exclusivo dos grandes oligopólios bancários transatlânticos, essencialmente para aumentar o poder dos senhores no esquema monopolista do capitalismo financeiro.
Apesar da vontade referendada dos povos do Estado francês, dos Países Baixos e da Irlanda, nom duvidárom em implementar o seu projeto de controlo burocrático e neoliberal através da desestabilizaçom económica dos Estados mais afectados pela explosom deliberada de dívida, estabelecendo a partir do BCE e com o FMI a férrea ditadura financeira da Troika, para “salvar” o Euro, tornar precárias as condiçons de vida da maioria social e dominar ainda mais as economias da periferia continental. Com as consequências que todos conhecemos bem na última década.
A chamada democracia ocidental, ainda ficou mortalmente ferida no seu berço clássico, após a vontade popular dos helenos ter sido afogada pela mordaça do ‘corralito’ e veladas ameaças golpistas face governo reformista de Syriza, todo feito a partir de escritórios obscuros em Bruxelas e Berlim no verao de 2015.
A grande democracia europeista logo estreia umha Presidenta da Comissom Europeia, questionada no Parlamento Europeu e votada quase pola minima. E quem iniciará o seu mandato em 2019 sem sequer estar no topo de nengumha lista, e também apesar da sombra da corrupçom. A ex-ministra de Defesa da Alemanha, a Baronesa Úrsula Von der Leyen, foi acusada de causar mais danos do que benefícios à capacidade operacional da Bundeswehr alemao; mesmo tivo de abandonar o doutoramento em medicina quando foi descoberto o plágio da sua tese, apesar de as autoridades académicas lhe salvarem a face, ao decidirem sobre a validade científica deste estudo, ainda com plágio e todo!
A ‘malvada Rússia’
Agora vamos ver o imenso mal que nos tem feito a malvada Rússia aos cidadaos de a pé na UE nestes últimos anos.
Quando os eurocratas e o Eixo Franco-Alemao abandonam deliberadamente a Itália na inicial vaga da Pandemia, fôrom médicos internacionalistas cubanos, conselheiros científicos chineses e até tropas russas especializadas em guerra biológica, as que chegarom mais cedo para ajudar na Lombardia, o epicentro da crise de saúde na Europa. Esta mesma "Comissom Geopolítica" nem mexerá prácticamente um dedo para contrariar o açambarcamento especulativo e o caos competitivo entre Estados na corrida para adquirir produtos básicos de saúde. Agora bem sim que se aplicou logo no possível para impedir ou bloquear o acesso de médicos, profissionais de saúde ou vacinas da Rússia, Cuba e China em nome dos interesses da Big Pharma anglófona e trasatlántica.
A Eurocracia acorda entom que chegou a sua hora e decide continuar com a armadilha da dívida, a reduçom de direitos e liberdades e a perda de soberania dos Estados membros tentada com a Troika, mas agora com alguns Fundos de Próxima Geraçom milionários mui resilientes, ecológicos e digitalizadores, para amarrar o comando estratégico das economias devastadas por esta Pandemia curiosamente tam oportuna para acelerarem os seus planos de controlo geopolítico.
As mesmas pessoas no comando eurocrata, ora rejeitadas nas urnas de seus países como Rutte, Draghi ou Kallas, ora investigadas nos tribunais por trafico de influências com trasnacionais como a Baronesa Von der Leyen, querem agora preparar os povos da EU para engolir a amarga receita final dumha escalada militar a conta dos direitos sociais e liberdades democráticas básicas. Para assim centralizar ainda mais o seu poder tiránico contra a vontade democrática e a soberania nacional dos vários povos da Europa.
Eis a verdadeira ameaça para a soberania e democracia dos povos europeios. Nom é precisamente agora no Kremlin onde se prepara a destruiçom final dos nossos Estados soberanos.
Primeiramente devemos ver o quadro inteiro do mundo atual que denuncia Facal, mas decerto nom tanto polo que nos fala senom polo que cala:
"A ordem mundial consagrada em 1945 tocou definitivamente o seu fim e o novo cenário geopolítico nom anuncia nada bom com os EUA e a China marcando os limites do novo mapa hegemónico". Facal dixit.
Coincidindo no diagnóstico, sim que podemos falar do fim dumha era. Falarmos dos BRICS, do role destes na definitiva descolonizaçom africana em curso e das oportunidades do mundo multipolar emergente para um reequilibrio de poder e umha reforma da ONU acorde com as novas realidades.
