La Voz, mentiras e sondagens

Enquisa de Sondaxe para as circunscricións galegas publicada a comezos de outubro CC-BY-SA Electograph

Pode-se escrever uma cheia de volumes sobre exemplos de manipulação de La Voz de Galicia, muitos deles baseados em meias verdades ou enviesamentos ideológicos. No entanto, é mais difícil encontrar manipulações baseadas em dados falsos, pois isso é má praxis jornalística e censurável por parte das associações de jornalistas. O que vou contar, na minha opinião, entra dentro desta última categoria. Mas antes de começar a enumerar os feitos, não podo deixar de dizer o que penso do nosso jornal de referência na Galiza. Como muita outra gente, há vários lustros que fago um boicote caseiro a esse jornal (entre outros). Evito abrir as ligações que me enviam e não o toco nos bares, excepto, se a notícia é sobre algum dos meus vícios, nomeadamente estudos sobre dados climatológicos ou inquéritos eleitorais. Nesses casos, a minha ética sofre um profundo debalo e não consigo deixar de abrir a ligação. O grande perigo de La Voz não é que a sua orientação ideológica se situe ao nível de La Razón, senão que a gente do país tem a sensação de que é um jornal sem uma ideologia clara, nem de esquerdas nem de direitas. Isso é o que lhe permite manipular a grande escala. O público de La Razón é muito menos heterogéneo, pois ninguém tem dúvidas sobre a sua ideologia. Além disso, La Voz é o quarto jornal em papel do Estado em números absolutos, muito por riba de La Razón, que não tem presença na Galiza. Bem, depois desta longa introdução com uma boa carga ideológica, imos aos feitos (sem ligações às notícias).

La Voz anunciou que En Marea estava à beira de um escanho em Pontevedra (6%) três semanas antes das eleições. No entanto, nas últimas sondagens publicadas, colocaram a esse partido com um 1% dos votos

Na primeira sondagem para as eleições do 10N, publicada por La Voz de Galicia, em finais de setembro, aparece resumida com o cabeçalho: "Errejón dinamita el congreso". Nesse inquérito eleitoral, Más País, o partido de Íñigo Errejón conseguia até 23 escanhos em todo o Estado e 1 na Galiza.

Posteriormente, o 11 de outubro, na primeira sondagem só para a Galiza, Más País situa-se como o terceiro partido com mais do 10% de votos e 2 escanhos (e até mesmo chega a ter o 15% na provicia da Corunha). Este é um excerto extraído da notícia: "Como principal novedad, Más País, el partido que lidera Íñigo Errejón, consolida su espectacular arranque de la semana pasada y lograría representación en las dos provincias atlánticas con un 10,5 % de los votos". 

E agora vem o extraordinário. Na última sondagem, há três dias, Más País obtém só o 0,7% e 0 escanhos. Passaram de 10,5% para 0,7% em três semanas, sem que nada extraordinário acontecesse! Excepto que todos os potenciais votantes fugiram aterrorizados quando souberam que voltava Carolina Bescansa. Isto último é retranca. 

Para manter o prestígio, publicam os resultados corretos nos últimos dias, embora um mês antes podam jogar com alguns dados para permitir que os jornais que as sub-contratam fagam todo tipo de maldades

Em paralelo, o jornal eldiario.es está a investigar estes dias a campanha suja de assessores do PP que inclui, entre outras cousas, sobre-estimar a Más País e Errejón com o objectivo de dividir e desmotivar o voto da esquerda estatal. É coincidência ou é uma estratégia conjunta entre PP e La Voz?

Fizeram a mesma cousa, mas mais disfarçados, com En Marea nas últimas eleições. La Voz anunciou que En Marea estava à beira de um escanho em Pontevedra (6%) três semanas antes das eleições. No entanto, nas últimas sondagens publicadas, colocaram a esse partido com um 1% dos votos, que foi o que realmente aconteceu. O objectivo daquela era dividir o voto do BNG. De feito, eu próprio duvidava entre BNG e Em Marea e mesmo aconselhei a gente em Pontevedra de votar a este último pois estava mais perto da representação. Nessa altura, não sabia que tudo era mentira e engano.

O método (exaltando o partido de Íñigo Errejón) coincide com a campanha suja do PP. Parecem estar coordenados. É ninguém fala disto nos meios de comunicação. Ninguém levanta a voz contra o amo

Sondaxe é a empresa que fai os inquéritos para La Voz de Galicia. É uma empresa de prestígio que tem uma precisão alta no âmbito galego. Costuma achegar-se bastante aos resultados reais. Há que tomar em conta que os rankings de qualidade destas empresas só se fam a partir das últimas predições antes das eleições. Para manter o prestígio, publicam os resultados corretos nos últimos dias, embora um mês antes podam jogar com alguns dados para permitir que os jornais que as sub-contratam fagam todo tipo de maldades. Todas lembramos o que fazia Metroscopia e El País para inchar o balão de Ciudadanos. 

Mas desta vez, a manipulação de La Voz com Más País foi muito grosseira. Nunca tinham atravessado a barreira do estatisticamente possível. De feito, passar de 10,5 a 0,7 em poucos dias é sociologicamente impossível ou é um erro grave de amostragem. Como La Voz e Sondaxe não se desculparam polo erro, temos que inferir que é manipulação. E o que é mais assustador: o método (exaltando o partido de Íñigo Errejón) coincide com a campanha suja do PP. Parecem estar coordenados. É ninguém fala disto nos meios de comunicação. Ninguém levanta a voz contra o amo.

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