“A fala da Galiza, o português de Portugal, o português de Brasil, e os outros português dos distintos territórios lusófonos formam um único diassistema lingüístico, conhecido entre nós popularmente como galego e internacionalmente como português”. [Ricardo Carvalho Calero]
Mais um ano vemo-nos na obriga de defender o nosso idioma perante a dramática situaçom na que se acha a língua da Galiza, o galego. Defender o galego como o que é, um idioma internacional. Nom é umha língua que só se emprega dentro das fronteiras da Galiza.
Quarenta anos de acordos normativos e ortográficos, redigidos desde o isolacionismo e impulsionados desde o poder político espanhol, onde tivérom no ILG, entidade estremamente setária e anti-reintegracionista, o seu máximo representante.
Após quarenta anos da imposiçom do modelo lingüístico-cultural isolacionista, os dados objetivos falam de umha grave deterioraçom do idioma e dos seus respetivos falantes. A imposiçom de um modelo lingüístico e cultural a partir do espanhol nom serviu nem serve para favorecer a implantaçom do galego nem a identificaçom do nosso povo com o mesmo. Ao contrário, cada vez mais galegos e galegas se instalam na espanholidade. Enquanto sigam pondo límites ao galego como língua internacional, caminharemos inexoravelmente cara ao nosso suicídio como povo com cultura e língua milenária.
A dia de hoje, observamos o confronto entre duas cosmovisons completamente antagónicas: a progressiva assimilaçom ao projeto nacional espanhol ou a construçom de um projeto nacional próprio. Neste confronto, a sociedade galega tem que pôr todos os meios para umha planificaçom da normalizaçom do idioma em todos os ámbitos, e o rol das forças sociais e políticas comprometidas com a Naçom galega deve ser determinante.
É necessário traçar umha clara linha divisória com o projeto cultural espanhol para reforçarmos o projeto de soberania cultural e recuperarmos a memória e identidade históricas. Para isso, achamos que tornarmos o reintegracionismo em ferramenta normalizadora é de primeira necessidade, confluirmos com o tronco comum com o resto de países do mundo que usam o galego-português. O reintegracionismo defende que o hoje em dia definido como galego fai parte de um único diassistema lingüístico, conhecido internacionalmente como português. A fala da Galiza, o português de Portugal, do Brasil, e os outros português, som variantes de umha mesma língua. O reintegracionismo nom quer que mudes o galego que falas para falar português, senom que o galego que estás a falar agora mesmo, sem mudar absolutamente nada, é a mesma língua que falam no Porto ou no Rio de Janeiro, cada umha com as suas variantes lógicas e normais.
As cousas claras. Nom funciona o modelo “normalizador” institucional pactuado entre todas as forças com representaçom no Parlamento Autonómico. A estratégia do nacionalismo galego no ámbito político e social nom tem dado resultados tangíveis nestas quatro décadas. O trágico balanço é de perda progressiva de galegofalantes e paulatina espanholizaçom da sociedade galega, especialmente entre a juventude e o povo trabalhador.
Cada dia que passa, está mais claro que o reintegracionismo é a única possibilidade de evitarmos a hibridaçom à qual o nosso idioma está submetido pola abafante influência do espanhol. Pola experiência de muitos centros sociais e associaçons culturais espalhadas por todo o nosso país (que lográrom tecer umha ampla rede na defesa do galego internacional), afirmamos que o reintegracionismo é a única hipótese de alargar o número de falantes, de recuperar o seu uso, de prestigiar o galego, de depurá-lo da intoxicaçom e crioulizaçom que padecemos a comunidade galego-falante pola contaminaçom léxica, fonética, morfosintática do espanhol.
O facto de tornar-se reintegracionista fai que muita gente se preocupe pola suposta “perda da galeguidade”. Porém, achamos que ganhamos em consciência nacional e que o reintegracionismo luita pola conservaçom da nossa língua e do nosso povo.
A recuperaçom do galego por parte do povo trabalhador está indissoluvelmente ligado à conquista da independência nacional para recuperarmos a soberania. Só um Estado galego plenamente independente e soberano poderá normalizar o galego como a língua nacional da Galiza e de fazer frente às agressons do projeto espanhol na sua estratégia de se instalar de vez na nossa terra.
Um amplo movimento popular de base em todos os ámbitos e espaços sociais, fundamentado na defesa intransigente do reintegracionismo lingüístico e do monolingüismo social, logrará evitarmos o que Espanha e a UE tenhem traçado para aniquilar a língua e cultura do país dos castros e mil rios.