Por suposto alguns antigos impérios nom estám mui interessados nisto. O imperialismo británico e as élites francas decerto nom quigessem perder o seu controle parasitario sobre zonas da África e da Ásia Ocidental, e o seu controle do Mar Vermelho.
E igualmente a monarquia subimperialista espanhola segue a olhar para o Magreb e a América indolatina com saudades coloniais. Isto explicaria também a teima provocadora e beligerante destas potências contra da Rússia, da China e o Irám. E o role subordinado da oligarquia de Madrid face estes poderes na entrega da RASD face Mohamed VI contra Argélia ou o seu apoio reiterado a grupos golpistas contra da Venezuela Bolivariana.
De ativista anti-OTAN a defensor da Aliança Atlántica
"Nom é o momento de políticas timoratas ante a redobrada voracidade hegemonista do Kremlin na frente ucraniana, Rússia necessita receber umha liçom de firmeza e Europa nom pode demitir da sua responsabilidade. Putin só entende a linguagem da força, código único dos autocratas".
Declaraçom de guerra aberta e oficial de Facal a Putin. Curiosamente nom é a posiçom que aguardariamos de alguem que militou num partido como era o PSG-EG , no seio da Plataforma anti-OTAN com a CTXG e outros coletivos nos ’80, instalado na retórica pacifista e antinuclear.
Se Reagan voltar do inferno nom entenderia como foi superado em belicismo e realismo geopolítico polo senhor Facal, quem se situa em posiçons guerreristas por diante de membros da social-democracia poscomunista e proEuro como Robert Fico, ou polo ex Bundeskanzler Schroder SPD da Terceira Via.
O nosso Facal foi ultrapassado na mesura diplomática em termos de Ostpolitik por Ángela Merkel, e até mesmo polo dissidente conservador húngaro Viktor Orban, por décadas membro do PPE.
Prossegue logo o nosso reputado ‘experto militar’ na Frente do Leste desde o seu Quartel Geral em Compostela:
"Perante o plano de vitória estratégico esgrimido por Volodimir Zelensky para tentar salvar a identidade soberana de Ucránia frente ao insuportável castigo com que pretende submeté-la Putin, ajudado agora polo sinistro líder supremo norte-coreano Kim Jong-Un, nom cabem hesitaçons; igual que nom coubêrom ante o Muro de Berlim, Europa está obrigada a propiciar o acesso de Ucránia à OTAN para protegê-la como mecanismo de ajuda colectiva, igual que a que se brindou a Finlándia (2023) e a Suécia (2024) na Cimeira de Madrid de 2022. Qualquer dilaçom seria interpretada por Rússia como signo de debilidade e desistência que a UE nom se pode permitir..".
Estamos pois na defesa preventiva pola guerra da Europa culta e da Alemanha ou a Suécia como baluartes do nosso Ocidente civilizado face as sinistras hordas russo-asiáticas ...
Bom, nisto Facal semelha recuncar num mantra mui repetido por certa inteletualidade orgánica de certos régimes cara os anos 30 e 40 do século passado. Nom eram precisamente os mais democráticos e progressistas. Como ele decerto bem sabe.
Em contraste com as prévias apostas de Facal para umha saída negociada, plurinacional e confederal aos conflitos nacionais no Reino de Espanha como quando diz neste mesmo meio em 2018:
"Do conflito, ficam presos e exilados que os democratas contemplamos desolados, incapazes de mediar entre a contínua provocaçom dos cruzados da España eterna e os diligentes artífices da Catalunha milenária".
Mais deste o seu matizado, construtivo e nom unilateralista vieiro intermédio para o encaixe democrático da Catalunya, Euskal Herria e da Galiza numha Península e numha Europa federativa semelha estar a confluir agora infelizmente na Ucrânia com a postura do seu caro Foreign Office, da NATO e da CE pouco amiga de terceiras vias.
Lembramos, já umha tríade que daquela fora aberta e radicalmente pro-espanholista e punitivista do pacífico protesto catalám. E que ficaram posicionadas já de inicio e sem reparos com o governo de Madrid e o seu 155, que deram a calada, mália as críticas de vários Estados membros, a respeito dos abusos dos piolins face idosos e adolescentes nas ruas de Barcelona ou nas vilas de Girona durante o 1 de Outubro. As mesmas altas instáncias que também convidaram Felipe VI em cimeiras de relevo enquanto se ordena a prisom preventiva do Govern legitimo da Generalitat. Onde as fantasiosas montagens mediáticas e o lawfare da "trama russa" já serviram entom ao Deep State Ñ e aos alto faltantes ultras da meseta para reprimir e intoxicar contra o movimento independentista catalám, que quase até o paroxismo foi pacífico, pro Maidan e quase sempre entusiásticamente europeista.
Onde fica entom o direito a nom serem eliminados dos nossos povos dominados sob a tutela da UE e a NATO?
Porque entom é que galegos e galegas devemos morrer nas estepas do Leste por mor dum possível incidente na fronteira da Letónia?
Temos seica que nos arriscar a que Ferrol, Compostela ou Marim sejam volatilizadas umha noite em nome da integridade territorial do regime de Kiev quando a mesma OTAN que Facal agora defende com a fé do converso nos nega os nossos mínimos direitos nacionais e democráticos como povo?
Bem sabemos que Madrid nom age nem vai agir "civicamente" no porvir perante umha nova demanda de soberania dos nossos povos como fez Londres na Escócia em 2014. E como tampouco tentou nunca agir o regime ultranacionalista do Maidan perante os povos da Crimeia ou do Donbass, nem das minorias rutena e húngara da Transcarpatia.
Contodo, o nosso Facal sempre tam equilibradamente anglófilo dentro do seu espírito europeista, demócrata, social e federalista cívico nom deixa, aliás, de amostrar o seu role seguidista dos setores mais globalistas e supremacistas no establishment e na City, grupos politicos e financieros de sempre decididos a tutelar a vida da UE para o proveito único dos grandes lobbies atlantistas, e sempre a demandarem ficar cum pé dentro e outro em Washington numha sorte de chantagem e tutela permanente dos demais sócios do Continente:
"Sem os británicos Europa é menos, com eles dentro a construçom europeia continuará sendo desafiada por um país educado na insularidade que o comboio do Canal tornou definitivamente quimérica. Contodo, eu voto sem reservas por acondicionar-lhes um quarto principal a este lado do Canal, com discreta saída à rua como eles gostam para preservarem a privacidade".
Eis o que apontava também aqui já em 2019.
Seguimos agora com a defesa que aponta Facal da democracia face os governos ultras. Neste mesmo ano 2019 e mui legitimamente assina o nosso autor um manifesto contra o golpismo de Añez na Bolívia o que, decerto, contrasta com a sua deriva defensora da guerra até a fim na Ucrânia apenas 5 anos depois, seguindo acríticamente nisto a linha ultra maidanista e otanista do presidente ultracatólico revanchista polaco Duda e dos setores banderistas fanáticos em Lviv.
Básicamente, para muitos de Nós o paralelismo entre o derrocamento dos governos legítimos de Evo Morales em novembro de 2019 por mor duns comícios contestados e o de Viktor Yanukovich em fevereiro de 2014 por mor dum trasacordo perante um Tratado comercial com a UE som mui semelhantes na sua génese e no seu desenvolvimento. Ambos fôrom golpes de Estado para controlar polas trasnacionais ocidentais uns territórios geoestratégicamente de primeira ordem, os dous fôrom disfarçados de revoltas populares, fôrom dirigidos ou manipulados pola extrema direita local e com o suporte de setores escuros no aparelho policial e militar local, que logo reprimem sangrentamente aos antigos setores no poder, indígenas quechuas e aymaras e progressistas crioulos ou russofonos e neutralistas ucranianos.
Ambos os dous processos golpistas fôrom convenientemente apoiados primeiro e legitimados logo pola UE e os USA. Em 2019 Joám Lopes Facal denunciara corretamente o que se agocha trás do golpismo de Añez e da oligarquia terratenente branca de Santa Cruz com apoio de Elon Musk. Mas surpreendentemente agora defende o resultado trágico da chegada violenta ao poder dos oligarcas proUE de Poroshenko dez anos depois. Apoiados, aliás, como toda a imprensa sería confirmara daquela pola ultradireita de Pravy Sektor e os grupos neonazistas como o Batalhom Azov como tropas de choque.
E porque nom denuncia como convencido demócrata a nom convocatória eleitoral por Zelensky, e também demanda justas garantias para os opositores e partidários de um armisticio ou de um Estado plurinacional e multiétnico aló?
Sobretodo quando Zelensky já devera ter chamado o seu povo a legitimar o seu Plano da Vitória nas urnas este ano, agindo assim constitucionalmente, o que também um Abraham Lincoln fez em 1864 no Norte dos USA, ainda luitando uns estados contra doutros no meio dumha guerra civil sangrenta.
Mas agora seica chegou sem decatar-nos a estreia inexorável da temporada final da série "Salvemos o Jardim de Blackrock", que promete ser tam emocionante como espeluznante.
Os créditos dos primeiros passes som anunciados nas terminais mediáticas, para serem assumidas e racionalizadas polas opinions públicas da mao dos inteletuais orgánicos da OTAN. Desde Bernard Henry Levy a Timothy Garton Ash vemos nestes tempos em artigos, tertulias e propostas, como umha patuleia de agentes sistémicos apostan claramente pola terapia de shock disciplinaria e militarizada da inteira vida institucional, económica e social da Europa, apresentando este horizonte como único vieiro para voltar a salvar a UE da selva bárbara onde moram os seus inimigos externos e internos de esquerda ou direita.
O seu idolatrado Garton Ash "propugna o imediato ingresso da Ucrânia na OTAN para poder ativar o artigo 5 da Aliança que desafie os poderosos mísseis balísticos com que Rússia pretende amedrontar os aliados".
E para favorecer isto nada melhor do que factos consumados: A Ucrânia em plena devastaçom militar no Donbass e na quase bancarrota financiera e desfeita energética, Estado descomposto que nom tem sequer presidente constitucionalmente legítimo desde maio, ateigado de milícias neonazis, com seus generais e altos funcionarios corruptos envolvidos em contrabando de armas, de órgaos e ventres de alugueiro, cheia de mercenários e traficantes vindos de meio mundo, e seica semelhante regime justamente agora decide fechar o último gasoduto que fornece algo de gás acessível à economia industrial da Europa Central.
Agora que vemos a indústria automovilistica alemá em crise quase terminal com 35.000 despedimentos nas portas, e já sabemos tristemente a onde conduce devastar o cerne económico da UE como nos anos 30. Enquanto o querido amigo dos supostos "patriotas da Europa" Donald Trump reclama aumentar exponencialmente a compra de gás e petróleo (muito mais caro e dependente do mui ecológico e resiliente Fracking) aos fornecedores dos USA.
Além de reclamar o investimento dos Estados membros em armas até atingir 5% do PIB para manter o negócio do Deep State, o proveito do seu Complexo Militar Industrial, e das tecnológicas da CIA como Palantir do sinistro Peter Thiel.
Seguramente o plano de investimentos de Wall Street nestes anos será poupar vidas de rapazes loiros de Iowa ou estudantes judeus de Brooklyn nas estepas do Leste, substituidos se calhar com o massivo sacrifício dos nossos pais, irmaos, filhos ou sobrinhos de classes populares desde Varsóvia até Lisboa.
O plano de negócio resulta perfeito. E por isto, e por enquanto uns seica "soberanistas" tentam enganar o Kremlin numha nova armadilha diplomática face um armistício ao estilo dos prévios acordos incumpridos de Minsk, outro setor da inteletualidade mediática e da casta política euroatlantista globalista com destaque no UK, quer despregar aginha tropas en Lviv ou Kiev, como se for o Vietnam do Sul dos ‘60.
Posto que saltar os procedimentos habituais de consenso para integrarem polas bravas e desde já o regime mafioso de Zelensky dentro das estruturas atlantistas, nom vai ser doado com o veto de vários Estados, o melhor seria acelerar a escalada de facto com atentados recorrentes em Moscovo, Storm Shadow e ATACMS contra povoaçons inocentes em Kursk ou Belgorod ou sabotagens em alta mar, todo isto seica com a nobre proposta de acadar a maneira de “ativar o artigo 5 da OTAN” porque “Putin só entende esta linguagem”.
Todos estes parágrafos acima citados som mais que suficientes para determinar a deriva militarista e o role abertamente propagandístico de Joám Lopes Facal em prol da III Guerra Mundial e dos interesses da City decadente e dos lobbies armamentísticos de Bruxelas na Galiza, aproveitando o seu peso inteletual no mundo da nossa esquerda nacional, agindo de motu próprio ou sob encomenda de certos think tanks militaristas e globalistas do Deep State atlantista com a mente em Londres e Bruxelas, e os seus tentáculos a se expandir pola Península e as diversas Fisterras Atlánticas.